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cronicas-->Longevidade -- 10/01/2000 - 21:24 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Zeca Diabo trabalhava na Globo antigamente e era um bandido muito temido pela fama passada mas que na realidade já tinha se regenerado, a despeito das tentações que lhe atormentavam quando era contrariado. Seu sonho era ser alfabetizado e ele estava sempre soletrando algo, não sem muita dificuldade. Era como se diz, muito respeitador e, sobretudo, filho devotado de sua santa mãezinha, como ele mesmo a ela se referia. Seu nome na verdade era José Tranquilino. Pela tal mãezinha, ele fazia qualquer coisa, em especial, juramentos para assegurar suas boas intenções. Pena que a Globo o tenha demitido. Dizem que foi porque ele já não queria viver no interior e teria ido para cidade, mudado de nome e se tornado um industrial importante. Não sei.

O leitor mais jovem poderá estranhar que pessoas da idade do Zeca Diabo tenham mãe mas, se lhes resta alguma ilusão, a desfaço agora. Ninguém nasce de repolhos. Todos temos ou tivemos mães, do mesmo jeito que os leitores. Há é claro algumas exceções, a maioria no futebol. É o caso de juizes e técnicos de seleção, mas são apenas exceções.

Pois, observando minha santa mãezinha confirmo o lugar comum de que o segredo da longevidade está na combinação entre um cálice de vinho diário e o exercício físico moderado. Dois lances de escada, por exemplo. Melhor, dois, três, andares.

Durante mais de vinte anos, Francisca, minha santa e querida mãezinha morou num prédio de três andares, sem elevador. Morava no terceiro andar e pelo menos uma vez ao dia, descia para alguma atividade ao nível do solo. Uma compra, um passeio ou uma simples caminhada nas redondezas. Se necessário, descia mais vezes, mas em geral descia uma vez ao dia. Ela já não mora lá, mas continua saudável.

Quanto ao vinho, já tem bem mais de vinte anos que ela, religiosamente, bebe seu cálice diário, no almoço. Não chega a ser o melhor vinho do mundo. Mas é vinho tinto como convém.

De minha parte, entendo que ela é sábia e por isso tem a idade que tem. Não posso portanto deixar de seguir seu exemplo.

E a hora é agora! Não há motivo para esperar.

Iniciei negociações com meu médico no sentido de estender o benefício do cálice de vinho semanal para todo o dia. Não está muito fácil porque ele não está muito interessado na longevidade de minha santa mãezinha e continua achando que, no meu caso específico, um cálice por semana já é de bom tamanho. Mas negociar é ceder e muito em breve haveremos de firmar um acordo mais de acordo com o preconizado pela experiência.

Quanto ao exercício físico, a hora não poderia ser melhor, uma vez que estou trabalhando em um prédio de 15 andares. Felizmente meu escritório é no segundo e, considerando que há sobreloja, estou no terceiro andar. Vejam só que feliz coincidência. Nada mais oportuno, as coisas se encaixam e já me sinto a caminho dos cento e cinquenta anos - Juliana que me perdoe. As coisas se encaixam mesmo, pois já no primeiro dia, sem lembrar destes fatos, me senti compelido a usar as escadas. Algo me dizia que a escada era o melhor caminho.

Foi tudo muito natural, não havia como contestar e até hoje mantenho o saudável hábito: ao sair, religiosamente, desço os três andares, sem nenhuma dificuldade ou pesar.


Escrito em 10.12.1999
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