Doce nostalgia *
Remonto-me à canção de Pindemonte
Na peregrinação da minha alma alheia,
Noutra alma introduzida e escondida
De cravos e de rosas sendo cheia!...
Cheiro dimelas, lírios duma seara
Com a aridez sorvida pelas chuvas.
E sinto o salso aroma de Neptuno
Falando-me do sentido desta terra.
É o sentido da vida numa esfrega
E que grita surdo num sussurro;
O tato, sim, o tato duma fera
E vai tomando corpo na esfera.
Na dor do coração batido a murro,
Tão violento, palpita, faz alarido,
Sai fora do meu peito, e, extenuado,
Vive a sombra dum sonho Futurecido.
Rebentando na mais doce melodia
Porque serena será a sua melancolia.
É sim, melancolia, eufonia de melopéia,
São sonhos e sentimentos fundidos...
Aspirando suspiros traídos do prazer,
Não sendo nem volúpia nem desejo
Mas prazer de poesia na alma cheia,
Pelo murmúrio da noite com lua cheia!...
* Eugênia Coutinho, presidente da Academia Virtual Sala de Poetas e Escritores (AVSPE), "ENTREGA" http://www.veropoema.net/publicacao.asp?codtxt=292
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