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Contos-->Lá pelas bandas do sonho... -- 20/10/2010 - 23:41 (Marcelo Santos Costa (Marcelo Tossan)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



Era um bando de rapazes, normais no entanto se cruzaram pro destino, escola, bairro, clube do menor, e entre as partidas de basquete, futebol, ping e pong e o pão com salame e café com leite, tocavam.
E decidiram formar uma banda, de que? De música!!!

++++++++++++++

A infância sempre foi pobre, vivida nas ruas de barro da periferia de SP, em meio a esgotos e pipas, nós íamos para um lugar cheio de eucaliptos o local era chamado de “eucalipau”, logo atrás era a pedreira, que estourava sempre ao meio dia e ás quatro da tarde , tinha também o bambuzal na beira do “esgotão “ e eles pendiam pro lado formando verdadeiras cavernas e labirintos onde brincávamos de pega a pega policia e ladrão esconde esconde e onde também rolava uns troca a troca de vez quando, isso na década de 80.
Tinha uns vira latas que sempre acompanhavam os muleques mais velhos de 13, 15 anos, Rex , bob, (todos finados, digo os cães) o Rex teve até enterro, aquela terra vermelha, fizeram um buraco e colocaram uma cruz. Cresceram assim juntos (digo os garotos).
Pelada no campinho atrás da casa da Dona Delita, uma senhora que não largava do seu cachimbo, casada com o Sr. Conterrâneo , era mãe do calota,kiko,neco ...enfim 6 filhos e duas filhas, quando chovia o futebol era mais divertido, a lama escorregadia a bola suja de lama, as traves feitas de eucaliptos , eu era o vaca doida , o Marcelão mandava, eu batia, só botinada na canela, jogava nada , mas corria pra caralho, nos cem metros rasos só dava eu, baixinho e arisco o trem bala.
Na TV passava luta livre, todo mundo queria ser Huck Hugan, o diabo loiro, e o coro comia, tinha um caminhão abandonado na rua, e a caçamba era nosso ringue, subia no canto e pulava no adversário, as vezes a brincadeira ficava séria e quando alguém dava um soco , chute mais forte, ou arrancava sangue virava briga.
E as mães a tardezinha as seis mais ou menos começavam a gritar pelos filhos, Carlinhos! Já vai mãe...O Marcelo...ahhhh... O Dione....já vai mãe....O Ailton....ah mãe depois
A escola pública foi o primeiro passo para a socialização, o primeiro dia é ruim, por que você não conhece ninguém, e a professora (algumas) já chegam dando ordens, e tem também os alunos repetentes, grandalhões são os donos da classe na ausência dos professores,tinha um na minha classe era o Damião um neguinho folgado, me puxava o cabelo, tomava meu lanche, na quadra me dava rodo, até que fiz amizade com um aluno conhecido como mano era também repetente, acho que foi com a minha cara, ofereci pão com mortadela e ele aceitou, bebeu do meu kisuco de morango e ficamos amigos, desse dia em diante o Damião não mexeu mais, só que ganhei um boca de fome na hora do lanche.
Na segunda série me apaixonei por uma garota chamada Rose (pequena lady) era da minha rua, eu morava na favela da rua seis, numa casa que passava um tubo de água por baixo e o esgoto era nos fundos, quando chovia a casa tremia, porque a enxurrada além de água barrenta trazia pedaços de paralelepípedo , madeira e sujeira.
Ela morava num sobrado quase de fronte, era todo azulejado e com pedrinhas marrons, eu achava que eram pedrinhas da sorte as vezes tentava arrancar mas nunca conseguia.
Uma vez teve uma festa na casa dela e eu coloquei a melhor calça o melhor tênis, e fui, ficava olhando ela a festa toda, a seguia com meus olhos e ela lá linda nem dava bola, a música do Ritchie rolando e eu imaginando nós dois, “...quando se quer mais, a gente diz bye bye, quando se quer mais, finge que satisfaz...”.
Pior que um amigo meu chamado Marcelo também era gamado, mas não deu em nada nem pra mim nem pra ele, ela casou um dia com o professor de matemática.
Na terceira série teve desfile de sete de setembro, com chapéu de papel, marcha, bandeirinha e o hino sendo ecoado pelas ruas perto da escola.
