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Contos-->O caso do acaso -- 08/07/2010 - 21:16 (Alfredo Domingos Faria da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O caso do acaso

Cidade do Rio de Janeiro. Ônibus cheio, hora do “rush”. Vários passageiros em pé.
Ele vislumbrou alguém. Pedindo licença, chegou perto. Queria contatar com aquela pessoa que lhe impressionou. Com tímidas palavras, deu início a uma conversa.
Adelaide aceitou, com reserva, a aproximação. A princípio, tomou como inconveniência, mas correspondeu ao diálogo, certa de que estava por se expirar.
A moça não havia tido dificuldades financeiras ou emocionais até então. Carregava, contudo, desesperança. Não era alegre nem expansiva. As espinhas da juventude deixaram marcas, que lhe acentuavam a amargura, apesar dos tratamentos experimentados. Usava cabelo longo para disfarçar as imperfeições do rosto; dando-lhe, todavia, um favorável jeito romântico.
O “papo” continuava meio arrastado, com poucas palavras, embora houvesse bastante empenho por parte de Augusto.
- Vou descer, o meu ponto é este – disse ela, cortando o assunto.
- Engraçado, é o meu também! – completou ele.
Desceram do ônibus. Pegaram o mesmo trajeto.
Desconfiada e um pouco irritada, Adelaide se limitou a caminhar sem demonstrar interesse.
Augusto é falante por natureza e comunicativo por profissão. Os anos cumpridos, dando aula de dança de salão, contribuíram para um espírito permanente de euforia; representado, na face, por um sorriso constante e, na voz, pelo alto volume. Nada é empecilho. Tudo lhe parece fácil.
- Ainda não sei seu nome. Qual é? – perguntou ele.
A resposta saiu entre os dentes, quase sem querer.
- Não vai perguntar o meu?
- É... Vou... Qual é?
- Augusto Monteiro. Mas gosto que me chamem de “Guto”, como a minha mãe faz.
A conversa estancou aí. Porém, para “Guto”, era preciso continuar, segundo o seu impulso.
- Vamos beber uma água de coco? Logo ali, tem um vendedor – ele sugeriu.
- Não posso. Estou indo visitar uma amiga, que me espera.
- O que é isso? Serão apenas uns instantes. Assim, nós conversamos. Sua amiga, se for mesmo do “peito”, vai entender. Afinal, não levará tanto tempo – apelou Augusto.
- Escute, Augusto, Guto, sei lá como chamá-lo... Não o conheço, ainda. Não sei se devo.
- Dê-me cinco minutos. Só preciso disso. Depois, pode ir, se eu não convencê-la.
Aí, Adelaide riu. De certa forma, já estava aceitando a lábia e a simpatia de Augusto.
Naturalmente que foram à água, houve convencimento para tal. Palavras... Palavras... Ela capitulou. Encantou-se com aquele discurso “velho”, mas convincente. O esforço da conquista venceu. Sentiu-se desejada, saboreando o líquido com prazer.
A caminho, fazendo os últimos esforços para sorver toda a água pelo canudo, disse ela em tom de separação: - vou deixá-lo, pois dobrarei na esquina, à esquerda.
Imediatamente, teve a resposta: - vou fazer o mesmo. Venha comigo!
- Você me faz pensar que a sua vontade é simplesmente seguir-me, não considerando o destino. Está é atrás de mim – desabafou Adelaide.
Augusto recorre a infinitos meios para obter o desejado, utilizando-se, também, da insistência, que é um traço característico da sua personalidade, sem se deixar cair na indelicadeza. Aliás, o “bom malandro” não maltrata, valoriza a quem almeja.
A caminhada a dois era agradável, embora inusitada. Os passos eram ritmados. As cabeças se moviam em todas as direções na intenção de não cruzar olhares. Havia um gostoso constrangimento.
- Pronto, ficamos aqui, porque eu viro à esquerda, e você deve continuar, não é? – na verdade, a tentativa dela de escapar misturava alívio e uma ponta de arrependimento.
- Engano seu. Continuo, mas com você. Dobro também – apressou-se ele a dizer.
Mais um quarteirão vencido, nova parada, quando, decidida, Adelaide falou: - agora é para despedir, pois, virando à direita, já é onde vou ver minha amiga. O edifício dela fica no meio da rua, logo ali, todo na cor azul. Daqui em diante, fico só.
Era cedo para Augusto. Estava longe da rendição. Não significava o fim da linha. Explicou que, se bem verificava, o prédio ao qual ia era o mesmo, o de número sessenta e quatro. O percurso em dupla não findara. Sim, seguiram o mesmo paradeiro, concordando, sem cerimônia, que se formava uma boa identificação entre ambos. As coisas estavam ficando claras! O pior cego é aquele que... (favor continuar)
No elevador, iniciando uma troca de telefones para contatos, constataram, com risos, que iam para o mesmo apartamento duzentos e dois. Augusto, o “bon vivant”, no melhor sentido, não se perturbou com o que estava para acontecer.
Cidinha abriu a porta, ao toque da campainha, para receber a amiga, que viera para o lanche. Ele seria apresentado como namorado. Os convidados chegaram juntos...
A partir daí, as artimanhas da vida ou os desejos das pessoas delineariam o futuro, tendo como começo o acaso do encontro e a coincidência do endereço de destino.
Alfredo Domingos Faria da Costa
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