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Contos-->OS SETE CAVALINHOS AZUIS -- 11/09/2010 - 00:27 (FERNANDO PELLISOLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Numa galáxia azul, no alto dos seus dezessete céus, na sétima Via Láctea da cosmologia dos universos infinitos, orbitava um pequeno planetóide chamado de Loucura. Era uma minúscula colônia de anãozinhos pecadores, que se esbaldavam nos pecados capitais... As ruelas da colônia dos louquinhos eram cheias de crateras e subterrâneos, por onde se entrelaçavam uma variedade de labirintos: os que eram mais freqüentados chamavam-se Preguiça, Ira, Luxúria, Gula, Soberba, Vaidade e Avareza...
A minúscula colônia chamava-se Subconsciente, e os anãozinhos viviam a gozar a vida, ainda que de forma inadequada, pois eram ínfimos pecadores... Existiam sete castelos na colônia, onde moravam os sete deuses dos sete pecados capitais... A colônia inteira submetia-se aos vários caprichos, que definiam os deuses como bárbaros... Normalmente, os anãozinhos louquinhos eram açoitados, nas masmorras dos castelos, por gigantes serpentes venenosas que acabavam por devorá-los: eram engolidos inteiros...
Os sete castelos da colônia dos louquinhos ficavam situados nos sete labirintos principais, onde os habitantes da Colônia Subconsciente desatavam os seus vícios... Os sete pecados, para serem usufruídos, deveriam ser endeusados e adorados os sete Deuses – com torturas mentais que se espalhava por todo o povoado... Pois os anãozinhos eram ainda muito inferiores espiritualmente, submetendo-se à fraqueza dos prazeres materiais...
Conforme o desejo de realizar determinado pecado, os anãozinhos procuravam o labirinto específico, onde o Deus do pecado capital liberava à tentação, ou não...
Acima das crateras e dos subterrâneos dos labirintos, havia uma pequena colina, com sete estrebarias, onde viviam os sete cavalinhos azuis: eles eram velhos anciões da colina chamada por Consciência; mas eram pequeninos cavalinhos azuis do tamanho dos cavalinhos de brinquedo... Tinham a grande missão de despertar bons pensamentos... Seus nomes eram: Animado; Amoroso; Casto; Inapetente; humilde; Modesto; Dadivoso...
Vejam o começar das rotinas na minúscula Colônia Subconsciente:
LABIRINTO DA PREGUIÇA:
- Deus da Preguiça: o que queres tu de mim ó impuro mortal das crateras e dos subterrâneos?
- Anãozinho Preguiçoso: nada posso pedir-vos, exceto invejá-lo por ser Deus, e eu um anãozinho desqualificado e preguiçoso...
- Deus da Preguiça: quanto a isso, nada posso fazer por você; mas posso conseguir uma consulta com o Cavalinho Azul Ânimo...
- Anãozinho Preguiçoso: e será que eu posso marcar uma hora com ele? Ou vou ter que entrar naquelas filas imensas?
- Deus da Preguiça: nada de hora marcada, o jeito é entrar na fila como os outros...
- Anãozinho Preguiçoso: está bem. Amanhã eu vou tentar acordar bem cedinho, pois se não estiver muito cansado, vou tentar falar com o Cavalinho Azul Ânimo... Muito obrigado meu Deus da Preguiça... Ó quanta inveja eu tenho da tua divindade!
LABIRINTO DA IRA
- Deus da Ira: o que queres tu de mim ó impuro mortal das crateras e dos subterrâneos?
- Anãozinho Irado: sem causar-lhe grandes irritações quero pedir-lhe o consentimento para esbofetear a minha mulher?
- Deus da Ira: o que fez a infeliz criatura dos mortais?
- Anãozinho Irado: meu Deus da ira, minha mulher virou as costas pra mim e me deixou falando sozinho?
- Deus da Ira: lamente-se depois de esbofeteá-la; mas queira consultar, depois, o Cavalinho Azul Amor...
- Anãozinho Irado: Cavalinho Azul Amor pode me ajudar?
- Deus da Ira: assim são as coisas aqui na Colônia Subconsciente: cometem-se os pecados; depois os sete cavalinhos azuis dão a orientação necessária...
- Anãozinho Irado: eu nunca consultei o Cavalinho Azul Amor. Será que ele vai ficar contra a minha mulher?
