É muito bom saber, que mesmo que os anos passem, e são muitos, o olhar de amor permanece, muito além da imagem que se forma na retina. Apesar do tempo, apesar das vidas separadas, apesar das distâncias, apesar de realidades diferentes, ficou o primeiro momento, o primeiro olhar, o primeiro beijo, o primeiro amor.
Mais lindo ainda é saber que a poesia está viva, sempre a mesma, recitada com a mesma entonação, com a mesma emoção, com o mesmo desejo de amar. Que a música que ainda ouço, causa o mesmo efeito, e move as lembranças para um passado, e causa um efeito gostoso, um efeito de bem estar, uma sensação de ter valido à pena.
Obrigada meu Valentim, por cada momento de amor, que foi ontem, continua hoje e será sempre até o fim.
Valentina
O laço de fita ~*~*
Não sabes, criança? `Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu`enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh`alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N`alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c`roa...
Teu laço de fita.
Castro Alves |