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cronicas-->-------MEU NINHO MEU CAMINHO-- -- 04/08/2006 - 21:28 (Luiz Antonio Barbosa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU NINHO MEU CAMINHO

No ano passado, a árvore que no andar de baixo da minúscula escola tinha seu tronco quase colado à janela da direção, subia e esparramava seus galhos pelas paredes até pór alguns brotos por uma das janelas da sala da "quinta B".

As rolinhas que voavam nos derredores, já sem-vergonhas de mansas, faziam seus ninhos em qualquer arbusto que encontravam, mas naquele galho que forçava entrada pelo vritó da quinta B algo acontecia sob olhares furtivos de algumas crianças que se desconcentravam dos afazeres da aula. Quando andando pela sala, ao me aproximar da janela como fazia todos os dias, dar aquela olhada, por cima dos óculos, por entre os galhos além do muro alto, e ver rapidamente ninguém passar pela rua, os primeiros ramos alinhados num desarranjo harmonioso prenunciando um ninho me chamou a atenção.

A partir daquele dia a rotina diária das aulas de Língua Portuguesa teve material didático oferecido pelas mãos do Real criador...Cada manhã era feita de silêncio total e de expectativa. A Dna Rolinha sob os olhares atentos de uma platéia que em situação comum era menos silenciosa, saia e voltava vezes e vezes trazendo penas, galhos, ramos, fios de capim e uma construção arredondada, cóncava, tecida com esmero e dedicação surgiu como à um espetáculo esperado com muita torcida. A Jéssica sugeriu que poderia por material para que a Dna Rolinha fizesse seu chocadouro mais macio para conforto dos que ainda nem ovos eram. Murilo fez um gracejo qualquer...

Numa manhã... O primeiro ovo. Minúsculo ovo. No dia seguinte outro ovo. "fessor...Aquele ali oh! Tem mancha e outro não tem, será que tem pai diferente?" Ele tinha irmãos.

Vieram dias de chuva e Dna Rolinha ali, firme no seu propósito. Dias de sol escaldante e Dna Rolinha ali firme sobre seus pintinhos, dias de vento, a observações das crianças passarinhos à borda o ninho, até que enfim o vóo...Aplausos efusivos, crianças aos pulos e gritos, Karem chorava emocionada, alguns meninos sem jeito, que jamais perderiam a oportunidade de algazarrar, naquele instante calaram-se diante do vóo das adolescentes Rolinhas.

Podia se por as mãos no ninho esticando ao mínimo os braços.

Este ano, no primeiro dia de aula, não tinha o ninho porque a árvore não estava lá.



Ontem o Kevin, o Wallace, e o Lucas da sexta C, estiveram na diretoria, chamaram seus pais. Indisciplina, desinteresse, desrespeito. Os vi na diretoria quando passava e olhei rapidamente, a porta estava aberta. Bom que tomem um pito, estão precisando.

Ao soar o sinal da última aula, desci, demorei-me alguns minutos na sala de entrada e ouvia a "zoada" da correria e gritaria das crianças saindo da escola, sai da sala, passei pelo rol de saída, a última porta.

No passeio que leva para o portão da saída dos domínios da escola, fui para estacionamento improvisado que fica num gramado enorme com algumas árvores esparramadas a esmo pelo quintal e vejo os senhores recepcionados pela Sra Diretora com dois filhotes de passarinho na mão. Já me preparava para fazer o sermão quando o Kevin com cara de solidário (mas o Kevin não adianta ,ele tem mesmo aquela carinha de menino levado da breca, sardas pelo rosto, olhar verde aceso e cabelos encaracolados entre pretos ou vermelhos) estendendo a mão disse-me que haviam caído do ninho. Olhei, percebi que um dos filhotes tentava se mexer, mas havia qualquer coisa com o pescocinho, deu uma estremecida e parou...Wallace abaixou a cabeça e entristecido disse "Já era..." Kevin repetiu o gesto avermelhou o que sobrava das sardas, marejou os olhos e disse "já era memo... Má ó, sobró u a fessor!" Fez menção de subir na árvore onde se encontrava o ninho, numa ponta fina de galho aforquilhado, eu imediatamente não permiti que o fizesse dizendo do perigo que corria, tentei eu ajudá-lo no intento. Tentaria agarrar-me ao galho fino, abaixá-lo até ao alcance dele para que recolocasse o filhote no ninho, mas, desisti. "Desisto, não há como, sinto muito, vou pra casa, por favor, embora para casa criançada! Não subam na árvore!" só ouvi "Tchau fessor!..."

Hoje pela tarde, no intervalo para o lanche, como todos os dias, fui ali para o lado de fora, naquele canto do prédio onde está a árvore e o arquitetado lar engravetado. Com pesar nem quis olhar para cima e ver o ninho vazio, mas, criei coragem e levantei a cabeça, tentei encontrá-lo, nada vi. já com uma ponta de decepção, imaginei o que os meninos haviam feito...Mas uma grande folha branca de papel enroscada em um galho mais grosso, apoiada com uma vara seca arrancada da mesma árvore, dava reforço de sustentação à dita folha que sustenta o bendito ninho de cuja cóncava saltava um pescocinho com o olharzinho brilhante da senhora Dna Rolinha e seu sobrevivente filhote.

Sinal gritando lá dentro, voltei, teci alguns comentários com os colegas sobre o ocorrido, fui para a sala de aula. Justo na sala dos defensores da continuidade da família "Rolinha", não pude falar com os heróis...Estão de suspensão por Indisciplina, desinteresse, desrespeito. Os vi na diretoria quando passava e olhei rapidamente, a porta estava aberta.

Luiz Antonio Barbosa

4/08/2006

21:08 H.
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