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Contos-->SEIS MENOS UM -- 12/03/2010 - 09:07 (GIVALDO ZEFERINO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
– Neste final de semana, um de nós morrerá.
Assim falou Pierre aos companheiros de farra numa noite de sexta-feira.
– Uau! Virou profeta agora? E qual será a vítima? perguntou um deles.
– É verdade. Essa noite, tive um sonho assustador. Tudo estava confuso. Parecia um velório. As pessoas desfilavam em torno de um ataúde, e comentavam baixinho: “Foi terrível... É uma pena... Agora são seis menos um”. Eu não tinha noção de quem estava no ataúde, mas era um de nós. Os visitantes passavam por mim e não conseguiam me enxergar. Tornei-me invisível diante deles. Ao conduzirem o caixão até o cemitério, acordei apavorado.

Seis menos um.
Pierre e seus amigos formavam uma turma de seis que sempre se reuniam para farrear e frequentar festas, vezes juntamente com suas respectivas esposas e filhos, outras vezes sozinhos em algum boteco do lugar. Por causa dessa união entre eles, ficaram conhecidos como Os Seis Mosqueteiros.

Sábado de manhã, os amigos programaram ir ao clube de campo. Lá tomaram banho de piscina, beberam e divertiram-se bastante. A morte prenunciada de um deles já era assunto de mesa de bar, passado e esquecido. Mas havia um clima de apreensão disfarçado no semblante de Pierre. Nessa noite não conseguira dormir.

Domingo. Praia. Jogo de futebol na areia, surfe, camarão e lagosta na barraca do Sr. Moreira. Cachaça, cerveja, banho de mar... Um dia completamente divertido.
Ao final da tarde, um comentário de alívio:
– Então Pierre, estamos salvos da sua profecia mortal.
– O dia ainda não acabou.
– Sim, mas estamos todos alegres e saudáveis até agora.
Pierre acreditava cegamente no seu sonho, e que um deles haveria de morrer nesse dia último da semana. Analisou minuciosamente cada um dos companheiros e também a si mesmo e nada denotava qualquer sinal de anormalidade. Todos estavam perfeitamente saudáveis, e isso o intrigava profundamente. Não queria entender que tivera apenas um sonho, um sonho agourento como ocorre a qualquer um. Sua principal preocupação era qual deles iria perecer.
– Relaxe, amigo! Você está muito tenso. Isso faz mal à saúde. Próxima semana, estaremos todos aqui novamente.

Sorriram e brincaram enquanto preparavam-se para o retorno. As crianças pediam mais um tempo, e eles aproveitaram para tomar a saideira, até que decidiram regressar.

Mas Pierre não conseguiu relaxar. Ana estava de olho no marido caladão que não tirava os olhos do relógio que marcava onze e meia da noite. “Só fico tranquilo quando este dia findar”. Ele disse a Ana. Pegou o telefone e ligou para cada um dos amigos. Todos estavam bem, sem novidades. Pierre ficou mais sossegado. Só faltavam vinte minutos para a chegada do dia seguinte. Tomou um cafezinho, fumou um cigarro... Ana, já cansada, reparou no seu semblante deu-lhe um beijo e convidou-o para se recolherem. “Só depois da meia-noite”. Ele respondeu. Então ela foi para o quarto sozinha.
O estado de tensão de Pierre aumentava ao passo que o domingo agonizava. Aqueles últimos minutos provocavam-lhe um calor estonteante e uma incômoda dor de cabeça começava a molestá-lo. Mais uma vez olhou o relógio. Onze e quarenta e cinco da noite. Logo depois, se dirigiu ao banheiro.


Havia muita gente no velório. As pessoas desfilavam em torno do ataúde, e comentavam baixinho: “É uma pena... Agora são seis menos um”. Os amigos de Pierre, atônitos e cabisbaixos, prestavam-lhe a última homenagem.
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