Fazia-se a fila colocando a mão no ombro do outro pra pegar distância e por ordem de tamanho, eu era o primeiro da fila, o segundo meu amigo Alexandrino, terceiro o Gutinho
Quando chegou a quarta série eu passei raspando, tava mal em adivinhem, matemática, e minha mãe fez promessa pra Iemanjá pra eu passar de ano, passei e ela jogou flores no mar, lembro que na excursão para a praia rolava a música do Almir Guineto “se é feitiço vou jogar flores no mar...” . Bom aí chegou a quinta série eu me assustei, era um professor pra cada matéria, acabava uma aula entrava outro, e mais outro, passaram a lista de professores na lousa, e eu copiei, Ciências: tal Matemática : tal Geografia : Vera Inglês : Maria do Rosário e assim por diante, cheguei em casa todo orgulhoso- olha mãe tenho ooooito professores, me sentia adulto inteligente, meu pai falava - é agora é estudar!
Ao lado do colégio tem uma igreja católica, e nas redondezas dessa igreja é que rolou os maiores amassos as maiores paixões e acho que os maiores pecados também.
Tinha uma escadaria que dava pras portas grandes de madeira e tinha uns muros uns cantos estratégicos a caixa de luz virava banco e lá na escuridão da noite ou a luz do dia os casais cabulando namoravam .
Mas chegou o final do ano eu fiquei de recuperação em português e não teve vez o professor chamado Giocondo me repetiu e eu chorei e não ganhei uma bicicleta de presente (pra alivio do meu pai).

O primeiro emprego de Office-boy eu nunca esqueço 14 anos, e já tinha a noção do que era bom e ruim, meu Tio João Galo (in memorian) me levou pro centra pra tirar os documentos RG carteira de trabalho e até cic , , meu tio era um cara sofrido disse que quando veio da Bahia até dormiu nos bancos da Pça da Sé, sujeito do tipo franzino óculos fundo de garrafa, mas um cara esperto na escola da vida foi um bom aluno, morou em casa uma época, através dele conheci Jorge Benjor, Bezerra da Silva ele era função e dançva samba rock , e era bom papo, fumava bebia e cheirava mas não me deixava tocar nem um basiado na boca, - não quero pra você o que é ruim pra mim –foi preso fugiu, me arrumou um trampo de boy no escritório onde ele era aux de Dep. Pessoal ele usava uma carteira falsa com o nome de Rogério – uma vez atendi um telefonema quero falar com o Rogério , Rogério, e ele sou eu sou eu, o dono olhou desconfiado- logo depois ele saiu um mês depois também sai, uma vez ele queria me colocar pra entrar numa janelinha pra roubar um computador de um escritório que ele trabalhou, mas tentou sozinho e conseguiu era tão magro que cabia numa janelinha de banheiro, acho que foi assim que fugiu da cadeia,
Só que ele começou a tomar baque, pegou uma pneumonia e ficou internado descobriu nos exames que estava com o vírus HIV, a aids fez os parentes se afastarem quando saiu da internação ele dormiu em casa um tempo, e meu pai separou prato,copo,talher e não deixou eu dormir no mesmo teto com medo de um pernilongo morder ele e me morder, mas meu pai ta perdoado pela ignorância, a aids era uma doença nova e não havia muita informação a respeito. Ele percebeu o preconceito e foi morar com um amigo que era bandido e gay, só que depois ficou doente e foi internado numa clinica pra aidéticos, a clínica de uma travesti chamada Brenda , ali no Bexiga, eu o visitei ele estava mais magro do que já era, tinha um outro na cama do lado em estado terminal, na outra semana ele me falou : lembra aquele cara que estava aqui do lado? Então morreu ontem, eu sei em breve sou eu...
Eu estimava muito meu tio ele morreu eu não quis ir no enterro, não sei porque, eu me arrependo disso até hoje.
Um amigo da rua (Nego) me deu um toque ta precisando lá na firma de boy vai lá amanhã
Era numa copiadora de entregar cópias heliográficas naqueles tubos, a entrada dos ônibus era por trás e eu matava vários passes, se situava na Brigadeiro Luis Antônio , no primeiro dia me mandaram pra Av. Paulista eu fui parar quase no centro andando...depois a gente pega as manhas, logo depois entrou pra trabalhar o meu primo Jhonny, o André Luis , o Tiãozinho e a gente levantava as seis e ia a pé pro final, fumando cigarro e com a bolsa de marmita, salário mínimo mas era nosso, no dia do pagamento a gente se juntava dava um toque pro Marcos que trabalhava no centro e íamos beber cachaça num bar qualquer, e embebedávamos (olha o português do cara!) arrumava arruaça dentro do ônibus, chutava banca de jornal, socava caixa de correio, os vândalos estavam à solta.
