Usina de Letras
Usina de Letras
57 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62282 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
cronicas-->Sartei de banda! -- 23/08/2006 - 10:43 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sartei de banda!


Os propagandistas gostávamos muito de trabalhar em Cunha, SP. Naquela cidade os farmacêuticos e os médicos eram todos nossos amigos e nunca voltávamos de lá sem uma boa venda. Eram apenas três médicos na cidade: doutor Pedro, doutor Fued e o doutor Iznard Bezerra, um hospital e duas farmácias. Sempre saíamos de lá com a cota coberta, ou quase.
Primeiro, visitávamos o Zé Ludgero, um cara superlegal e otimista que nunca dizia não para nós. Depois de pegar um pedidão e tomar um café com ele no antigo ponto de ónibus que ficava ao lado da sua farmácia, partíamos para visitar os médicos. Era "vapt-vupt". O Faro, um eterno "caxias" apressado, dizia que tinha sido "macuco no emborná". Na Santa Casa, pegávamos outro pedido com a irmã Priscila e terminávamos o serviço na farmácia do Salvador Pacetti. Em menos de duas horas o serviço estava pronto. Que grande amigo era o Salvador Pacetti, que pessoa maravilhosa! A rodovia que liga Cunha ao Litoral hoje tem o seu nome. Uma pena que não esteja mais entre nós. Certamente está no céu, feliz pelas bandas de lá, proseando com os anjos, fumando o seu cigarrinho de palha.
Certo dia, eu e o Duarte, do antigo Sandoz, chegamos na sua farmácia e, após os cumprimentos de praxe, ficamos aguardando pelo atendimento. O pedido era certíssimo. O Mário, seu neto, já estava fazendo o nosso levantamento de estoque quando entrou uma velhinha reclamando de que estava com uma forte gripe e disse para o farmacêutico: "Salvador, estou gripada e quero um remédio bom e rápido..."
O Pacetti piscou para nós e falou para a velhinha: "Já sei qual remédio que a senhora está precisando tomar. Tenho um novo aqui que vai curar a senhora rapidinho...". Brincalhão, afastou-se do balcão e foi lá dentro buscar o tal remédio novo e milagroso. Alguns segundos depois retornou trazendo vários envelopes aluminizados e os entregou para a mulher, dizendo: "O que a senhora está precisando é tomar "Apracur", três vezes ao dia..." A velhinha quase caiu de costas. Arregalou os olhos e retrucou escandalizada: "O que é isso, seu Salvador, está me estranhando?... Sartei de banda!..."
No restante do Vale do Paraíba a coisa era diferente. Só havia pedreira. Os campeões disparados em judiar do vendedor moravam em Jacareí. Compravam e pagavam mal. Era uma merda. Lá havia o incrível João da Farmácia da Ponte, um cara de pau que um dia tentou me subornar com um vidro de Biotónico, sugerindo-me que só voltasse lá quando estivesse mais gordinho e saudável...
O Celestino era outro "carroção". Uma figura! Sua farmácia tinha o sugestivo e moderno nome de Farmácia Gloriosa. O cara usava um chapéu de feltro cor de palha, com uma pena de papagaio do lado esquerdo apontando para o céu. A sua mulher era tida por "mãe de santo" e vivia fumando charuto lá no fundo. Os representantes tinham que beijar a mão dela se quisessem vender. Receber era tarefa ainda mais difícil, mas isso é outra história.
Metido a curandeiro (mesmo sem entender absolutamente nada de remédio), um dia, o Celestino apanhou dentro da farmácia. Uma mulher, acompanhada pelo marido, chegou queixando-se de algumas dores indefinidas pelo corpo. Ao tentar ser preciso no diagnóstico, mas como não entendia nada de remédio, perguntou para a mulher: "SERÁ QUE NÃO É DE FARTA DE FERRO QUE A SENHORA TÁ CARECENDO?" O idiota do Celestino levou uma bela surra da mulher e do suposto broxa marido. Bem feito!




Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui