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cronicas-->Memórias de uma sonàmbula - Salva por uma andorinha -- 15/12/2000 - 17:01 (Cláudia Azevedo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Mais uma noite sozinha. Minha cama vazia, sem o aconchego e a segurança da presença do meu marido. Estávamos longe há dias por causa de uma de suas viagens de trabalho.

Resolvi assistir televisão até mais tarde, assim, quem sabe o sono apareceria... Abri as janelas do apartamento, pois fazia muito calor e enfim adormeci.

O que ficou registrado em minhas lembranças é um pouco confuso. Uma espécie de mistura de realidade e sonho. Coisas que só os sonàmbulos conseguem entender.

Eu sempre sonambulei. Desde criança, andava pela casa, conversava, ria, fazia uma infinidade de coisas dormindo. Isso nunca me assustou até passar por essa última experiência.

Acordei no corredor do meu apartamento, tentando pegar uma andorinha que, em estado de letargia, fugia aflita sem compreender nada. Eu também não compreendia nada do que estava acontecendo.

Peguei a andorinha com cuidado, aconchegando-a em minhas mãos, enquanto tentava acalmá-la, ou acalmar-me. Como aquilo aconteceu? Estava pensando, quando comecei a me lembrar de tudo, como quem se recorda de um sonho.

O meu carro havia sido roubado há poucos dias e eu estava me recuperando do choque causado por esse incidente. Resolvi esquecer tudo e perder as esperanças de encontrar o veículo, assim não sofreria tanto se ele não aparecesse mais. De repente ouvi alguém me chamar lá embaixo, dizendo que o meu carro havia sido recuperado.

Rapidamente subi na cabeceira da minha cama e fiquei quase dependurada na janela , me equilibrando para não cair. Olhei lá para baixo e vi que não havia ninguém. Encurvei-me ainda mais, para tentar ver quem me chamava, quando, de repente, avistei uma andorinha dormindo na minha janela.

Que lindo! Uma andorinha dormindo, bem ali na minha janela! Senti a brisa fria da noite no meu rosto enquanto apanhava a pequena e indefesa andorinha em minhas mãos. Lembro-me que naquele momento eu me sentia como uma criança, descobrindo o mundo animal e toda a sua beleza.

Desci da arcada da janela com cuidado, e só me lembro do que aconteceu depois que despertei.

Fiquei um tanto quanto assustada ao me dar conta do perigo pelo qual acabara de passar. Afinal, estava lá em cima, debruçada na janela do sexto andar. Qualquer desequilíbrio teria sido fatal. Percebi o quanto eu era pequena diante da situação, e talvez mais indefesa do que aquele pássaro.

Então, ainda meio zonza pelo sono, olhei para aquela criaturazinha que me salvara a vida. Sorri agradecida a Deus pela sua existência. Tomei-a na minhas mãos com carinho, e a deixei voar pela janela.

Aquela foi a minha última crise de sonàmbula. Mas por via das dúvidas, hoje há telas em minhas janelas.

Dez/2000
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