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Contos-->SUZANNY -- 30/06/2010 - 15:21 (Nicole Rodrigues) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
SUZANNY


- E como eu seria?

- Ah, você seria linda, linda... Teria os olhos azuis e o queixo quadrado do seu pai, e de mim herdaria a boca carnuda e os cabelos escuros.

- Humm... gostei! E o quê que tá faltando pra eu nascer, mamãe?

- Falta o seu pai, meu bem.

- Você não o encontrou ainda?

- Encontrei...

- Então por que eu ainda não nasci?

- Porque eu e seu pai estamos separados, querida.

- E vocês não vão fazer as pazes?

- Eu espero que sim.

- Ele está bravo com você?

- Não, ele não está bravo comigo.

- Ah! É você quem está brava com ele, né?

- Não, também não. Nenhum de nós está bravo. Apenas não estamos juntos agora...

- Então por que você não arruma um outro pai pra mim?

- Por que você só nascerá se ele for o pai. Só ele me daria a força que eu preciso para carregá-la dentro de mim.

- Essa força é o tal do amor que os adultos vivem falando?

- É. É exatamente disso que eu estou falando. Do amor.

- Pra ter um neném todo mundo tem que ter amor?

- Não. Infelizmente não, minha pequenina. Muitas pessoas não têm amor, mas têm coragem. Eu não tenho coragem de te trazer ao mundo sem te dar um bom pai. Além disso, eu tenho muito medo de partir no dia em que você chegar... Mas existe uma pessoa que pode me ajudar com isso. E é ele que eu quero que seja o seu pai, entendeu?

- Entendi... A gente não pode ligar pra ele agora e pedir pra ele ser o meu pai logo?

- Eu garanto que ele quer ser seu pai tanto quanto eu quero ser sua mãe. Mas ele também está com medo. Um medo diferente do meu, mas, ainda sim, capaz de dificultar o seu nascimento. Ele quer muito ter você por perto, mas nós precisamos resolver umas coisinhas antes.

- Xiii... Vai demorar pra eu nascer, né?

- Pode ser que demore um pouco sim, desculpe. A verdade é que eu e seu pai precisamos perder o medo de nos entregarmos. Prometo que farei todo o possível para mudar isso. Logo, logo estaremos prontos pra te receber e pode apostar que você será a criança mais amada do mundo.

- Você o ama?

- Muito.

- Ele te ama?

- Muito.

Ela sorriu. Um sorriso maroto, meigo. O olhar tão doce... Então observei sua imagem esvaecer dando lugar a pontinhos de luzes brancas e azuis. Quando não mais podia vê-la, ainda pude ouvi-la dizer:

- Então eu espero, mamãe... Eu espero.


Acordei.


E porque ainda podia senti-la por perto, peguei papel e caneta e me pus a escrever:


“Querida Suzanny,
minha linda pequenina,
que bom sonhar com você!
Esse bilhetinho é a prova de que te vi,
de que acredito na sua existência
e do quanto te quero.
Torça por mim e por seu pai e não tenha pressa,
garanto que não esquecerei minha promessa”.

Ass: Mamãe.


Nicole Rodrigues
© 2006 Biblioteca Nacional. Todos os Direitos Reservados.
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