Aos 16 estava desempregado, e culminou com o desemprego dos meus companheiros também, culpa do filho da puta do Collor aquele plano dele fudeu todos, minha primeira noção de política foi essa, o presidente, prendendo o dinheiro, e o desemprego aumentando.
Depois a gente conheceu a cola de sapateiro e começou as nossas primeiras experiências com drogas, no porão do Tiãozinho passa a tarde cheirando cola, eu , Jhonny, Dé, Marcos,
Maioria da turma cheirou com a gente, o Eduardo (que tinha problema de poliomielite), André (esse desandou e ta preso),
Depois foi a fase da cabana no eucaliptal , ai vieram o galego, Ronaldo (in memorian) Samuel. Teve a fase da minha casa quando minha ia trabalhar, Marcos , Jhonny, Dé
Na casa do Clécio idem, muitas viagens que se eu fosse escrever dariam um livro de loucuras (é uma boa idéia), mas vou contar uma que veio na cabeça agora, uma vez eu fechei os olhos e cheirei e vi umas chaves vindo na minha direção, chaves coloridas vindo e eu contei isso pro Jhonny ele fez o mesmo e viu uns macaquinhos coloridos e contamos a novidade para os outros “cheiradores” de C.O . (cola na nossa gíria), e cada um teve uma visão diferente, um viu o Fido Dido, outro viu uma goteira dourada, e vária visões malucas, e partir daquele dia só cheirávamos com os olhos fechados e eu fui chamado de mestre pela descoberta
Quando a gente foi ver já tinha cheirado o estoque de cola do depósito uma três vezes.
Até que entramos no clube do menor e a fase da cola passou.
Só que no clube o lançe era outro era erva marijuana, bom mais pra frente eu falo a respeito disso.
O esporte preferido – pasmem! – era o basquete a rapaziada da periferia descobria o prazer de se jogar um basquete, influenciados pelos clipes de música rap que passava cenas do jogo e dos próprios jogos que passavam na band da NBA, o bagulho era louco, eu com meus 1.69m era armador, me sentia um ...putz esqueci o nome daquele armador baixinho do knicks, que parecia o Michael J. Foxx do de volta pro futuro...sei lá acho que era o Jhon Stockton.
A média de idade era de 16 e 17 anos faziamos atividade s dia de sábado por que dia de semana era a pivetada, e abriram uma exceção conosco, era legal, tinha algumas brigas mas no geral era 10, o lanche até hoje quando estou comendo uns petiscos com cerveja eu lembro, pois era pão com salaminho e um copo de chocolate quente as vezes um danone, tinha as oficinas quem quisesse participar tinha teatro, dança, artesanato, música etc...
Só que foi nesse mesmo clube que eu passei um dos piores dias da minha vida, a rapaziada estava reunida atrás do banheiro do clube, fumando uma bomba de marijuana, eles fumavam quase todo dia e apesar disso eu nunca tinha fumado na minha vida eu tinha 16, todos fumavam , me ofereceram eu colei na banca, peguei aquele cigarro enorme de maconha e puxei e igual um sapo engoli prendi, todo mundo eufórico – porra o Tchelo é foda!- deis mais umas quatro ou cinco bolas só exagerando pra não fazer feio com a galera só que quando o bagulho bateu foi foda...depois quando acabou a maconha eu ouvi algum deles comentando – eu fui na moral porque esse haxixe quando bate é foda- fomos pra quadra do ginásio e eu estava doidão, perguntei que time eu estava um apontou pra esqueda da quadra outro pra direita esquerda direita de novo fiquei pra lá e pra cá, pulei e saí correndo no meio do jogo lá pra fora e caí na grama e lá eu fiquei sei lá uma duas horas,ali eu suei sonhei que tinha morrido e cheguei no céu vi Jesus sentado, fiquei inconformado em ter morrido aquele dia , depois acordei passava o Fernando e me perguntou se eu tinha alguma coisa se estava bem falei to legal. Logo após apareceu o Marcos meu amigo que tinha fumado comigo também ,tentei falar alguma coisa pra ele mas minhas palavras só saiam com gírias puxadas tipo ladrão, - mano o barato é foda maluco ta ligado bateu forte maluco- ele me chamou para irmos embora e me deu uma nóia de que hoje era meu dia de morrer que de hoje eu não passava, mó loucura chata, teve uma hora em que eu pensei me jogar na roda do buzão que passava, e ficava me perguntando por que eu? Derrepente ouvi