- Deus da Ira: já chega de lamúrias! Basta de ficarem me azucrinando as idéias! Vá embora agora! Ou prefere ser engolido vivo pelas serpentes?
- Anãozinho Irado: não meu adorado Deus da ira, fique bem... Eu já estou indo embora...
LABIRINTO DA LUXÚRIA:
- Deus da Luxúria: em que posso lhe ser útil ínfimo anãozinho dos mortais mais depravados?
- Anãozinho Luxurioso: Eu quero possuir cinco mulheres ao mesmo tempo; e ser possuído por dois homens... Posso?
- Deus da Luxúria: poderia gozar de todos os jeitos, se tivesse mais garantia nos teus orgasmos...
- Anãozinho Luxurioso: mas o que há de errado comigo, meu Deus? Não sou depravado o suficiente para garantir os meus orgasmos?
- Deus da Luxúria: queira me desculpar; mas não te acho tão devasso quanto quer me parecer – pode ser que uma consulta com o Cavalinho Azul Casto possa lhe ser mais útil... Mas se prefere pecar?
- Anãozinho Luxurioso: Eu acho que estou em dúvida. Talvez eu deva conversar com o Cavalinho Azul Casto...
- Deus da Luxúria: acho que tudo poderia ser mais excitante; mas sendo um infeliz anãozinho mortal...
- Anãozinho Luxurioso: Vou pensar no que fazer: já vou indo...
LABIRINTO DA GULA:
- Deus da Gula: pode sentar em minha enorme mesa; mas não se atreva em comer os meus petiscos...
- Anãozinho Guloso: estou morrendo de fome! Por misericórdia, eu quero esta enorme cochinha de faisão... Não posso refrear os meus estômagos vazios: estou com tanta fome que comeria até o senhor meu Deus da Gula...
- Deus da Gula: insolente e doente criatura anã dos subterrâneos e das crateras pense melhor, pois eu mando arrancar dois dos teus quatro estômagos – e dou para os porcos!
- Anãozinho Guloso: se a vossa divindade soubesse o quanto a fome me tem perseguido, pois eu sou um doente da fome: como a todo instante; mas estou sempre com fome...
- Deus da Gula: mandarei cortar a tua língua e te livrar dos teus dentes; haverei de me livrar de você... Agora saia já do meu castelo!
- Anãozinho Guloso: está muito bem, não vou mais importuná-lo... Vou achar algo para comer em algum lugar... Vou indo...
- Deus da Gula: procure o Cavalinho Azul Inapetente...
LABIRINTO DA SOBERBA:
- Deus da Soberba: quem é que se atreve em perturbar o meu despertar dos deuses, invadindo os meus aposentos; se no meu castelo não entra qualquer um?
- Anãozinho Arrogante: sou este arrogante anãozinho que precisa dos seus conselhos soberbos... Não quer me receber?
- Deus da Soberba: fala criatura arrogante, que te fizeram desta vez?
- Anãozinho Arrogante: fui traído pelas minhas dezessete mulheres... E todas me traíram com o mesmo homem: o meu vizinho! Não sei o que fazer numa situação dessas? Eu quero me vingar das minhas mulheres, matando o meu vizinho...
- Deus da Soberba: não seja tolo, pois vai ser morto pelas serpentes agindo assim... Faça o que eu digo: enforque-se na primeira árvore que encontrar pela frente... Se não tiver coragem, engula o teu orgulho e procure o Cavalinho Azul Humilde...
- Anãozinho Arrogante: está muito bem, eu vou me decidir...
LABIRINTO DA VAIDADE:
- Deus da Vaidade: sou tão belo que não preciso de espelhos: eu sou o próprio espelho, e todos se olham em mim, admirados com o meu esplendor... Mas quem será a esta hora? Entra e diga logo porque veio? E não canse a minha estonteante beleza...
- Anãozinho Vaidoso: sou o anãozinho mais belo da Colônia Subconsciente; e nunca me senti tão feio em minha vida...
- Deus da Vaidade: o que te fez ficar tão feio assim? Quem foi o espertalhão que realizou esta proeza?
- Anãozinho Vaidoso: foi o anãozinho mais velho da Colônia Subconsciente o responsável por tanta desgraça... Ele conseguiu me convencer que eu era muito feio, usando um espelho mágico destruidor da beleza: fiquei horrendo meu Deus...
- Deus da Vaidade: se o espelho te convenceu da tua possível feiúra, motive-se a pensar que não seja tão belo, nestes teus 53 anos, meu filho...
