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cronicas-->MENINO -- 17/09/2006 - 23:00 (JOSÉ EURÍPEDES DE OLIVEIRA RAMOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MENINO

"O grande homem é aquele que
não perde o coração de criança."(*)


José Eurípedes de Oliveira Ramos

O que é um menino-criança, criança-menino? O capetinha que põe cabelos brancos nas mães? Que é inocência e comovente ternura quando a abraça e diz: "-ti amo, mãe!". Seja o que for, e há muito que dizer, a lembrança da aurora da vida de vez em quando vem visitar os adultos. São inúmeros os depoimentos.
Para o "seu" João da Quita, pescador em Itanhaém, a saudade da infància brotou depois dos 70. Os anos de labuta forçada desde a primeira idade adiaram o sentimento de perda da meninice. Criança pobre, saltou das fraldas para o mundo dos adultos. Para o poeta Casimiro de Abreu a dor veio mais cedo, pouco depois da adolescência. Na maturidade, Victor Hugo cantava a primavera da vida: "Oh souvenirs! printemps! aurores!". Cecília Meireles escreveu que "...nossa infància é o último esquecimento, derradeiro consolo e suprema poesia de nossa existência. Tudo o mais pode cobrir-se de sombras, nossa infància será um sol nítido, mesmo quando não haja sido tão brilhante, nem feliz". O ator Lima Duarte afirma que se sente feliz porque acalenta continuamente seu jeito menino, mantendo-se no "...delicado fio entre a fantasia e a realidade" o que o ajuda a enfrentar a rudeza da vida.
A vida ou o jeito de ser nos faz diferentes na percepção do tempo e da perda da riqueza do mundo infantil. Há algo de mágico no broto da vida, tão sensível que fez Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) abandonar seu estilo divertido e anárquico, ao afirmar: "Pobre daquele que não guardou consigo um pouco da infància". Até Paulo Francis se fez humilde e admitiu que "a infància é só um instante, mas contém uma chama que se leva para a vida toda". E, se bem me lembro, Goethe declarou que a "...infància é a visão da imortalidade."
Saudade, resgate da inocência, instinto de eternização, fuga às imposições da vida? Não sei! Mas, parece que todos guardamos alguma saudade e, em algum momento da vida, experimentamos a ausência dos leves tempos da meninice: quando tudo é nada e o tempo não existe; quando o que é... é aqui e agora, sem o ontem ou o amanhã, nem passado nem futuro...
E, naquele dia em que pescávamos no Atlàntico com os tripulantes da embarcação do "seu" João, ao largo da Juréia, o amigo Nê --casmurrento, de pouca prosa, que anda pela casa dos quarenta-, a seu modo um filósofo, revelou, nostálgico:
-Lá no céu deve ter um jeitinho da gente voltar à infància e fazer tudo aquilo que a vida roubou!

(*) Não me lembro do nome do autor.

José Eurípedes de Oliveira Ramos
Da Academia Francana de Letras.

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