Usina de Letras
Usina de Letras
139 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50618)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140802)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Pequena história para ninar gente grande -- 30/11/2010 - 20:49 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Talvez tenha sido o berço. O pai, marceneiro habilidoso, para acalmar sua ansiedade pela vinda do primogênito, arquitetou e construiu os móveis todos do quarto da criança. O cômodo era, na verdade, um antigo armário de despensa que a pequena família decidira transformar no mundinho do bebê. Berço, cômoda, cadeira. O pai usou material do melhor e, pode ser que elevado pelo orgulho que já sentia pelo filho o qual sequer conhecia, acabou fazendo berço, cômoda, cadeira mais altos que o normal. Não era caso de erro de cálculo: muitos berços, cômodas, cadeiras já tinham sido feitos, sem inovações ou surpresas, na pequena oficina no fundo da casa. Aqueles eram móveis bem bonitos, bem feitos, mas estranhamente esticados.
Marido e mulher contemplaram a obra e pensaram em serrar os pés para deixar tudo normal. Acharam, no entanto, que se assim tinha sido, assim tinha que ser. Melhor seria fazer banquinhos e escadinhas para que a mãe pudesse cuidar o sono do bebê que ia chegar e o pai pudesse babar com mais conforto. Também seria bom reforçar as grades do bercinho, para evitar mais surpresas. Assim foi feito.
Menino corado, saudável, sorridente, mas de tamanho nada espetacular. Ficava até meio perdido no berço generoso. Cresceu ali no quartinho, vendo pai e mãe subindo escadas. Também viu muitas carecas de tios e fios de cabelo brancos mal pintados de tias, lá do alto da sua torre.
Quando se pôs em pé e precisou aprender a andar, foi colocado no chão, agarrado às mãos da mãe. Chorou até não ter mais o que chorar. Ficou roxo de quase explodir. Assustou-se: nunca tinha visto gente tão grande! Tudo tão instável, pronto para cair em cima do pequeno. Só parou o berreiro quando voltou para o berço.
O pai do menino, marceneiro habilidoso, cismou que fizeram mal. Deviam ter cortado os pés de todos os móveis antes de o menino nascer, ao menos antes de ele se ver acostumado a mirar tudo do alto. Papai já resolveu a questão: passou a mão na tora mais resistente que pôde achar, cortou sarrafos bem compridos, usou prego, cola e esperteza para fazer pernas de pau. Ele, a mulher e as muitas e bem-vindas visitas só andam pelo quarto sobre centímetros a mais de andiroba forte.
Agora o menino está acostumado a olhar as pessoas nos olhos. Até já é capaz de virar a cabeça para cima, louco para saber o que existe além do telhado. Papai, marceneiro habilidoso, está perto de um reforma na casa. Vai trocar cada telha de barro do quarto do filho por similares de vidro. O menino, então, vai poder ser visto pelo sol e pela lua que sempre viveram em seus berços de pés muito, muito esticados, obra de algum marceneiro habilidoso com gigantescas pernas de pau!
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui