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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->Tem medo da vida ou de viver? -- 13/11/2016 - 19:22 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Amélia adentra correndo pelo jardim, suada e ofegante. A echarpe colorida assemelhando a uma cauda comprida e sinuosa presa na aselha da calça Jeans desbotada. A blusa amarela realçava seus olhos castanhos já brilhantes por natureza. Mas estava diferente. Havia um estranho brilho no olhar. Algo que eu nunca tinha visto.
"Que foi Amélia? Que euforia é essa?"

"Mainha, a senhora não vai acreditar, eu ganhei!!!"

"Ganhou o quê?"

"O prêmio! Daquele conto que escrevi e mandei pro concurso. Lembra?"

"Lembro!"

"Vou conhecer o Pantanal"

O prêmio ao vencedor do concurso era uma semana numa pousada as margens do Rio São Lourenço, com todas as despesas pagas e passeios com guias especializados, tudo incluso. Amélia não cabia em si de tão contente. Sempre gostou do contato com a natureza, mas nunca passou das fronteiras do seu quintal ou das idas ao córrego no fundo da chácara do Tio Amaranto. Naqueles passeios sempre ficava encantada com a variedade das plantas, flores, bichos e aves que encontrava. Achava encantadores aqueles besouros chifrudos que sempre apareciam após as chuvas. Chegou até pensar em estudar biologia, mas ainda não tinha sido possível, pois não tinha este curso em Pazamor.

Alguma coisa na sua intuição estava dizendo que não seria um mero passeio turístico que a esperava. Intuição feminina é algo que jamais pode ser desprezada. O homem é um ser afivelado em si mesmo, mas a mulher afivela-se a percepções extra-sensoriais que pairam acima de suas cabeças, resultando em algo a que grotescamente chamamos intuição. Comumente não tem erro.

Arrumou a mala com esmero, não sem que na semana que antecedeu a viagem não fosse as compras de coisas que achava apropriadas para seu "kit sobrevivência" naquele suposto local inóspito, que imaginava cheio de cobras gigantescas, jacarés famintos e outros perigos piores. Botas, repelente, chapéu... pediu emprestada a câmera fotográfica de Jacinto, queria registrar tudo que encontrasse por lá. Como fosse possível aprisionar numa foto mais emoção que na memória. Jacinto a levou para pegar o voo na capital. Assim que chegou na capital de Mato Grosso, um guia vestido tal qual "Indiana Jones" a aguardava com um cartaz impresso "Miss Amélia". Abriu um largo sorriso para o sujeito gordo de bochechas macilentas.

"Oi, sou Amélia!"

Era o motorista que a levaria até o hotel fazenda. Ao entrarem no carro já estavam acomodados lá dentro três homens: um senhor de aproximadamente uns sessenta anos, um estrangeiro careca de pele excessivamente vermelha e um moço de olhos azuis e cabelos encaracolados cor de mel, o mais moço deles. Apresentaram-se e descobriu que o estrangeiro era canadense, os outros, pai e filho vindos do sertão nordestino para conhecer as belezas do Pantanal.
Há muito ela leu que para uma viagem devemos ter pouca mala na ida e excesso de lembranças na volta. Viagem e um grande amor são coisas para sempre. Ainda que acabem – sempre acabam, ficam impregnadas na memória. Trazem emoção quando relembramos. Assim como não adianta mostrar as fotografias da viagem e querer passar nossa emoção para quem ver as fotos tão pouco adianta passar a emoção do nosso grande amor a amigo ou confidente. A emoção é única. Impessoal e intransferível, que nem a senha do banco.

Não existe viagem pela metade. Se você volta do meio do caminho não provou as experiências de uma aventura. Tal qual é no amor. Se você não se entregar não pode dizer que amou. Pode dizer que paquerou ou flertou.
Só que em meio a essa beleza natural havia outra que ela teimava em negar mas seu coração não a deixava esquecer. O tal rapaz da van, o mais moço deles. Não muito bonito. O nariz estragava o conjunto, mas dava uma característica muito peculiar ao rosto. Aquela curva na parte de cima do nariz que, segundo alguns, denunciam pessoas teimosas, ambiciosas, com personalidade forte. Excelentes para influenciar outras pessoas, mas que não tomam decisões com facilidade. Encanto a primeira vista. Nunca tinha conhecido um homem assim tão galante, cavalheiro, atencioso, atirado mesmo. Sempre a cercando de gentilezas. Como não se entregar?

Camélia, foi uma semana de mil maravilhas, coisa de novela, parecia irreal. Só que ontem, quando liguei, ele propôs: "Precisamos dar um tempo, minha esposa pode descobrir tudo! Quero ir a sua cidade para ficarmos continuarmos nossa história."

Minha irmã, eu não sabia que ele era casado. Nunca namorei homem casado, abomino isso. Só que desta vez não pude manda-lo às favas. Não tive coragem, as palavras não vieram, engasguei e engoli seco. Ele, sínico, ou apaixonado, não deixou por menos e me provocou:

“Amélia, fica comigo! Você tem medo da vida ou de viver?”







Colaboração: Ângela Fakir e Jeanne Martins.
Desenho: Ângela Fakir
http://riscoserabiscosangelafakir.blogspot.com.br/
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