Deixo sobre o papel
Uma história viva
Que se perde em minhas
Passagens secretas,
Em caminhos que tento,
Desenfreadamente, não abrir.
Em cada capítulo não escrito
Um ritmo silencioso
Entrega-se ao verso desfeito,
Desfigurado pelo tempo,
Acostumado a não existir.
Por mais que tente,
Essa sopa de letras mortas
Avança sem desejos
Pelos estreitos becos
Do Jardim das Saudades.
Promessas quebradas,
Sigo texto abaixo
Construindo espaços vagos.
Verso após verso,
Deixo sobre o papel
A vida que não vivi,
O vício não declarado,
A dúvida que não tirei,
O amor que não compreendi,
Deixo no papel aberto
O resto que ficou de nós.
Papel Aberto
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