- Anãozinho Vaidoso: acho que não sou tão belo quanto pensava; mas e agora, o que devo fazer para recuperar a minha auto-estima, e continuar a me gostar como antigamente?
- Deus da Vaidade: só há uma coisa a fazer: procure o Cavalinho Azul Modesto; ele poderá lhe ajudar... E agora me deixe sozinho, pois vou pintar os meus cabelos e me maquiar para o jantar dançante dos sete véus...
- Anãozinho Vaidoso: está bem, estou indo embora, e vou procurar o Cavalinho Azul Modesto...
LABIRINTO DA AVAREZA:
- Deus da Avareza: ó céus, querem invadir o meu castelo, querem roubar a minha fortuna, o meu precioso ouro: não gasto um centavo com nada, nem com flores para enfeitar o meu caixão - se um dia eu morrer; mas os deuses não costumam morrer: ai que bom, assim eu não preciso gastar o meu adorado dinheiro (jogando dinheiro para o alto)... Ouvi um barulho! Quem está aí? E rapidamente esconde uma grande quantia de dólares debaixo do colchão...
- Anãozinho Avarento: sou eu grande divindade, o anãozinho mais pobre da Colônia Subconsciente... Posso entrar?
- Deus da Avareza: já está quase aqui dentro criatura insignificante, pois então que entre...
- Anãozinho Avarento: estou colecionando cofres na minha casa, e todo o pouco dinheiro que consigo, trabalhando em horas extras, é introduzido nos meus cofrinhos... Tenho passado fome; mas acho que estou enricando... O senhor saberia me orientar em como aplicar o meu dinheirinho?
- Deus da Avareza: só há um lugar seguro para se acumular dinheiro: debaixo do colchão! Os banqueiros usam o nosso dinheiro, e no meu dinheiro banqueiro nenhum bota a mão... É assim que acumulo a minha fortuna: guardando adentro do meu castelo...
- Anãozinho Avarento: então, estou certo em guardar os meus trocados nos meus cofrinhos? Mas como vou me sustentar, sem quebrar os meus cofrinhos?
- Deus da Avareza: o princípio fundamental da antiga Economia é acumular lucros; mas nunca gastar um centavo sequer: eu sou o inventor da antiga Economia...
- Anãozinho Avarento: como eu faço para fazer as minhas refeições, se não posso gastar o meu dinheirinho?
- Deus da Avareza: faça as suas refeições numa casa de algum vizinho idiota... E agora chega desta conversa, preciso dar uma boa olhada nos meus dólares e no meu ouro... Vá embora e me deixe sossegado, anãozinho pobretão...
- Anãozinho Avarento: eu estou precisando de bons conselhos: como eu posso encontrar uma boa alma para me ajudar?
- Deus da Avareza: se quiser bons conselhos, então procure o Cavalinho Azul Dadivoso...
A Colônia Subconsciente, como vocês já sabem, era um planetóide chamado Loucura... E os anãozinhos louquinhos eram comandados por sete Deuses, que viviam em seus grandes castelos... Os anãozinhos louquinhos viviam nas crateras e nos subterrâneos (dentro de labirintos)... Os subconscientes pensamentos da população do Planetóide Loucura (ou Colônia Inconsciente), desprovidos de pensamentos conscientes altruístas, faziam daquelas gentes baixinhas umas criaturas enlouquecidas pelos sete pecados capitais... (Vamos até as Colinas da Consciência para descobrir o que acontece por lá... E o que fazem os sete Cavalinhos Azuis...)
Pois era nas Colinas da Consciência que sete lindos cavalinhos azuis moravam... E costumavam brincar de galopar em círculos para aquecer a musculatura: eram pequeninos cavalinhos azuis, porque os seus pensamentos eram azulados como os céus dos Universos infinitos...
Os anãozinhos, que eram inconscientes, procuravam os cavalinhos azuis para despertar à consciência... Queriam aprender a pensar de forma positiva, consciente, livrando-se dos sete pecados capitais... E bem sabiam que não era fácil começar uma vida nova, cheia de virtudes, e longe dos vícios do Planetóide Loucura...
