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Contos-->Lendas da Tia Jaci -- 03/03/2011 - 21:13 (Luciana do Rocio Mallon) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lendas da Tia Jaci

Reza a lenda que meu bisavô materno, Eugênio, antes de se casar com minha bisavó engravidou uma moça de comunidade de baixa renda que mexia com a baixa magia. Então ao saber da gravidez, ele se recusou a assumir a criança. Deste jeito a mulher abandonada disse:
- Como vingança, rogarei uma praga em você:
- Todos os filhos que você tiver nascerão com algum tipo de doença!
Meu bisavô não deu bola para aquelas palavras e seguiu com sua vida. O problema é que todos os seus filhos tiveram doenças físicas ou psicológicas, dentre eles havia a minha tia-avó Jaci.
Quando eu tinha cinco anos, sempre quando algum parente estava falando desta pessoa e eu me aproximava, todos ficavam quietos e eu não sabia o porquê.
Nas minhas férias escolares eu costumava visitar muito a minha avó e ao lado da casa dela, existia um pequeno castelo onde morava uma senhora que usava o apelido de: Agadelha. Esta mulher ela muito misteriosa, pois usava perucas diferentes, pintava quadros e residia naquele palacete de filme de terror.
Um certo dia, já aos onze anos de idade, eu estava brincando no jardim da casa da minha avó, quando dona Agadelha aproximou-se de mim e falou:
- Você é louca...
- Você é louca igual a sua Tia Jaci.
- Mas não é uma loucura qualquer porque é um autismo muito leve, suave até demais...
Então perguntei:
- Afinal, quem é esta famosa parenta minha?
Agadelha respondeu:
- Jaci era linda: pele branca bem diferente dos irmãos que eram morenos, grandes olhos verdes, cabelos enrolados e boca em forma de coração. Seu maior sonho era ser freira. Mas como seu bisavô era ateu, proibiu esta filha de morar num convento. Desta maneira ela enlouqueceu, passou a costurar roupa de freira para usar na rua e a rezar na casa das pessoas. Tem gente que até diz que ela fazia milagres. Depois que esta pobre moça morreu, algumas pessoas passaram a colocar no túmulo dela, placas com os seguintes dizeres: “Agradeço pela graça alcançada”. Porém, o seu bisavô e outros parentes sempre arrancavam estes cartazes de lá. Esta donzela chegou a ser internada em hospitais psiquiátricos e morreu de tanto fazer regimes, que ela chamava de penitências, pois pensava que assim iria para o céu. A Jaci fazia jus ao nome dela que significa Lua em tupi-guarani.
Naquele instante minha avó me chamou para tomar o lanche. Deste jeito aproveitei a oportunidade para perguntar a ela, se aquela história da tia Jaci era verdadeira e minha avó confirmou tudo.
Mas algo me chamava mais atenção, naquele momento, do que esta lenda da Tia Jaci: era o castelo de Agadelha. No dia seguinte, eu estava brincando de caçador-queimada com as minhas amigas na frente do palacete de Agadelha. Quando, de repente, a bola caiu para dentro do casarão. Bati palmas, mas ninguém atendeu. Então entrei no palacete. Até que cheguei dentro dos quartos dos fundos, onde existiam quadros muito estranhos que retratavam: pessoas sem cabeças, monstros e demônios. Eu estava observando um daqueles retratos misteriosos, que era de uma moça branca de olhos verdes com um gato negro no colo quando, de repente, senti uma mão gelada no meu ombro, olhei para trás e vi Agadelha com a bola na mão dizendo:
- Cuidado para não se perder dentro dos meus quadros que são de outro mundo.
- Aproveite a sua vida logo, pois o seu destino será igual ao da sua tia Jaci.
Deste jeito, sai correndo e voltei para rua junto das minhas colegas.
Aos quatorze anos, no Dia de Finados, fui com meus parentes no túmulo onde estavam enterrados vários parentes. Lá vi uma foto de uma moça semelhante a jovem do quadro que havia no castelo de Agadelha. Então perguntei para minha avó:
- Quem é esta moça do retrato?
Ela respondeu:
- É a Jaci.
Alguns anos se passaram e, quando eu estava com trinta e cinco anos de idade, minha madrinha revelou que a minha tia-avó Jaci morreu no mesmo dia em que eu nasci. Aos trinta e seis anos, descobri que tenho um problema neurológico chamado Síndrome de Asperger, que é uma espécie de autismo leve, assim observei o porquê eu tinha tanta dificuldade para aprender e lendo artigos científicos sobre o assunto descobri que era possível Jaci ter o mesmo problema.
Seria tudo isto coincidência?
Luciana do Rocio Mallon











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