Eu sei e você sabe
Que a vida segue em frente
Por mais que se deseje
O ano novo está na gente
Todas as aves sabem
Que humano não sabe voar
Mas elas desconhecem
Onde o sonho pode chegar
Você sabe, eu sei
Os anos se repetem
Seja mendigo ou rei
As estações acontecem
Nada será diferente, sabemos
Quero dizer, nunca será igual
Tudo o que vivemos
Por menor, será sempre especial
Perdemos coisas, amigos
Para abrir espaço no coração
Aquilo que pensamos ter perdido
Na verdade é a renovação.
Pessoas passam, coisas acabam
O essencial delas permanece
Seja ao lado, ou na lembrança
Certas coisas não se esquece
Eu sei. Você sabe. Viver é uma invenção.
Somos arquipélagos, ilhas falantes
Unidas pelo mar, de mesma vegetação
Nada diferente: mesma solidão.
Aves de mim se aninham em ti
Espalham entre nós sementes
Para que ao se verem as ilhas
Vejam que nada nelas é diferente
Você pode não aceitar
O que nos une também separa
O caminho para o outro, o mar
É arriscado. Frágeis são as balsas.
Perfeita, a natureza acende vulcões
Que esfriam nas águas línguas de lava
Lentamente unindo as solidões
Surgem continentes, some Atlântida.
Eu sei e vocês sabem, a vida é a descoberta
De que as aves em nós, o que sentimos,
Ignoram datas, oceanos, ilha deserta
Apenas voam atrás de lugar para os ninhos
Se você não sabe, deixe-se habitar
Ouça a língua de lava do vulcão
Acordando o ano novo que está
Esperando dentro do seu coração
|