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Contos-->A FORMIGUINHA PREGUIÇOSA -- 14/09/2010 - 10:32 (FERNANDO PELLISOLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Num Asteróide a 17 léguas do nosso Sistema Solar, havia um formigueiro de corte real, onde o Rei Perseverança administrava o seu reino Vermelho; com uma astúcia e uma força de vontade de provocar inveja...
Existiam apenas quatro cidadezinhas no Asteróide conhecido por Minúsculo... O formigueiro, imenso – isto era uma verdade, ficava situado a trezentos quilômetros da cidadezinha mais próxima e chamava-se vermelhidão, pois todas as formiguinhas eram vermelhas... Ficava situado na cidade dos Ventos, onde as formiguinhas tinham que se esforçar muito para trabalhar e armazenar o sustento aos invernos rigorosos... Pois carregar mantimentos nas costas, enfrentando violentos vendavais, era uma tarefa árdua...
O rei Perseverança tinha o propósito de exterminar com o formigueiro, pois dizia que as formigas infernizavam as vidas dos seus convidados reais – que viviam se coçando de alergia das formiguinhas vermelhas... Mas não havia com exterminá-las, pois se multiplicavam com o passar dos dias; alargando o tamanho do formigueiro... O Rei Perseverança treinava os seus cachorros reais; mas tudo era em vão para exterminar com o formigueiro: nas festas da realeza, no castelo real, as formiguinhas se banqueteavam, ainda que incomodasse o prazer dos convidados reais; causando transtornos psicológicos às festividades reais...
Dentro do formigueiro havia uma formiguinha insólita, translúcida, com uma indelével tendência às artes... Tinha uma cor azulecente (de tonalidade celestial), e era muito discriminada e sempre ofendida por todas as formiguinhas vermelhas: chamavam-na de vagabunda, porque não queria saber de carregar mantimentos nas costas... Vaidosa e muito sensível, levava a vida a cantar... Sim, a formiguinha azulecente era uma cantora lírica das melhores; mas a sua situação humilhante, onde a sua própria família desdenhava os seus dotes artísticos, taxando-a de formiguinha azulecente inútil e vadia... A sua vida só era um pouco menos sofrida nas festividades no castelo do Rei Perseverança, que a contratava, por algumas migalhas de pão, para cantar aos seus convidados por alguns minutos...
A cidade mais próxima, a trezentos quilômetros, chamava-se Cantatas, minúscula e era habitada por 57 cigarrinhas azuis – que levavam a vida a cantar... Era uma cidadezinha turística, freqüentada pelo o mundo inteiro, pois o teor da musicalidade das cigarrinhas azuis era reconhecido em todo o Asteróide Minúsculo... As cigarrinhas azuis levavam uma vida confortável, porque ganhavam muito dinheiro com os turistas interplanetários – turistas de planetas próximos ao Asteróide Minúsculo costumavam freqüentar o Salão Musique, onde as cigarrinhas azuis cantantes apresentavam uma variedade de espetáculos musicais: eram artistas renomadas e profissionais...
No nosso Formigueiro Vermelhidão, a formiguinha azulecente, que tinha fama de preguiçosa, pois não trabalhava carregando mantimentos nas costas (como todas as outras); e só sabia viver a cantar as suas melodias de uma autodidata... Sendo rejeitada por todos, foi procurar o Rei Perseverança:
- Formiguinha Preguiçosa: ó meu rei, estou desiludida da minha vida, quase que desesperada...
- Rei Perseverança: o que foi que te fizeram criaturinha cantante? Conta para mim, se eu puder ajudá-la, ajudarei...
- Formiguinha Preguiçosa: sou rejeitada por todos os membros do formigueiro, inclusive pela minha família...
- Rei Perseverança: mas o que foi que você fez para merecer tamanha perseguição assim?
- Formiguinha Preguiçosa: todos dizem que eu sou vagabunda, porque não carrego mantimentos nas costas, e que só ocupo o meu tempo com cantorias inúteis...
- Rei Perseverança: você gostaria de ser uma cantora profissional, fazer sucesso e ganhar muito dinheiro?
- Formiguinha Preguiçosa: é o sonho de todo artista, e eu sei que sou uma grande artista – tenho muito talento, e é a minha vocação, entende meu rei?
- Rei Perseverança: entendo sim, e sei de uma maneira de lhe ajudar nesta tua situação complexa...
