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Cronicas-->Seria cómico se não fosse trágico -- 21/09/2006 - 18:39 (Maria Augusta Camargo Schimidt) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cronicas da Vida Real
Augusta Schimidt

"Seria cómico se não fosse trágico"

Quem já leu Cronicas da Vida Real vai se lembrar da Mariazinha professora.
Pois é, a pobre ficou doente, do corpo e da alma. Perdeu seu emprego e durante este ano todo ficou sem aulas, sem aluno, sem identidade. Ficou na luta da busca, mas sem resultado. E agora, já na reta final do ano letivo, sem alegria e sem esperanças, contraiu uma doença, difícil de curar, difícil de aceitar. Além da dor e do inchaço ainda teve que pagar um mico pra arrematar com chave de ouro, o ano que não foi nada promissor.
Seria "cómico se não fosse trágico" o que ontem ela viveu. Depois de alguns dias travada, de perna esquerda inchada, muitas dores e impaciência, Mariazinha tomou coragem e saiu atrás de uma providencia. Foi ao Posto de Saúde, perto de sua residência.
Chegando lá teve que responder um questionário para a enfermeira chefe do local, pois não havia agendado a tal consulta fatal.
Depois de querer saber o porquê da emergência a enfermeira finalmente pós a mão na consciência e mandou Mariazinha se sentar e aguardar.
Quando chegou sua vez, entrou no consultório, devagar e toda torta, afinal ficou ali sentada por uma hora e quarenta e cinco minutos num banco de cimento, o que só fez aumentar o seu tormento.
Pobre Mariazinha, além de professora, pobre... Que mais lhe restava?
Já dentro do consultório, foi recebida assim:
- Olá dona Maria, como vai?
_ Mal doutor, estou travada e com muita dor.
_ Poxa, mas não me parece tão mal assim, pois com toda essa gordura, até me parece muito bem!
Vou agendar com a nutricionista que vai lhe fazer bem, seu mal é de comer muito, tudo que lhe convém. Você precisa é parar, de tomar refrigerantes, cerveja e doces na sobremesa. Escute o meu conselho que se dará muito bem.
_ Mas doutor! Estou aqui com muitas dores!
_ Sua dor é da banha que carrega! Veja seu tamanho incompatível com seu peso, seu problema é o de todo ser obeso.
Nessa altura, Mariazinha com o rosto carregado de ira e vergonha sentiu-se o próprio monstro pré-histórico saído dos livros de história diretamente para a trágica missão de assombrar os médicos da cidade grande.
Abalada a professora ainda tentou argumentar que só estava ali para de suas dores se livrar.
E ele, o médico monstro, não se dando por satisfeito com o verdadeiro estrago que havia feito completou:
_ Não há doença no mundo que provoque tal peso a não ser a comilança, por isso trate de fechar a boca e subir na balança.
Infeliz... mal sabe ele que Mariazinha nunca em sua vida colocou uma gota de refrigerante e cerveja na boca. Ela nunca gostou dessas coisas e certamente ele também não sabe que quem não tem emprego e salário, não tem direito sequer de uma alimentação salutar. Ela que se dê por feliz em poder se alimentar...
E como se não bastasse todo esse entrevero, o malvado encerrou a consulta com um discurso insolente mandando que Mariazinha já que não sabe comer, que aprenda ao menos votar, indo às urnas eleger alguém que sabe como trabalhar.
_ Vote certo, vote bem, eleja o Serra que ao menos ele tem categoria para saber o que lhe faz bem. Tem experiência, sabe o que é bom, tem raízes e vai ajudar a saúde. E você está precisando de alguém que lhe ajude.
Mariazinha se levantou e antes que pudesse sair, o medito acrescentou:
_ Espere que vou pedir uns exames. Quem é gordo porque come muito precisa ver o colesterol então vou fazer o pedido para que não diga que fui negligente.
_ Você fará os exames ou será resistente?
_ Não sei doutor, vou pensar. Afinal não sei se me deixarei espetar, pois talvez nem valha a pena, afinal o senhor já deu a sentença juntamente com a condenação, então de que adianta mais este sermão?
Será que o senhor seria capaz de interpretar o resultado dos exames em questão? Quem acha que a obesidade ataca de um lado só, não pode saber entender um laudo que requer precisão. Ele requer sabedoria e não adivinhação! E conhecedora de sua opinião com certeza terei duvidas quanto a sua avaliação.
E sem mais conversa, Mariazinha se retirou com grande dor no coração, pois não sabia se ria ou chorava diante de tal situação.

Campinas/21/09/06 - 14.20h


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