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Artigos-->Reconstruir o bem comum, de Leonardo Boff -- 17/01/2003 - 10:18 (Michel Pinheiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos






Reconstruir o bem comum







Leonardo Boff

Teólogo







Publicado no jornal O POVO, dia 20 de dezembro de 2002







Um dos efeitos mais avassaladaores do capitalismo globalizado e de sua ideologia, o neoliberalismo, é a demolição da noção de bem comum ou de bem-estar social. Sabemos que as sociedades civilizadas se constroem sobre duas pilastras fundamentais: a participação (cidadania) e a cooperação. Juntas criam o bem comum. Mas este foi enviado ao limbo da preocupação política. Em seu lugar, entraram as noções de rentabilidade, de flexibilização, de adaptação e de competividade. A liberdade do cidadão é substituída pela liberdade das forças do mercado, o bem comum, pelo bem particular e a cooperação, pela competitividade.



A participação e a cooperação asseguravam a existência de cada pessoa e a vigência dos direitos. Negados esses valores, a existência de cada um não está mais socialmente garantida nem seus direitos afiançados. Logo, cada um se sente constrangido o garantir o seu: o seu emprego, o seu salário, o seu carro, a sua família. Ninguém é levado, portanto, a construir algo em comum. A única coisa em comum que resta é a guerra de todos contra todos em vista da sobrevivência individual.



Neste contexto, quem vai pensar o destino comum da espécie humana e da única casa coletiva, a Terra? Quem cuidará do interesse geral dos 6,3 bilhões de pessoas? O neoliberalismo é surdo, cego e mudo a esta questão fundamental. Seria contraditório suscitá-la, pois defende concepções políticas e sociais diretamente em oposição ao bem comum. Seu propósito básico é: o mercado tem que ganhar e a sociedade deve perder. Pois é o mercado que vai regular e resolver tudo. Se assim é por que vamos construir coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social.



Ocorre, entretanto, que o crescente empobrecimento mundial resulta das lógicas excludentes e predadoras da atual globalização competitiva, liberalizadora, desregulamentora e privatizadora. Quanto mais se privatiza mais se legitima o interesse particular em detrimento do interesse geral. É o triunfo do killer capitalismo. Quanto de perversidade social e de barbárie agüenta o espírito?



Que é o bem comum? No plano infra-estrutural, é o acesso justo de todos à alimentação,à saúde, à moradia, à energia, à segurança e à expressão artística. No plano humanístico é o reconhecimento, o respeito e a convivência pacífica. Porque sob a globalização competitiva foi desmantelado, o bem comum deve agora ser reconstruído. Para isso, importa dar hegemonia à cooperação e não à competição. Sem essa mudança, dificilmente se manterá a comunidade humana unida e com um futuro que valha a pena.



Ora, essa reconstrução constitui o núcleo do projeto político do PT e de Lula presidente. Entrou pela porta certa: Fome Zero. Colocou o fundamento seguro: a repactuação social a partir dos valores da cooperação e a boa vontade de todos. Afirma uma convicção humanística de base: não há futuro a longo-prazo para uma sociedade fundada sobre a falta de justiça, de igualdade, de fraternidade, de cuidado e de cooperação. Ela nega o anseio mais originário do ser humano desde que emergiu na evolução, milhões de anos atrás. Lula articula esse anseio ancestral e é dai que haure sua força convocatória. Se não for o PT e Lula, serão outros atores em outros tempos que o farão. Mas agora é Lula que suscita esse sonho bem-aventurado. Cooperação se reforça com cooperação que devemos oferecer incondicionalmente.









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