Fui parte daquela grande embarcação.
Incluida no contexto de forma comum, como todos em volta.
Dado momento fui surpreendida por grande tormenta.
Os ventos sopravam forte e faziam o grande barco adernar.
Sentia-me tonta, enjoada...
Por minha causa, e algo que fiz de errado, causei grande transtorno.
Convocada à cabine do comandante, expus toda a situação.
Me sentia triste, e não havia outra sugestão, a não ser a partida.
Ali, bem ali, com o grande mar em volta, havia de abandonar o barco.
O que me esperava? não importou no momento,
havia apenas a consciência de que era preciso.
E apesar do mar revolto, das ondas altas,
Cheguei ao convés, e observada de soslaio,
pedi que os marinheiros baixassem as cordas do barquinho de socorro.
Sei que parecia suicídio, afinal, como sobreviver em meio à tormenta?
Mesmo assim, imbuída da desgraça que causei,
a única pena possível seria perecer, longe de todos,
consciente que a morte seria um benefício,
afinal não causaria mais, mal algum, ao contrario,
traria tranquilidade a todos que foram prejudicados direta e indiretamente.
O barquinho foi baixado, e o tempo passava,
o mesmo tempo que era tão necessário para que a tempestade
se ausentasse dali.
Quase em inércia, concisa, entrei no barco, e aguardei que as cordas
fossem baixadas, até que o casco tocasse a agua, ainda mexida pelas correntes.
Fiquei ali, imovel, com lagrimas enxutas pelo vento.
Não tomaria qualquer atitude, e a natureza seria a única responsavel pelo meu destino.
As horas passaram, os dias passaram, o mar já era calmo,
e eu à deriva, aguardava o destino.
A única atitude que jamais tomaria, seria voltar ao grande barco,
e pedir socorro, porque entendia, que seria olhada de longe e nenhuma mão
se ergueria para o meu resgate.
Esperei então a morte...
Houve grande ventania, e pequenas tempestades que me angustiavam profundamente,
mas seguia no firme proposito de aguardar meu fim, continuei ali.
Algum tempo passado, o mar acalmou, e pude dormir enfim um sono tranquilo.
Pouco tempo depois, avistei ao longe um porto. O dia estava claro, e já não havia
tempestades. Havia apenas a lembrança de dias ruins.
E para minha surpresa, meu barquinho ancorava sem minha ajuda,
no porto de onde sai, pra essa viagem tão cruel. E estava ali de portas abertas,
esperando minha passagem para que enfim fosse acolhida e percebesse que
ali era o meu lugar, e que qualquer viagem, nunca seria melhor
que o meu porto seguro.
VF |