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Contos-->Estrangeiros somos nós. -- 28/05/2010 - 22:22 (Marco Túlio de Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Estrangeiros somos nós.

Minha mãe fez uma torta de chocolate gostosa e bonita, compramos uns cinco refrigerantes de dois litros, e fomos nós, eu, minha irmã, meu cunhado, minha mãe e a empregada.
Estacionamos o carro na porta da escola (pública), batemos campainha e fomos muito bem atendidos.
Entramos, e por todo lado as professoras, as serventes perguntavam – esta torta é do aniversário do Luciano? Eu quero um pedaço.
Chegamos à sala de aula, fomos recebidos por uns doze “estrangeiros”.
Eu nunca vi tanta alegria e tanta pureza de alma.
Abraços, beijos e alegria por um pedaço de torta e um copo de refrigerante.
Tinha um grande que não falava nada, só abraçava todo mundo umas quarenta vezes.
Um outro forte e bonito ria quando nós tirávamos uma foto dele, quando ele via a foto na máquina digital ele pirava de alegria.
Tinha um tímido e pequenininho que comeu só um pedaço de bolo, então, eu cheguei perto dele e perguntei – Você só comeu um? E ele me respondeu – eu engasgo.
Uma grandona com um rosto lindo me entregou um presente para o meu sobrinho, e me disse – minha mãe comprou este jogo pro Lú, mas eu acho que ele não vai gostar porque ele não gosta destas coisas.
Tinha duas estrangeiras humildes e tímidas que ficaram o tempo todo, sentadas saboreando a torta e tomando refrigerante.
Fiquei no corredor e de repente o estrangeiro que gosta de tirar fotos, saiu correndo e foi buscar um monte de estrangeiros nas outras salas para tirar retrato com ele, foi aquela festa.
Neste intervalo uma estrangeira meiga e linda chegou perto de mim, e perguntou – Quem é o Luciano? Eu falei – é aquele ali. Ela então me perguntou – Você é pai dele?
Eu falei – não sou tio, ela sorriu e me disse – então, você é meu tio e saiu toda alegre.
O meu sobrinho é especial apesar dele não falar e não ter coordenação motora, ele bateu palma, gritou de alegria.
Depois de disso tudo eu fiquei achando que o aniversário era meu, pois, ganhei um presente que eu não vou esquecer nunca.
Conheci o mundo dos “estrangeiros” e no mundo deles todos são iguais perante eles.
Vi de perto os descasos das autoridades deste país; cadeiras duras; professoras com muito carinho; boa vontade; mas sem nenhum recurso para trabalhar no mundo dos “estrangeiros”.
Vi “estrangeiros” como eles são.
E descobri que estrangeiros somos nós.

Nota: meu sobrinho fez vinte e quatro anos (não fala, anda com dificuldade, chora só quando o almoço atrasa ou esta com dor, morre de rir se alguém cai ou leva um susto, adora televisão, passear de carro, é carinhoso e nem parece um estrangeiro).
Feliz aniversário Lú.

Autor: Marco Túlio de Souza
Todos os direitos reservados ao autor.

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