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Teses_Monologos-->Minha Luta por Adolf Hitler - CAPÍTULO III -- 19/09/2003 - 10:04 (((((EU SOU DO SUL))))) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CAPÍTULO III - REFLEXÕES GERAIS SOBRE A POLÍTICA DA ÉPOCA DE MINHA ESTADA EM VIENA

Estou convencido de que, a menos que se trate de indivíduos dotados de dons excepcionais, o homem, em geral, não se deve ocupar, publicamente, de política, antes dos trinta anos de idade. Não o deve, porque só então se realiza, o mais das vezes, a formação de uma base de idéias, de acordo com a qual, ele examina os diferentes problemas políticos e determina a sua atitude definitiva em relação aos mesmos. Só depois de adquirir uma tal concepção fundamental e de alcançar, por meio dela, firmeza no- modo de encarar as questões particulares do seu tempo, deve ou pode o homem, intelectualmente amadurecido, tomar parte na direção da coisa pública.
A não ser assim, corre ele o perigo de um dia mudar de atitude sobre questões essenciais ou, contra as suas idéias e sentimentos, permanecer fiel a uma maneira de ver desde muito tempo repelida pela sua razão, pelas suas convicções. O primeiro caso, é, para o indivíduo pessoalmente doloroso, porque, quem vacila não tem mais o direito de esperar que a fé de seus adeptos tenha a inabalável firmeza que dantes tinha; e, para os seus dirigidos, a fraqueza do chefe sempre se traduz em perplexidade e não raro no sentimento de um certo vexame em face daqueles que até então combatiam. Em segundo lugar, sobrevem o que. sobretudo hoje, é muito freqüente: à medida que o chefe não dá mais crédito ao que ele próprio disse, a sua defesa torna-se mais fraca e, por isso mesmo, vulgar quanto à escolha dos meios. Ao passo que ele próprio não pensa mais em defender os seus pontos de vista políticos (ninguém morre por aquilo em que não crê), as suas exigências junto aos seus partidários, tornam-se proporcionalmente cada vez mais imprudentes até que, afinal, ele sacrifica as suas últimas qualidades de chefe para converter-se num "político", isto é, nesse tipo de homem cujo único sentimento verdadeiro é a falta de sentimento, ao lado de uma arrogante impertinência e uma descarada arte de mentir.
Se, por infelicidade dos homens decentes, um sujeito desses chega ao Parlamento, deve saber-se desde logo que, para ele, a essência da política consiste apenas numa luta heróica pela posse duradoura de uma "mamadeira" para si e para a sua família. Quanto mais dependam dele mulher e filhos, tanto mais aferradamente lutará pelo seu mandato. Qualquer outro homem de verdadeiros instintos políticos é, por isso mesmo, seu inimigo pessoal. Em qualquer novo movimento, fareja ele o possível começo do fim de sua carreira, e em cada homem superior a probabilidade de um perigo que ameaça.
Adiante, falarei mais detalhadamente dessa espécie de percevejos parlamentares.
O homem de trinta anos ainda terá de aprender muito, no curso de sua vida, mas isso será apenas o complemento e acabamento do quadro doutrinário traçado pela concepção por ele já aceita. Para ele, aprender não é mais mudar de método, mas enriquecer os seus conhecimentos; e seus partidários não terão de suportar a angústia de até então terem recebido dele ensinamentos errôneos, mas, ao contrário, a evidente evolução do chefe lhes dará satisfação, porque o que este aprende significa o aprofundamento da doutrina deles. E isso é uma prova da justeza de suas intuições.
Um chefe político que se vir na contingência de abandonar as suas idéias, reconhecendo-as como falsas, só procederá com decência se, ao reconhecer a falsidade das mesmas, estiver disposto a ir até às últimas conseqüências. Em tal caso, deve, no mínimo, renunciar ao exercício público de uma futura atividade política. Porque, tendo admitido o reconhecimento de um erro fundamental, fica aberta a possibilidade de uma segunda descaída. De modo algum, pode mais pretender ou exigir a confiança de seus concidadãos.