Vamos ver o que está se passando nas Colinas da Consciência: numa linda pastagem azulecente, com uma variedade de lindíssimas tulipas, pastando gramas azuladas, os sete cavalinhos estavam sempre disponíveis para receber e orientar os anãozinhos louquinhos da famosa Colônia Subconsciente... E eis que chega o Anãozinho Invejoso, aos gritos, querendo se consultar... Mas a fila para as consultas era imensa, e ele teria que esperar... No fim da tarde, o Cavalinho Azul Ânimo chama o Anãozinho Preguiçoso:
- Cavalinho Azul Ânimo: porque tamanha gritaria e nervosa impaciência seu Anãozinho Preguiçoso?
- Anãozinho Preguiçoso: o meu vizinho comprou uma casa nova e um carrão novinho, zero quilômetro; e eu tenho uma casa caindo aos pedaços e uma charrete com um pangaré aposentado... Estou morrendo de inveja dele, uma inveja incontrolável, e estou me sentindo muito mal... Como eu faço para mel livrar deste horrível pensamento subconsciente?
- Cavalinho Azul Ânimo: meu querido anãozinho, o senhor tem que vigiar os teus pensamentos conscientes; e procurar trabalhar mais para adquirir os teus bens de consumo – deixa de ser preguiçoso!
- Anãozinho Preguiçoso: mas porque eu devo vigiar os meus pensamentos conscientes?
- Cavalinho Azul Ânimo: o teu pensamento lá do teu subconsciente sempre recebe os teus pensamentos, quando ainda estão conscientes, recebendo-os sem pestanejar, executando cada um deles do jeitinho que eles são...
- Anãozinho Preguiçoso: então tudo que eu penso é aceito pelo meu subconsciente, e ele executa tudo sem se preocupar com as barbaridades que eu penso; isto quando eu resolvo pensar: tenho uma preguiça...
- Cavalinho Azul Ânimo: exatamente! Não tenha nenhuma dúvida quanto a isto: se os teus pensamentos forem os piores possíveis; o teu subconsciente registra tudo do jeitinho que receber – e depois os realiza, ou melhor, materializa cada um deles...
- Anãozinho Preguiçoso: então se eu vigiar os meus pensamentos conscientes, procurando pensar só coisas boas, eu vou melhorar a minha vida em tudo, até acabar com esta preguiça danada?
- Cavalinho Azul Ânimo: bravo Anãozinho Preguiçoso! Sim, mudará a sua vida em todos os sentidos; uma vez que os teus pensamentos conscientes sejam vigiados, tornando-os pensamentos purificados: o teu subconsciente, que recebe todas as informações do teu consciente, sem discernimento algum, fará cópias idênticas da tua consciência...
- Anãozinho Preguiçoso: então se eu pensar sempre que sou um anãozinho feliz, deixarei de ser invejoso?
- Cavalinho Azul Ânimo: este é o ponto: você decide a pessoa que você deseja ser, sem tirar nem por...
- Anãozinho Preguiçoso: eu já estou me sentindo mais feliz, e não vou mais sentir inveja dos outros... Que coisa, que maravilhosa conversa que nós tivemos Cavalinho Azul Ânimo... Muito obrigado por tudo! Agora eu tenho que ir contar a boa novidade para a minha esposa... Adeus!
- Cavalinho Azul Ânimo: adeus e volte sempre que precisar dos meus conselhos animadores...
Alguns metros mais acima, na Colina Consciência, um alvoroço de anãozinhos irados, que costumam ser sempre briguentos, é aquietado pelo Cavalinho Azul Amoroso; que, em seguida chama o primeiro anãozinho da fila:
- Cavalinho Azul Amoroso: chegue mais perto para que possa vê-lo melhor criaturinha birrenta!
- Anãozinho Irado: tenho pressa, muita pressa! Estou querendo me vingar do meu irmão: eu o odeio, pois acabou com todos os meus sonhos de artista...
- Cavalinho Azul Amoroso: acalme-se criaturinha insuportável, e me diga o que foi que e teu irmão fez contra um anãozinho irado tão bonitinho?
- Anãozinho Irado: o desgraçado deu ordens para saquearem a minha rede de artes, e ainda queimaram o meu vasto currículo: estou morto de ódio!
- Cavalinho Azul Amoroso: não faça uma tempestade em copo d’água; as coisas poderiam ter sido piores...
- Anãozinho Irado: mas como pior, o que poderia ser pior do que isto?
- Cavalinho Azul Amoroso: já pensou se além de terem queimado o teu currículo; tivessem te matado? Enquanto há vida, existe esperança; e você anãozinho irado bonitinho está vivo e tem que pensar de forma positiva – assim, poderá recomeçar a tua vida; ainda que do nada...
