E temperei aquelas lágrimas de sorte
pois não seriam as mesmas
que a levaria a morte
e corri e a tive em meu colo
sobre seu olhar, seus livros, seu solo
esperando sarar seus cortes
mas ela não ouvia
não sentia
não chorava
tudo que ela tinha
ela perdia e se odiava
a sorte lhe batia
nem permitia
nem lhe beijava
atrás da parede
era meu feitiço que ela amava
era o pão que ela comia
e sorria e sofria
e se engasgava
não tinha sorte
não vinha a morte
e minha proximidade
a maltratava
até que um dia
ela parou de se deter
de me ver
mesmo eu sendo para ela
um sonho a escrever
nas cartas da sorte
quando a morte lhe veio
desfalecer
Criado por Manoel de Oliveira Santos
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