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Artigos-->89. DESUNIÃO PROVISÓRIA — OVÍDIA -- 17/01/2003 - 09:17 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


No bulício da cidade, pudemos distinguir entrevero de idéias que se digladiavam em torno do favorecimento de uns poucos que se encontravam inertes, sem afazeres, sem trabalho, largados pelas calçadas. Eram mendigos que chegavam de outras paragens para “tentar a vida” em nossa cidade.



Evidentemente, foram pessimamente recebidos, pois nada vinham oferecer em troca do muito que esperavam arrecadar, pois sua intenção de se estabelecerem em terras de proprietários legitimamente reconhecidos ficou bem clara, quando procuraram terrenos baldios e lá montaram barracos de lona, com a devida demarcação dos lotes. A sua vinda, longe de ser gratuita, era orientada por espíritos malignos, que buscavam perturbar o ambiente de paz da cidade.



Não demorou para que forças policiais, especialmente destacadas para a ocasião, viessem para o despejo das famílias recém-instaladas. Sem grande esforço, pois a resistência esboçada foi meramente formal, puderam ser retirados dos locais ocupados e daí foram para as calçadas, em ruas movimentadas do centro da cidade. Foi nesse momento que os surpreendemos a altercarem-se com seus perseguidores espaciais.



O seu entrevero se dava no domínio das mentes, sem que se pudesse notar exteriormente qualquer traço de discórdia pelos homens comuns que por ali passavam, emitindo vibrações de rejeição pelos infelizes que jaziam desorientados. O nível da discussão era bem baixo, pois, de todo lado, podiam perceber-se impropérios, acusações e, até mesmo, imprecações maldosas que visavam desonrar os litigantes do conflito ideológico.



Pleiteavam os encarnados o cumprimento das promessas que intuitivamente chegaram às suas mentes, feitas por aqueles que se diziam seus protetores, seus anjos da guarda ou ainda seus “santos”. Evidentemente, não se podia configurar, naquela situação, qual seria o desfecho do “bate-boca”, pois ambos os lados ameaçavam com vinganças descabidas.



Submetemos o fato à apreciação de nossos orientadores e veio-nos a ordem de mantermo-nos a distância dos acontecimentos, mas fomos autorizados a observar sem interferir.



Aos poucos, alguns membros do grupo de encarnados puseram-se a dormir, dado o adiantado da hora e o cansaço provocado pelas ansiedades do dia. Nesse momento de desprendimento perispirítico, embora ainda ligados à matéria, que jazia inerte sobre o lajedo, os espíritos dos encarnados enfrentaram-se com seus desafetos do outro plano, como se fora verdadeira batalha campal. Não se sabia, em certo momento, quem era quem naquele rebuliço. Mesmo aí não pudemos interferir e o que se verificou foi rompimento definitivo entre as forças oponentes.



Era isso o que objetivavam os nossos mentores e pudemos perceber que várias equipes socorristas chegaram para encaminhar os diversos grupos, orientando-os na melhor maneira de obterem sucesso em alguma tarefa moralmente elevada a que viessem a se dedicar dali para frente.



Sem que tivéssemos notado qualquer influenciação, as pessoas passaram a ter sonhos, que se projetavam em telas para ali trazidas pelos irmãos socorristas. Vimos nesses quadros aparecerem cenas em que os encarnados obtinham finalmente o seu pedaço de terra e ali se instalavam com a ajuda de pessoas abonadas. Mas não se dava arranjo total, pois toda vez que uma família era adejada pela felicidade, algum transtorno vinha perturbar a locupletação do ato. Aos poucos, foi sendo evidenciada a causa desses desarranjos: é que as pessoas aquinhoadas pelo benefício das terras e das casas se recusavam, intransigentemente, a contribuir para que houvesse a harmonia que tanto haviam pleiteado, pois não queriam, em nenhuma hipótese, engajar-se nas forças de trabalho que se exigiam para que se desse curso ao arranjo estabelecido. Ficava bem claro, na demonstração televisiva, que não havia qualquer esforço da parte dos protegidos para a concretização de seus sonhos.



Através de tal artifício, foi possível fazer com que todos se compenetrassem das próprias deficiências e pudemos observar que alguns aceitaram de boa mente o fato evidenciado, enquanto outros, teimosamente, preferiram contornar o problema, dando muitas desculpas psiquicamente elaboradas, para fugir aos compromissos que sabiam que tinham de aceitar, caso reconhecessem as falhas, pois nada se dá de graça no campo da evolução espiritual: é preciso que da conscientização dos problemas se passe às soluções, que exigem desforço de superação baseado em muito trabalho, muito sacrifício e desprendimento, que, no caso, eram a necessidade de se deixar de lado os vários vícios a que estavam jungidos (bebida e cigarro, principalmente), bem como a superação dos males morais (dentre os quais se destacava o da preguiça). Cansados da pressão moral que sofriam, estes últimos buscaram sair do “aperto” com violência, forçando o despertar dos sentidos.