- Anãozinho Irado: devo recomeçar do nada? E esquecer a grande maldade que me fizeram?
- Cavalinho Azul Amoroso: sim. Recomeçar do nada e perdoar os teus agressores, entregando para a justiça divina as resoluções que se façam necessárias... E seja amoroso com a vida, que a vida te confortará...
- Anãozinho Irado: e como eu faço para me livrar deste ódio e desta vontade de vingança que estou sentindo?
- Cavalinho Azul Amoroso: use o poder da sua imaginação: pense que você é feliz, que os teus problemas estão sendo resolvidos... É assim que o teu subconsciente executará os desígnios de uma vida nova, cheia de amor...
- Anãozinho Irado: se é assim que as coisas funcionam, então vou procurar pensar só coisas boas... Eu vou indo, adeus Cavalinho Azul Amoroso!
- Cavalinho Azul Amoroso: adeus! Volte sempre que for preciso e mantenha a serenidade...
Num recanto mais elevado, com um jardim florido, o Cavalinho Azul Casto atendia aos anãozinhos luxuriosos; que faziam dobrar a fila nos pastos primaveris da Colina Consciência – e o primeiro está sendo atendido:
- Cavalinho Azul Casto: ó anãozinho luxurioso, que agitação é esta criaturinha devassa?
- Anãozinho Luxurioso: tenho sede de sexo, só penso em sexo; e gosto de fazer sexo com cinco mulheres e dois homens entrelaçados em meu corpo: só sei ter orgasmos assim...
- Cavalinho Azul Casto: cruzes! Menininho exagerado, cheio de volúpias estropiadas... Você precisa controlar os teus pensamentos eróticos e ser mais decente: não pode abusar da tua sexualidade deste jeito aloucado...
- Anãozinho Luxurioso: eu quero parar; mas eu não consigo me controlar – o pior é que estou gastando muito dinheiro para realizar as minhas fantasias... O que posso fazer para acabar com tanta loucura?
- Cavalinho Azul Casto: é preciso ter a firmeza do pensamento consciente, pensar coisas boas e castas, sempre pensando que o sexo é sagrado; e deve ser feito com amor e com a pessoa amada: é pensando assim que o teu subconsciente receberá os bons pensamentos conscientes, e irá executá-los prontamente – é muito simples...
- Anãozinho Luxurioso: sei, então se eu pensar que sou uma pessoa controlada; e que faço sexo somente com a pessoa amada, mudarei a minha vida sexual?
- Cavalinho Azul Casto: mas é claro, meu querido... Todas as tuas boas vontades sempre se realizarão, se os teus pensamentos conscientes forem bons...
- Anãozinho Luxurioso: mas é muito fácil! Vou mudar a minha maneira de ver a vida, vou moderar os meus desejos orgásticos... Ai que bom... Então, eu vou indo...
- Cavalinho Azul Casto: vai com Deus e volte sempre!
Neste momento, num lugar mais elevado, na Colina Consciência, o Cavalinho Azul Inapetente está atendendo o primeiro anãozinho guloso:
- Cavalinho Azul Inapetente: que barriguinha estufada é esta danadinho, você anda comendo em demasia?
- Anãozinho Guloso: fui numa churrascada na casa do meu compadre, e acabei comendo uns três quilos de carne, meio quilo de salada de maionese e um quilo de arroz: ainda bebi sete garrafas de cerveja – estou enjoado!
- Cavalinho Azul Inapetente: que coisa horrível, que coisa absurda, pode até morrer de congestão...
- Anãozinho Guloso: eu sei; mas é incontrolável a minha vontade exagerada de comer: sei que posso morrer a qualquer hora – o que eu posso fazer?
- Cavalinho Azul Inapetente: fecha a boca criaturinha insaciável! Aprenda a comer com moderação...
- Anãozinho Guloso: mas como eu vou conseguir resistir à tentação das comilanças?
- Cavalinho Azul Inapetente: com bons pensamentos e com inapetência alimentar... Pense sempre, quando comer, que você já está saciado: o teu subconsciente vai receber as informações conscientes, aplicando-as imediatamente...
- Anãozinho Guloso: se eu pensar que devo comer o suficiente para me alimentar, dá resultado?
- Cavalinho Azul Inapetente: com bons pensamentos e muita força de vontade, terá bons resultados...
