Prenúncio de Morte
O dia abriu-se para mim.
Há dias que são assim.
Claridade a colocar as coisas
No devido lugar.
Dar a tudo o que se vê e até
Ao que se crê o peso que aquilo tem.
Pesar bem.
Avaliar a vida na exata medida.
O céu é azul porque azul é a sua cor.
Não porque alguém o queira azul.
Tem a cor que lhe convém.
Não a cor que lhe queremos pôr.
Mimos, carinhos alimentam criancinhas.
Deixemo-nos de gracinhas.
A vida é boa ou ruim. Precisamos entender
que somos o que queremos ser.
Se perto de nós havia alguém a dizer: - isto não
te convém.
Se a tua consciência dizia: - não vás por aí.
É fria!
Se só tinhas ouvidos para a tua teimosia.
Se só fazias o que ela queria.
Se foste por ali, enquanto a tua alma gritava:
Não vás por aí!
São vielas a te esperar com toda a sorte de mazelas.
Se abriste portas e janelas
Se escancaraste a vida.
Se a deixaste à deriva..
Navio sem comandante.
Da Praia distante.
Perdido em alto mar.
Quem te trouxe até aqui?
Foi o Céu para lá do céu que se via.
Foi o sol por trás do sol que havia .
Havia?!...
Era miragem. O fim da viagem.
O dia ali não se via.
Chovia!
Chuva e vento forte, e um frio!...
Prenúncio de morte.
Lita Moniz
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