Ana Bela, vinte e nove anos, limpava o batom que um dos seus clientes cismou de espalhá-lo pelo seu rosto com a boca bafejada de fumo e bebida. Ela gemia de asco, ele sorridente pensava que Ana Bela gozava com suas manobras.
Enfim, a remuneração pelo serviço prestado, o banho final daquela sessão, a despedida com um sorriso amarelo da mulher enfadada.
Ana Bela se recolhe enquanto aguarda o próximo.
Toda uma tristeza se estampava no seu rosto, mas ninguém notava. Em seu leito, um corpo nu e desalmado desfrutava o preço de um prazer.
Todas as mulheres evitavam a sua companhia, os homens, à noitinha entre palavrões, procuravam o seu amor. Mas ninguém sabia a sua história nem precisava entender. Pouco importava a sua existência, pouco valia o seu viver.
Essa mulher não pode mais parar, nasceu para ser assim. Seu dia a dia é cama, corpo nu, obscenidade.
Essa mulher não pode mais parar. Será?
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