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Contos-->Quando tem de ser, é. -- 20/12/2010 - 23:07 (Juliana Mendes Velludo Guidi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ao receber o exame com o resultado que mudou sua vida, sua primeira reação foi ligar para o namorado pedindo ajuda para abortar.
Clara não esperava engravidar. Embora fosse apaixonada por crianças, ser mãe não lhe fazia a cabeça. Aos dois anos de namoro aconteceu com ela o que nunca pensou que pudesse acontecer. Grávida!
Perdeu o chão quando ouviu a moça do laboratório lhe dizer: parabéns, você vai ser mamãe! Nem esperou que ela abrisse o exame! Ela, em choque, saiu de lá com as pernas bambas, entrou no carro de sua amiga chorando e disse: estou grávida! Mariana, sua amiga, riu dizendo que o exame estava lacrado, como poderia saber? Ela repetiu as palavras da moça. Mariana, desorientada, pegou o exame e o abriu atrapalhadamente. Ao ler POSITIVO, virou-se para Clara e perguntou: você tem certeza de que a moça te falou isso? Hoje Clara ri. Mas na hora só fazia chorar. Precisava resolver o mais rápido possível. Estava decidida. Não teria aquela criança.
Quando seu namorado conseguiu o remédio, proibido justamente por ser abortivo, ela já estava com quase dois meses de gestação. Seu coração estava moído. Jamais pensou passar por isso. Mas não queria ser mãe. Era nisso que pensava o tempo todo.
Na casa dele, sozinhos, ela encorajou-se... encovardou-se e tomou a droga. Com medo, o coração a mil, ela esperou criminosamente seu bebê desprender-se de seu corpo. Não demorou muito e sentiu fortes dores seguidas de um sangramento. Teve a certeza de que não mais fosse mãe.
Durante a semana repetiu o exame e foi, pela primeira vez, procurar sua hoje querida médica. Ao relatar tudo, até mesmo o medo das más línguas, recebeu um comentário que jamais esquecerá: Cristo foi crucificado, por que é que você não seria? Que bobeira! Uma mãe tão bonita! Saudável, independente...
Cada palavra que ela ouvia lhe feria mais e mais... Finalmente a médica abriu o envelope e disse: você continua grávida! Deve fazer uma ultrassonografia com urgência.
E por mais que fizesse os exames que só diziam estar tudo bem com seu filho, Clara não tinha paz. Era a culpa que a assombrava. Às vezes saía do quarto com o coração apertado e jogava-se nos braços do seu namorido pedindo conforto. Ele não gostava de tocar no assunto. Sentia-se também criminoso.
Chegou o dia do parto. Ansiosa para ver seu filho já tão amado, Clara chorava quietinha. A cesariana demorou, pois o garoto era bem grandinho! Foi difícil tirá-lo da mãe. Em todos os sentidos. Era como se ele lembrasse do que passou e não quisesse sair. Talvez fosse medo de que alguém o fizesse mal aqui fora também.
Ao se deparar com isso, Clara chora enquanto escreve. Sempre amou as crianças com as quais conviveu e fez mal ao próprio filho! Quando a médica conseguiu retirá-lo, Clara sentiu um vazio absurdo. Muito estranha a sensação.
Seu filho é perfeito! É lindo! É a criança mais linda desse mundo. E ela o protege demais. Tem medo de perder seu filho. Um medo que precisa de controle. E quem tenta controlar é o pai. Ele é mais firme. Não gosta de ver Clara tão preocupada com bobagens. Já brigaram por causa disso. Ela não aceita sua rigidez. Ele diz que ela o mima demais. E nisso não se entendem.
O que entendem é que foram abençoados. Clara sente-se uma mulher iluminada. Protegida por Deus. Ele nunca a desamparou. Não permitiu que ela perdesse a criança porque sabe que ela não suportaria o peso da culpa. Sabe que ela tem um bom coração e merece ser feliz.

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