Na manhã seguinte, novo entrevero pôde ser observado, agora não mais entre os dois planos, mas entre os que pretendiam esforçar-se para superar as suas deficiências, buscando algum tipo de trabalho, e os demais que desejavam invadir outras propriedades, para ali lançarem os alicerces de seus desmandos. De novo fomos impedidos de interferir, mas estávamos desconfiando de que os métodos empregados eram os mesmos da noite: dividir para ficar mais fácil a orientação dos que apresentavam qualquer resquício de recuperação. E assim se deu. Logo se formaram dois contingentes e cada qual tomou rumo diferente.







Este discorrer nos serve tão-só de modelo para que tenhamos oportunidade de desenvolver o nosso tema central: a forma de socorro que é aplicada segundo bem conhecido meio político entre os homens, ou seja, a maquiavélica vantagem de se poder governar os seres que se dividem e se digladiam entre si.



Não foi e nunca será intuito nosso favorecer como bom tal princípio entre os encarnados, pois o que devemos pregar é a união em torno de ideais, de objetivos comuns de benquerença e de amor ao próximo. No caso do trabalho espiritual, entretanto, o que se visava era bem diferente. Não era a separação pura e simples, para que se viesse a exercer o poder. Nunca! O que se pretendeu foi unir os semelhantes a seus semelhantes, de modo que se pudesse bem organizar o socorro planejado.



Nós ficamos tão impressionados com este trabalho que fizemos inúmeras anotações e até nos atrevemos a vir discorrer sobre ele em nossa mensagem. Todo meio é válido quando o fim é reconhecidamente superior, e será ainda mais válido quando transformado cada um deles como fim em si para atingir o objetivo maior. Na verdade, o adágio popular entre os homens adquire entre nós significado mais abrangente e mais elevado, pois sua validade está na validade de todo trabalho em nome do Senhor. Caso os humanos queiram argumentar, dizendo que meios existem que oneram a consecução dos objetivos, devemos retificar sua observação para “meios existem, entre os humanos, na malícia de sua ‘arguta’ inteligência, que prejudicam a conquista de metas tidas como boas”.



Se os homens não quiserem aceitar os fatos narrados como verdadeiros, dizendo que todo espírito que se preze atrai para si entidades de mesmo equilíbrio e de mesma capacidade magnética, devemos argumentar dizendo que esses atributos espirituais realmente existem, mas não tão rigidamente que venham a derrogar uma das supremas leis da criação: a livre evolução baseada no livre-arbítrio, o que faz com que espíritos hoje semelhantes, amanhã, por méritos próprios, podem diferenciar-se em seu comprimento de onda eletromagnética, o que fará com que se vejam antipáticos uns para com os outros, rejeitando-se mutuamente, advindo a separação.



Isto põe por terra o princípio de união irrevogável. Daqui o mérito dos métodos aplicados: enfatizaram-se apenas as tendências de separação que se vinham acentuando entre os vários componentes dos diferentes grupos em união temporária, mesmo porque os objetivos visados por eles se contrapunham, com muita força, contra princípios ordenados do mundo material que inviabilizariam qualquer pretensão de manutenção das terras invadidas.



Eis que buscamos revelar mais um meio de que se utilizam os irmãos socorristas no amparo aos homens que, muitas vezes inermes e até mal intencionados, ignoram completamente as tarefas e a preocupação que causam no plano espiritual. Caberá ao leitor prevenido tirar suas conclusões e estabelecer aproximações destes fatos narrados a outros de seu conhecimento, para transferir e generalizar as possíveis lições que venham a ser assimiladas e para passarem a agir segundo princípios de descortino moral, nunca esquecendo de fixar os seus objetivos sob as luzes do evangelho, na busca de concretizar atos de valor moral elevado e de acordo com os princípios do amor a Deus e aos semelhantes, realizando tudo o que desejarem baseados na caridade, que é a união sublime da fé, da esperança, do trabalho e da justiça. Só mais tarde, quando estivermos reunidos segundo princípios universalizadores, não nos separaremos mais e prosseguiremos juntos em nossa caminhada rumo à casa do Senhor.



Elevemos nossas preces ao Senhor, para que nos dê luz para nosso entendimento e para que possamos orientar-nos no sentido da compreensão, da aplicação e da divulgação, plena e segura, de suas sacratíssimas leis.



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