- Anãozinho Guloso: se é assim, então vou procurar me corrigir: fechar a boca, comer menos, não é?
- Cavalinho Azul Inapetente: exatamente! Você é vivo, entendeu as minhas explicações... Parabéns!
- Anãozinho Guloso: obrigado por tudo! Vou indo...
- Cavalinho Azul Inapetente: seja feliz! E volte sempre que precisar...
Num ponto um pouco mais elevado da Colina Consciência, o Cavalinho Azul Dadivoso se assusta com a multidão que o espera para ser atendida. Perto da sua estrebaria, tem um lindo riacho que é um colírio para os olhos... Cavalinho Azul Dadivoso chama o primeiro da fila:
- Cavalinho Azul Dadivoso: pode ir falando meu filho, o que é que te aflige? O que te fizeram?
- Anãozinho Avarento: estou desesperado! Roubaram toda a minha fortuna, e a minha mulher foi junto com o desgraçado... Como vou viver sem o meu dinheirinho?
- Cavalinho Azul Dadivoso: pode ser que isto tenha acontecido para o teu bem... Tenha calma...
- Anãozinho Avarento: que calma qual nada, eu quero a minha fortuna, eu quero a minha fortuna... Adoro acordar e ficar contando cada centavo da minha fortuna... Como vou viver sem o prazer de juntar dinheiro?
- Cavalinho Azul Dadivoso: descobrindo os teus verdadeiros prazeres da vida espiritual, mudando os teus hábitos, tornando-se uma pessoa mais caridosa...
- Anãozinho Avarento: uma pessoa mais caridosa? Ficar distribuindo riquezas para as pessoas infelizes? É isto que eu devo fazer para recuperar o meu dinheiro?
- Cavalinho Azul Dadivoso: para recuperar o teu dinheiro não; mas para começar uma vida nova, cheia de boas atitudes de solidariedades... Pense bem nisto...
- Anãozinho Avarento: e como eu faço para deixar de ter prazer em ficar amontoando dinheiro debaixo dos meus 500 colchões da minha mansão? Como mudar?
- Cavalinho Azul Dadivoso: usando os teus alvos pensamentos conscientes, ora, ora, meu anãozinho...
- Anãozinho Avarento: alvos pensamentos conscientes, o que significa isto? Não entendi nada...
- Cavalinho Azul Dadivoso: pense que o senhor está feliz, que encontrou uma mulher carinhosa e que a caridade tomou conta do seu coração: o teu subconsciente vai aceitar estes pensamentos bons como verdade absoluta, e vai operar as mudanças necessárias na tua vida – é muito simples...
- Anãozinho Avarento: se é tão fácil assim, eu vu tentar pensar de forma mais positiva...
- Cavalinho Azul Dadivoso: muito bem, assim é que se fala: eu tenho certeza que o senhor será recompensado por Deus se mudar o seu modo de pensar...
- Anãozinho Avarento: vou procurar aplicar os meus próximos dinheirinhos em benefício da humanidade... Bem, então, muito obrigado por tudo... Eu vou indo...
- Cavalinho Azul Dadivoso: vai com Deus e seja muito feliz... E não se esqueça: volte sempre!
Subindo ainda mais alto na Colina Consciência, o Cavalinho Azul Humilde preocupado com a confusão que os anãozinhos arrogantes estão fazendo – todos querendo ser o primeiro a ser atendido... A paisagem de tulipas é linda...
- Cavalinho Azul Humilde: chega de presunções, que entre o primeiro da fila, sem empurrões...
- Anãozinho Arrogante: eu cheguei aqui primeiro, que audácia tentarem me empurrar para a ribanceira abaixo: sou o anãozinho mais sábio e mais inteligente do Planetóide Loucura...
- Cavalinho Azul Humilde: e o que o incomoda seu anãozinho pretensioso?
- Anãozinho Arrogante: as pessoas estão me evitando, me deixando isolado nas festividades: estou muito sozinho, pois ninguém quer conversar comigo...
- Cavalinho Azul Humilde: e o senhor tem idéia do porque desta situação preocupante?
- Anãozinho Arrogante: sei lá, mas acho que a Colônia Subconsciente inteira tem inveja de mim; pois sou muito melhor que todos eles...
- Cavalinho Azul Humilde: eu penso que o senhor, apesar de ter mais qualidades que os outros, deve agradecer as bênçãos divinas; e procurar ser humilde nos teus relacionamentos: ninguém é melhor do que ninguém; somos todos espíritos imperfeitos em processo de depuração – seja menos arrogante, e aceite as pessoas como elas são...