Atesta quão pouco se atende hoje a esse decoro a vileza da canalha que, - por vezes, se julga chamada a "fazer" política.
Da regra geral quase ninguém escapa.
Outrora, sempre me abstive de ingressar publicamente na vida pública, se bem que sempre me tivesse preocupado com a política, mais que muitos outros. Só a círculos restritos falava eu do que me impelia ou atraia. E o falar em pequenos grupos tinha, em si, de certo modo, muita utilidade. No mínimo, eu aprendia a "falar" e com isso a conhecer os homens nas maneiras de ver e de objetar, às vezes extremamente simplistas. Assim, sem perder tempo nem oportunidade, aperfeiçoava o meu espírito. A ocasião era, nesse tempo, em Viena, mais favorável do que em qualquer parte da Alemanha.
As idéias políticas em voga, na velha Monarquia do Danúbio, eram de mais interesses que na velha Alemanha da mesma época, exceto em parte da Prússia, em Hamburgo e nas costas do Mar do Norte. Sob a denominação de "Áustria" entendo nesse caso, o domínio do grande Império dos Habsburgos, em que a população alemã era, sob todos os aspectos, não somente o motivo histórico da formação daquele Estado, mas a força que, por si só, durante séculos, tornara possível a formação cultural do país. Quanto mais o tempo passava, mais dependiam da conservação dessa "célula mater" a estabilidade e o futuro daquele Estado.
Os velhos domínios hereditários eram o coração do Império, que sempre fornecia sangue fresco à circulação da vida do Estado e da sua cultura. Viena era, então, ao mesmo tempo, cérebro e vontade.
Só pelo seu aspecto exterior, Viena se impunha como a rainha daquele conglomerado de povos. A magnificência de sua beleza fazia esquecer o que ali havia de mau.
Por mais violentamente que palpitasse o Império, no interior, em sangrentas lutas das diferentes raças, o estrangeiro e, em particular, os alemães, só viam, na Áustria, a imagem agradável de Viena. Maior ainda era a ilusão porque, a esse tempo, Viena parecia ter atingido a sua fase de maior prosperidade. Sob o governo de um burgomestre verdadeiramente genial, despertava a venerável residência do soberano do velho Império, mais uma vez, para uma vida maravilhosa. O último grande alemão, o criador do povo de colonizadores da fronteira oriental, não era tido oficialmente entre os chamados "estadistas". O Dr. Lueger, tendo prestado inauditos serviços como burgomestre da "cabeça do Estado" e "cidade residência" (Viena), fazendo-a progredir, como por encanto, em todos os domínios econômicos e culturais, fortalecera o coração do Império, tornando-se assim, indiretamente, maior estadista que todos os "diplomatas" de então reunidos.
Se o aglomerado de povos a que se dá o nome de "Áustria" fracassou, isso nada quer dizer contra a capacidade política do germanismo na antiga fronteira oriental, mas é o resultado forçado da impossibilidade em que se encontravam dez milhões de indivíduos de conservarem duradouramente um Estado de diferentes raças com cinqüenta milhões de habitantes, a não ser que ocorressem na ocasião oportuna determinadas circunstâncias favoráveis.
O alemão austríaco teve que enfrentar um problema acima das suas possibilidades. Ele sempre se acostumou a viver no quadro de um grande Estado e nunca perdeu o sentimento inerente à sua missão histórica. Era o único, naquele Estado, que, além das fronteiras do apertado domínio da coroa, via ainda as fronteiras do Império. Quando, afinal o destino o separou da pátria comum, ele tentou tomar a si a grandiosa tareia de tornar se senhor e conservar o germanismo que seus pais, outrora, em infindos combates, haviam imposto ao leste. A propósito, convêm não esquecer que isso aconteceu com forças divididas, pois, no espírito dos melhores descendentes da raça alemã, nunca cessou a recordação da - pátria comum de que a Áustria era uma parte.
