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Cronicas-->A RUA DO SECO -- 07/12/2000 - 04:57 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Rua do Seco

Recebi uma mensagem de uma amiga minha que transportou minhas lembraças para o interior da Bahia, mais precisamente: para Nazaré das Farinhas, cidade onde nasci e vivi a minha infància. Na Rua do Seco era assim: as janelas ficavam abertas, as portas também e quem passava por elas via e participava do que estava ocorrendo lá dentro das casas. Sentia-se o cheiro das comidas e doces sendo preparados; ouvia-se, sem muito esforço, os sons das conversas e das cantigas vindos lá do fundo das casas. As cortinas balançavam e voavam para fora. Todo mundo se conhecia - a vizinhança era uma família só. Aliás, até hoje não sei bem porque a chamavam de Rua do Seco. Lembro-me que existia uma placa azul com letras brancas que dizia: Rua Ferreira Bastos. Era no número 11 que eu morava. Mas todo mundo só a chamava de Rua do Seco. A rua começava numa pequena ponte sobre um riacho que desembocava no rio Jaguaripe. Tinha casa somente de um lado. Do outro era um imenso terreno baldio, aberto, sem cercas nem cancelas, com árvores frutíferas que qualquer um podia usufruir e um grande campo aberto onde pastavam livremente cavalos, jumentos e jegues. Só mais distante é que se localizava o Hospital da Misericórdia, perto do Curriachito, uma rua adjacente que não tinha saída. Verdeiro paraíso! Lembro-me que uma vez, brincando com meus irmãos e vizinhos nesse imenso terreno baldio, num ingazeiro carregadinho de frutos, quis dar uma de Tarzã e caí em cima do meu braço esquerdo e... quebrei o rádio e enverguei o cúbito - os dois ossos que compõem o antebraço. Foi um auê na rua pelo resto da tarde e noite a dentro. Primeiro um verdadeira procissão de ida e depois uma procissão maior de volta do pequeno consultório de Dr. Tourinho, único médico da cidade e que morava também na mesma rua. Nos dias e meses que se seguiram era uma verdadeira romaria na porta e no passeio (leia-se calçada) lá de casa - todo mundo sofrendo com a minha dor e a minha recuperação. Por causa desta estrepolia fiquei privado das matinês do Cine Teatro Rio Branco (o mesmo que recentemente foi adquirido pelo jogador Vampeta com intenções de transformá-lo em um centro sócio-cultural). Adeus cinderelas, tarzãs, zorros, mosqueteiros, damas e vagabundos...

(A minha comadre Leila Míccolis não pode ler isto, senão ela vai querer colocar em Depoimentos da Blocosonline [www.blocosonline.com.br] ou querer abrir uma página de "Memórias de infància")

© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943)
http://tanajura.cjb.net
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