- Anãozinho Arrogante: então, eu sou o problema? Tenho sido uma pessoa intragável, e por isso as pessoas estão se afastando de mim?
- Cavalinho Azul Humilde: não querendo nunca lhe desapontar; mas apesar de grande inteligência, não sabe usá-la para fazer o Bem...
- Anãozinho Arrogante: sei... Apesar de desgostar do que estou ouvindo, faz sentido... Mas como vou poder reverter esta situação insuportável?
- Cavalinho Azul Humilde: com o poder dos teus pensamentos subconscientes... Comece a ter pensamentos conscientes positivos, humildes e bons: o teu subconsciente receberá estas boas informações e transformará a sua vida... Tem que ter persistência com os bons pensamentos...
- Anãozinho Arrogante: faço qualquer coisa para recuperar a minha dignidade e o meu prestígio... Vou seguir os seus bons conselhos... Bem, eu vou indo...
- Cavalinho Azul Humilde: vai com Deus, e lembre-se de ser sempre uma pessoa humilde... Volte sempre...
No cume da Colina Consciência, com belos e grandes chafarizes, onde peixes dourados e azulados nadavam, ornamentavam o ambiente deslumbrante; o Cavalinho Azul Modesto saía da sua estrebaria para atender a população vaidosa da Colônia Subconsciente: quem é o primeiro?
- Anãozinho Vaidoso: sou eu ora bolas, o anãozinho mais belo do Planetóide Loucura!
- Cavalinho Azul Modesto: e o que quer o mais belo dos mortais?
- Anãozinho Vaidoso: quero poder estilhaçar os 400 mil espelhos da minha casa, sem que os vizinhos percebam?
- Cavalinho Azul Modesto: mas porque o senhor quer destruir todos os espelhos da sua casa, eles não são bonitos?
- Anãozinho Vaidoso: bonitos eles são; não tão bonito quanto eu... Mas estão ficando velhos, e deram para mentir para mim...
- Cavalinho Azul Modesto: como assim? Os espelhos de sua casa estão a mentir para o senhor? Está ficando maluco, com o perdão da palavra inaudível?
- Anãozinho Vaidoso: não estou louco! Eles estão a me dizer, a todo instante, que estou velho e feio... Mas sou belo e jovem: um cinqüentão é verdade, mas belo!
- Cavalinho Azul Modesto: os espelhos não estão mentindo para o senhor: acontece que o senhor já não tem o influxo da sua juventude saudosa – os anos vão pesando em nossos corpos, e a beleza começa a desaparecer... Isto acontece com todas as pessoas, inclusive com as mais belas: as mais belas são as que mais sofrem quando perdem a beleza – isto é triste; mas inevitável...
- Anãozinho Vaidoso: quer dizer que estou perdendo a beleza porque estou envelhecendo? Como eu faço para rejuvenescer? Fazer ginástica e cirurgias plásticas?
- Cavalinho Azul Modesto: ginástica e muitas cirurgias plásticas podem retardar o envelhecimento; mas as pessoas envelhecem mesmo assim – o tempo não perdoa...
- Anãozinho Vaidoso: não saberei viver sem a minha beleza; pois eu prefiro morrer a ouvir as risadas dos meus inimigos invejosos...
- Cavalinho Azul Modesto: é apenas outra fase na sua vida: a velhice é sapiente... Procure ter bons pensamentos, ter atividades produtivas e prestativas à sociedade... Se agir assim, acabará por esquecer que um dia foi belo...
- Anãozinho Vaidoso: e como faço para aceitar a minha nova realidade de velho feio?
- Cavalinho Azul Modesto: imagine somente bons pensamentos conscientes; e o teu subconsciente fará o que tem que ser feito: executará as ordens da tua consciência...
- Anãozinho Vaidoso: se não tem outro jeito, vou aceitar a tua sugestão... Está bem, eu vou indo...
- Cavalinho Azul Modesto: seja mais modesto, aceite a tua nova realidade... E volte sempre que precisar...
E assim termino esta estória dos sete cavalinhos azuis, que eram tão pequeninos como cavalinhos de brinquedo; mas que entendiam muito das loucuras dos anãozinhos indisplicentes e extremamente pecadores... Até a minha próxima estória, pois sou um contador de estórias...















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