- Formiguinha Preguiçosa: como meu rei?
- Rei Perseverança: conheço uma cidade, habitada por cigarras cantantes, que ainda poderá ser a tua realização profissional...
- Formiguinha Preguiçosa: ainda poderá ser...
- Rei Perseverança: quero dizer que talvez haja um lugar para você no quadro das atrações artísticas do Salão Musique...
- Formiguinha Preguiçosa: Salão Musique?
- Rei Perseverança: sim, é a casa de espetáculos mais bem freqüentada do Asteróide Minúsculo...
- Formiguinha Preguiça: eu gostaria de conhecer este lugar maravilhoso; mas onde fica mesmo?
- Rei Perseverança: na cidade Cantatas, a trezentos quilômetros da nossa cidade dos Ventos...
- Formiguinha Preguiçosa: ó meu rei, eu gostaria de conhecer esta cidade, e pedir emprego às cigarras azuis cantantes – o senhor me ajuda?
- Rei Perseverança: quantos anos você tem? Se já completou 18 anos, eu levo você até o Salão Musique...
- Formiguinha Preguiçosa: sim meu rei, eu já conto com 19 anos de idade; e não vejo à hora de ser reconhecida como artista profissional – não agüento mais ser chamada de vagabunda pelo formigueiro inteiro...
E foi assim que aconteceu, o rei Perseverança, aproveitando uma viagem de negócios, levou a formiguinha preguiçosa para a cidade Cantatas... Chegando lá, fez as apresentações cordiais entre a formiguinha preguiçosa e as cigarras cantantes... As quatro cigarras cantantes gostaram da formiguinha preguiçosa, porque ela era azulecente – uma característica marcante das grandes estrelas musicais... E convidaram a formiguinha preguiçosa para morar com elas, e, conforme fosse o talento dela, haveria, em curto prazo, de se apresentar com elas, formando um quinteto musical...
Passaram-se os dias, e os ensaios com a formiguinha preguiçosa obtiveram o sucesso desejado... A formiguinha preguiçosa estréia no Salão Musique, com a casa cheia, e o sucesso é esplendoroso, magnífico... O tempo passa e a nossa formiguinha preguiçosa faz tanto sucesso, que começa a se apresentar sozinha; e o inevitável acontece: acumula uma fortuna considerável, e uma fama interplanetária...
Um belo dia ensolarado, a formiguinha preguiçosa desembarca na cidade dos Ventos: é aclamada por uma ingente multidão! E seus familiares a abraçam eufóricos:
- Pai Formiga da Formiguinha Preguiçosa: precisamos da tua ajuda, os vendavais têm sido violentos, e os invernos têm sido muito rigorosos – estamos na miséria e passando por grandes necessidades, vai nos ajudar?
- Formiguinha Preguiçosa: sou uma formiguinha azulecente preguiçosa e vagabunda, como poderei ajudar a minha família que passa fome?
- Pai Formiga da Formiguinha Preguiçosa: estamos muito arrependidos, e todos te pedem perdão...
- Formiguinha Preguiçosa: estão todos perdoados; mas no meu dinheiro, só eu boto a mão: trabalhem com perseverança, pois cada um tem o que merece... Não vou enricá-los, se é isto que o senhor está desejando...
- Pai Formiga da Formiguinha Preguiçosa: precisamos reformar o formigueiro, aumentar os alojamentos, e tratar os nossos soldados levantadores de peso nas costas...
- Formiguinha Preguiçosa: sou preguiçosa e muito vagabunda; quando eu voltar da Galáxia Azul, onde permanecerei por uma temporada de três meses, com o meu novo espetáculo musical, verei o que eu faço para ajudá-los a sair da miséria: até lá, pensem nas maldades que fizeram comigo na minha adolescência frustrada, e marcada pela insensibilidade artística de toda a minha família...
A formiguinha preguiçosa, depois que retornou da temporada artística, ajudou a sua família e o formigueiro a se erguerem do caos em que se encontravam; mas apenas fez as reformas necessárias para que todos pudessem voltar ao trabalho pesado – afinal, eles não sabiam cantar... E todos viveram infelizes para sempre, e a formiguinha insólita e vagabunda está gastando os seus dólares na Europa: Deus é bom e justo! Quantos artistas são tratados como se fossem criaturas vagabundas – imprestáveis e preguiçosas?

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