Chico Gozador é um macaquinho que, como o próprio nome já diz, gosta muito de tirar onda em todos os bichos da mata. Não é um bichinho mal, mas está sempre tirando a bicharada do sério com suas macaquices e pegadinhas. Ele é um verdadeiro traquina que só perde em traquinagem para o mais arteiro de todos os habitantes da mata, o SACI.
Mas eu não estou aqui para falar do saci; não hoje. Qualquer dia eu lhes conto sobre o negrinho de uma perna só, pois esta história é sobre o Chico Gozador; mais precisamente sobre o dia em alguns bichos da mata, cansados de serem vítimas de suas brincadeiras, resolveram aplicar-lhe uma lição.
Tudo aconteceu durante a noite enquanto Chico dormia tranquilo em sua casinha na árvore, aliás, de tanto fazer travessuras durante o dia, ele dormia feito uma pedra durante a noite, o que facilitou a execução de um grande plano dos bichos que eram as maiores vítimas de suas brincadeiras.
A idéia era pregar um grande susto no macaquinho, para que ele sentisse o quando é ruim ser motivo de gozação diante dos outros, e o plano foi o seguinte:
Durante a noite, enquanto Chico dormia pesadamente, os bichos, com todo o cuidado do mundo rasparam seu rabo, não deixando um só pêlo de lembrança. Depois da depilação, trataram de pinta-lo com as cores da perigosa cobra coral, que é toda linda de preto, vermelho e branco. E ainda por cima, enrolaram aquele rabo todo estranho no pescoço do pobre macaquinho.
Nem é preciso dizer que quando o Chico acordou pela manhã, vendo-se todo enrolado naquilo que parecia mesmo com uma perigosa cobra coral, saiu correndo e gritando feito um doido. O pior foi que, por mais que ele corria, toda vez que olhava para trás, lá estava a cobra perseguindo-o. Correu o dia todo, até que, desesperado jogou-se no rio, onde a água acabou tirando a tinta de seu rabo.
Só ficou sabendo que tudo não passara de uma brincadeira quando saiu do rio e encontrou toda a bicharada dando gargalhadas. Neste momento ficou sabendo também o quanto é chato servir de chacota dos outros, e jurou nunca mais zombar de ninguém.
Mas certamente jurou fazendo figa, pois eu duvido que o Chico Gozador deixe um dia de ser o segundo maior gozador da mata, só perdendo para o moleque saci.
Duvido, porque conheço muito bem, cada habitante daquela mata!
Luiz Mozzambani Neto
|