um reggae – na minha cabeça – e comecei a dançar no meio da rua – e as pessoas começaram a me olhar e pra mim estavam todos percebendo que eu tinha fumado que estava louco e o Marco mandou eu segurar a onda, paramos na beira do campo sentamos no gramado não tinha nenhum jogo e estava um calor de 40 graus era mais ou menos uma hora da tarde, eu fiquei olhando pra aquele campo uma meia hora sem piscar sei la’foi a impressão que eu tive, de repente eu empurrei o Marcos estava lembrando que hoje eu ia morrer – a loucura bateu de novo – e mandei ele ir embora e ele pediu calma perguntou o que tava pegando eu pedi por favor vai embora não quero que você seja culpado, - culpado de quê Celo- vai embora Marcos! Vai vai embora agora eu não quero que você seja culpado essa hora eu estava alterado e aos berros expulsava ele de perto de mim ele ficou com medo e falou que ia voltar pro clube que tinha um samba eu lembrei que ia tocar com a rapaziada e a inda por cima ia cantar, me deu uma puta sede e eu voltei pro clube estava enxergando tudo meio esquisito meio escuro sei lá meio marrom parecia um filme um sonho real, eu queria rapidamente acordar e não conseguia, chegando no clube todo mundo olhando pra mim peguei um óculos emprestado com não sei quem, e estava cantando uma música que se chamava Heleni do grupo Katinguele e a musica não acabava nunca fiquei no refrão dela acho a tarde inteira o refrão era assim: “eleni Heleni eleni Heleni uma pele cor de jambo beleza sem fim” – como não sei se era com H vou escrever dos dois jeitos -los pretos viraram chinelos de imãs e o asfalto era de imã também só que com os pólos inversos e eu não conseguia me equilibrar, até que fui pra calçada depois no caminho no ponto de ônibus nas casas parecia que todo mundo estava olhando pra mim e percebendo algo estranho eu pensava estão percebendo que fumei outras pessoas estranhas eu pensava acho que ela sentiu que hoje é meu dia de morrer, depois me deu uma vertigem e eu quase desmaiei no meio da rua em que eu morava procurei não olhar pra ninguém teve uns dois ou três manos que me cumprimentaram eu não respondi e nem olhei passei reto feito um zumbi cabeça baixa queria chegar em casa o mais rápido possível, cheguei Não queria olhar pra minha mãe nem pro meu pai minha casa de telha parecia uma estufa isso eram umas quatro da tarde eu lavei rosto e fui deitar na cama da minha mãe era mais espaçosa e mais calmo e mais fresco levei um copo grande de água gelada bebi e estava um gosto de água da represa sei lá um gosto ruim e me imaginei no fundo da represa morrendo afogado aquele gosto de água suja entrando sem parar na minha boca e meu entra no quarto me pergunta se estou passando bem,- estou estou com sono – estava suando minha cabeça que estava raspada- meu pai comentou que eu estava amarelo branco- já imaginei que iria morrer de maconha e a loucura não passava chegou a noite ainda estava bem louco, pensei essa porra não vai passar nunca e entrei de novo numa paranóia que a loucura não ia passar nunca iraia ter de conviver daquele jeito dopado louco e pensei em gritar chorar...a noite eu chorei e não conseguia dormir pensei que estava ficando louco,adormeci nem vi a hora quando acordei pensei agora eu tô legal mas começou a voltar tudo fiquei ansioso depois passou e depois voltava quando eu pensava na loucura, eu procurava não pensar mas se lembrava voltava tudo de novo pensei que estava ficando louco e teria de viver num hospício, me deseperei acho que vou ficar louco o resto da minha vida era uma bad trip fiquei assim acho que uma semana com síndrome de pânico e aquele ano foi um final de ano péssimo. Com os flashs back me perseguindo até que parou um pouco ai um dia eu fumei um basiadinho e voltou suei fiquei com medo, rezei pra ser mais ameno pra passar logo e no final do dia passou, jurei nunca mais fumar de novo e outro mês eu fumei na moral dei uns pegas de leve não prendi muito e deu um baratinho e comecei a dar umas risadas e hoje passou mas se eu fumo muito e passo dos limites volta um pouco então eu sempre fumo na moral...
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