Na Idade Antiga, numa simples aldeia, havia um casal de noivos muito feliz: Célia e Pedro. Os dois namoravam desde criança, apesar de Célia ter fama de possuir poderes sobrenaturais. Um certo dia, uma caravana de ciganos montou acampamento na floresta desta vila. Na mesma tarde os ciganos desfilaram na aldeia com dança e música para anunciar a estréia do circo deles.
O casal de noivos assistiu a parada. Porém Pedro apaixonou-se por uma bela jovem cigana. Depois da apresentação circense, este rapaz entrou na tenda da linda jovem, se apresentou e descobriu que ela chamava-se Maria Luzia. Depois de algum tempo este moço e a cigana passaram a namorar às escondidas.
Antes do acampamento partir Pedro desmanchou o noivado com Célia e explicou que estava apaixonado pela cigana. Então, a ex-noiva exclamou:
- Você não pode fazer isto comigo!
- Rogarei uma praga:
- Você morrerá no dia deste casamento e Maria Luzia tentará se casar sete vezes e em todas estes vezes o noivo falecerá na porta da igreja!
A cigana fugiu para a casa de dona Dalva, a mãe de Pedro, pois seu povo não aprovava este romance. Lá Maria Luzia fez seu vestido de noiva e um véu muito bonito de três metros de comprimento.
Então, quando chegou o dia do matrimônio, a cigana entrou na igreja. Naquele momento, de repente, Pedro teve um ataque do coração no altar e faleceu. Maria Luzia ficou muito triste, mas dona Dalva aconselhou:
- Não fique chateada!
- Pois um dia surgirá um outro amor em sua vida.
Uma semana depois Jaime, o filho de uma viúva rica, declarou a sua paixão secreta por Maria Luzia e pediu a jovem em casamento. Como a cigana não tinha dinheiro para fazer outro vestido de noiva, ela resolveu penetrar no templo com a mesma roupa, mas com um véu diferente. Para isto ela costurou uma mantilha clara toda rendada. Porém quando esta noiva entrou na igreja, o lustre caiu em cima de Jaime, matando o noivo na hora.
Maria Luzia ficou muito triste, mas dona Dalva aconselhou:
- Não fique chateada!
- Pois novamente aparecerá uma nova paixão em sua vida.
Três meses depois apareceu um forasteiro, na cidade, que ao ver Maria Luzia na janela apaixonou-se por ela e a pediu em casamento. Deste jeito a jovem preparou o mesmo vestido de noiva, já que não tinha condições financeiras de fazer outro. Porém mudou o seu véu, elaborou um mais curto. Na hora em que a Maria Luzia colocou os pés na igreja, um grupo de homens invadiu o templo e gritou ao noivo:
- Seu forasteiro, agora pegamos você!
Assim a quadrilha bateu no noivo até a morte.
A dama ficou muito triste, mas dona Dalva aconselhou:
- Não fique chateada!
- Pois um dia surgirá um outro amor em sua vida.
Seis meses depois, um caixeiro viajante apareceu na cidade e foi vender seus produtos na casa de Dona Dalva. Quando Maria Luzia abriu a porta o vendedor apaixonou-se por ela e pediu a dama em casamento. Assim a jovem usou o mesmo vestido de noiva, mas mudou o véu por um todo liso e de tamanho médio. Quando a dama entrou no templo, o noivo desmaiou e faleceu.
Maria Luzia ficou muito triste, mas dona Dalva aconselhou:
- Não fique chateada!
- Pois um dia surgirá um outro amor em sua vida.
Dois meses depois apareceu um príncipe na cidade que fez um baile para escolher a sua futura esposa e na festa ele elegeu Maria Luzia. Alguns dias depois o casal marcou a data do casamento. A dama resolveu manter o mesmo vestido, mas mudou o véu por uma delicada coroa de princesa. Mas, quando a noiva entrou na igreja, recebeu um bilhete. Então ela leu a mensagem em voz alta que dizia:
“Querida Maria Luzia:
Desisti de me casar com você, pois soube que todos os seus noivos morreram na igreja e não quero ser o próximo.
Assinado: Príncipe.”
Maria Luzia tentou casar-se mais duas vezes com dois idosos, mas eles morreram no altar. Na sétima tentativa a cigana entrou em depressão pegou uma corda e suicidou-se na floresta. Desta maneira, Dona Dalva enterrou a jovem com seu famoso vestido de noiva e com os seus sete véus.
Quando o espírito de Maria Luzia chegou ao céu, São Pedro disse que a moça não poderia ficar no Paraíso, pois tinha se suicidado. Então ela foi até o Inferno, mas o diabo não aceitou a dama, afinal ela não era má o suficiente para ficar lá. Desta maneira a cigana penetrou no Vale dos Suicidas, onde aceitou sua recuperação espiritual. Então um anjo disse-lhe:
- Você será conhecida como a alma da Dama dos Sete Véus de Noiva e ajudará as outras moças nos seus casamentos.
Desta maneira a Umbanda batizou esta entidade de Pomba - Gira dos Sete Véus de Noiva.
Luciana do Rocio Mallon
