Realidade
Do sonho, a mais proibida,
da quimera, então distraída,
contra minha frágil vontade,
condenei-me à realidade.
Vi os desejos desfilarem,
os projetos definharem,
e ainda com pouca idade,
cedi-me à maturidade.
E a realidade perdura,
altiva, nítida, madura,
se ferida, não se cura,
porém, prende, ata, segura!
Só os sonhos nos levam longe,
levam- nos nem sei pra onde
põem -nos o corpo a levitar,
e a alma a viajar.
Sei que a verdade é dura,
sem igual, arranha e fura
e, apesar da crueldade,
vive em plena impunidade.
Porém, dormindo acalentada,
sonho, então, de madrugada,
quando, com pouca claridade,
fujo , enfim, da realidade.
|