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Contos-->Cheiro de café -- 06/08/2010 - 15:25 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Cheiro de café

Manhã fria de junho. Uma moça sentou-se ao meu lado. Trazia um copo de café. Cheirava muito bem a bebida! Concordo com aqueles que dizem que o café tem aroma melhor do que o seu gosto. O ônibus foi tomado pelo odor agradável.
Sinta essa sensação! Dê trabalho ao olfato.
O café recém-passado, fresquinho, lembra copa de casa grande, mesa para muitas pessoas, risada, fresta de sol penetrando, galo cantando e, claro, pão quente.
Lembra, também, a casa da gente, na infância. A minha mãe levava, às quatro da tarde, pontualmente, a caneca de ágata com café fumegante de tão quente. Ao lado, no pratinho, as bandas de pão com manteiga. Em complemento, um guardanapo de pano, cuidadosamente dobrado.
Morávamos na Rua Afonso Pena, Tijuca. À época, um bairro agradável da cidade do Rio de Janeiro, arborizado, totalmente “família”. Que paz! Recordação gostosa! Faz-me voltar aos tempos de criança. Provoca a saudade dos queridos que já partiram.
Certa passagem marcante a revelar: tarde de inverno, a noite chegava. Um jovem bateu na janela do apartamento térreo. Tinha a aparência da pobreza, coitado! Pediu dinheiro para comer. Minha mãe disse que poderia dar pão. Apressou-se em preparar, adicionando um naco de goiabada cascão, que o tio Henrique trouxera na véspera. Acrescentou um copo, daqueles de geleia, com café.
No dia seguinte, vimos que o sanduíche tinha ficado no chão. O jovem não o quis. Pena, não?! Não esqueci o ocorrido. Hoje, quando vejo alguém pedindo comida, recordo-me do pão largado.
Eu tinha uma preocupação de menino, embora fosse pequeno ainda, querendo ser gentil. Oferecia ao nosso visitante um “apezinho”. Não sabia, naquela altura, falar “cafezinho”.
Na mesa de canto, da sala do meu avô, havia uma coleção de pequenas xícaras. Algumas não tinham pires. Em outras, as asas quebraram-se. Os tamanhos e cores variavam. Eram avulsas. A maioria recebida de presente. Suas origens eram diferentes. A minha preferida tinha a imagem de uma japonesa em alto relevo no seu interior, no fundo. Eu gostava de passar o dedo em cima das feições. O meu dedo era fino, sentia cócegas.
Voltando à moça do ônibus: ela parecia ser jornalista. Não sei o porquê... Dessas enxeridas, no bom sentido!
Seus cabelos eram fartos, encaracolados e negros. Óculos de grau forte estavam pendurados no nariz. Vestia suéter largo, cinza, até abaixo da cintura. Trazia mochila recheada. Ostentava um ar decidido, de quem chega “chegando”.
Aliar livros ao café ficou fácil. As livrarias, ao menos nas grandes cidades, oferecem, além das estantes, reservados para café. Aliás, esses locais são muito bem transados.
Adquire significado poético passarmos parte do nosso tempo, nesses estabelecimentos, sobre os livros, atentos, devorando ideias e sentimentos; provavelmente de cabeça baixa, naquelas mesinhas charmosas, lançando mão, de quando em vez, de uma xícara de café. A bebida embala a leitura, faz companhia, não é?
Conheci a atual namorada em uma situação envolvendo o café. Duvida?!
Vamos lá: perto do meu último emprego há um bar, está mais, até, para boteco, temos que considerar... A cada manhã, eu passava por ali, marcava presença. Falava de futebol, contava e ouvia histórias.
Claro que havia observado determinada frequentadora. Alta, magra, de cabeleira ruiva e desgrenhada com uma franja abusada penetrando nos olhos. Exagerando na comparação, ela tinha um quê do Marquês de Sabugosa!
Pois bem ou pois mal, um dia a criatura desmaiou. Foi uma confusão! Todos correram para acudi-la. Restou-me, sem nada de científico, apenas à guisa da aproximação, oferecer-lhe um café, para reanimar. Deu certo! Desse artifício, nasceu a relação. Fui atrás!
Nessa altura do papo, vou gerar espanto ao confessar que sou fissurado, mesmo, em chocolate, de preferência líquido, em xícara grande. Sendo quente, então, dependendo do clima... Hum, é bom demais!
Na confissão, uso de sinceridade: minha predileção está no “Theobroma cacao”, em detrimento do “Coffea arabica”. É do gosto. Pronto!

Alfredo Domingos Faria da Costa




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