A carreira das armas está sedimentada em diversos valores, os quais muitas vezes passam ao largo do praticado na vida civil, notadamente no meio político. A ética é algo extremamente sagrado para aqueles que um dia juraram colocar suas vidas a serviço da pátria. Ela, a ética, compreende aspectos ligados à honra pessoal, ao pundonor militar, à dedicação ao serviço da Nação e ao amor à profissão. Um civil que assume cargo ligado ás Forças Armadas tem de levar em conta essa realidade.
Em nosso arcabouço constitucional, o Presidente da República é o Comandante das Forças Armadas e como tal deve se comportar, pois desde os primórdios de nossa formação sabemos que o exemplo e o conhecimento profissional são as fontes da liderança.
Ao longo dos últimos anos temos visto nosso Comandante enredado em uma teia de corrupção e mentiras, onde a ética, sob todas as formas, foi lançada ao lixo. Nos EUA, Presidentes renunciam ao serem capturados mentindo, pois lá, como aqui, tal fato é inadmissível para quem exerce tão elevado cargo. Nixon caiu assim e Clinton, para safar-se. inventou uma nova categoria de relacionamento sexual. Cumpre destacar que o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE) considera, no número um de seu Anexo 1, transgressão disciplinar faltar com a verdade.
O recente caso do "dossiê Serra" é mais um dos muitos que batem à porta do Comandante, isso sem falar dos milhões sugados no "valerioduto" e, para falar de algo "menor", os onze milhões empregados nas cartilhas "Conceição", recursos que serviriam para deixar as Forças Armadas em uma situação muito mais operacional.
O novo RDE consagrou os chamados direitos ao contraditório e à ampla defesa, contudo os mesmos sempre fizeram parte de nossa instituição e eram conhecidos como a "hora do pato". Creio firmemente que a "hora do pato" do Comandante será o 01 Out, onde ele terá de explicar suas constantes faltas para com a verdade e a conclusão será: TRANSGRESSÃO GRAVE.