O Último Anticristo
Anticristos é o que mais há por cá.
São consciências a engendrar jeitos
De navegar nas águas da corrupção.
São mentes desprovidas de qualquer
Boa intenção.
Servos de senhores da escuridão.
São atores sociais, mentem, mentem
Tão bem que até parece verdade a
A maldade que ao lado vem.
O Anticristo, que já anda por cá.
É um mago, magia por todo o lado.
O mundo vai se encantar .
A Terra é o palco perfeito.
A plateia é o povo a gritar por um
mundo novo.
E o Anticristo acenar com o céu
que tem para nos dar.
Um céu que nos deixa entrar.
Pena que tudo é teatro!
A peça tem cinco atos muito bem
Urdidos para agradar olhos e ouvidos.
No primeiro ato acabou o padecer.
O homem vai-se fartar de dinheiro
para gastar.
O segundo ato é gastança.
Comprar, comprar, comprar tudo que
um dia sonhou ter.
O terceiro ato vem para cegar a pobre
Gente: sem se importar como vai pagar,
Saca mais, é hora de se banquetear.
Um banquete regado a vinho e sexo por todo
O lado. É o império da cegueira, o olvido a se
Instalar. As taças sempre cheias, bebo para me olvidar.
Como já nem sei pensar, chegam as feiticeiras a incendiar
As fogueiras, a urgia é total.
É assim que cada um se encosta à vida que o diabo gosta.
No terceiro ato o povo começa a acordar.
O que ando a fazer?
Quantas contas para pagar!...
Fica-se ali a pensar como sair do buraco onde andou a se
Enterrar.
Maldiz a sorte, culpa o mundo.
No quarto ato começa a culpar a si mesmo e ao norte
que por vontade seguiu.
Olha mais, e o que vê é o buraco onde caiu.
No quinto ato é o anticristo a cantar vitória.
O fim da história da humanidade que tomada de vaidade
Não percebeu que o que chegou era o inferno onde se meteu.
Este será o último anticristo.
Depois disto o homem que sobreviver vai querer
O que o homem pode ser.
E até pode acontecer que aquele céu que tanto queria
Agora é para valer.
Lita Moniz
|