O horizonte geral do alemão-austríaco era proporcionalmente mais amplo. As suas relações econômicas abrangiam quase todo o multiforme Império. Quase todas as empresas verdadeiramente grandes se achavam em suas mãos e o pessoal dirigente, técnicos e funcionários, era na maior parte colocado por ele. Era também o detentor do comércio exterior em tudo o que o judaísmo ainda não havia posto a mão, nesse campo de suas preferências. Só o alemão conservava o Estado politicamente unido. Já o serviço militar o punha fora do lar. O recruta alemão austríaco ingressaria talvez, de preferência, num regimento alemão, mas o regimento poderia estar tanto na Herzegovina como em Viena ou na Galícia. o corpo de oficiais era sempre alemão, prevalecendo sobre o alto funcionalismo. Alemãs, finalmente, eram a arte e a ciência. Abstração feita do "kitsch" que é o novo processo na Arte, cuja produção podia ser sem dúvida também de um povo de negros, era só o alemão o possuidor e vulgarizador do verdadeiro sentimento artístico. Em música, literatura, escultura e pintura, era Viena a fonte que inesgotavelmente abastecia, sem cessar, toda a dupla monarquia.
O germanismo era enfim o detentor de toda a política externa, abs. traindo-se um pouco da Hungria.
Portanto, era vã toda tentativa de conservar o Império, Visto faltar, para isso, a condição essencial.
Para o Estado de povos austríacos só havia uma possibilidade: vencer as forças centrifugas das diferentes raças. O Estado, ou tornava-se central e interiormente organizado, ou não podia existir.
Em vários momentos de lucidez nacional, essa idéia chegou às "altíssimas" esferas, para logo ser esquecida ou ser posta de lado por inexeqüível. Todo pensamento de um reforço da Federação, forçosamente teria de fracassar em conseqüência da falta de um núcleo estatal de força predominante. A isso acrescentem-se as condições intrinsecamente diferentes do Estado austríaco em face do Império alemão, segundo o conceito de Bismarck. - Na Alemanha tratava-se apenas de vencer as tradições políticas, pois sempre houve uma base comum cultural. Antes de tudo, possuía o Reich, à exceção de pequenos fragmentos estranhos, um povo único.
Inversa era a situação da Áustria.
Lá a recordação da própria grandeza, em cada raça, desapareceu inteiramente ou foi apagada pela esponja do tempo ou pelo menos tornou-se confusa e indistinta. Por isso, desenvolveram-se, então, na era dos princípios nacionalistas, as forças racistas. Vencê-las tornava-se relativamente mais difícil, visto que, à margem da monarquia, começaram a formar-se Estados nacionais, cujos - povos, racialmente aparentados ou iguais às nações desmembradas, podiam exercer mais força de atração, ao contrário do que acontecia com o austro-alemão.
A própria Viena não podia resistir por muito tempo a essa luta.
Com o desenvolvimento de Budapeste, que se tornou grande cidade tinha ela, pela primeira vez, uma rival, cuja missão não era mais a concentração de toda a monarquia, mas antes o fortalecimento de uma parte da mesma. Dentro de pouco tempo, Praga seguiu o exemplo e depois Lemberg, Laibach, etc. Com a elevação dessas cidades, outrora provincianas, a metrópoles nacionais, formaram se núcleos culturais mais ou menos independentes. E dai as tendências nacionalistas das diferentes raças. Assim devia aproximar-se o momento em que as forças motrizes desses Estados seriam mais poderosas que a força dos interesses comuns e, então, extinguir-se-ia a Áustria.
Essa evolução tomou feição definida depois da morte de José II, dependendo a sua rapidez de uma série de fatores em parte inerentes à própria monarquia, mas que por outro lado eram o resultado da atitude do Reich na política internacional de então.
Se se pretendesse seriamente admitir a possibilidade da conservação daquele Estado e lutar por ela, só se poderia ter por objetivo uma centralização absoluta e obstinada. Depois, primeiro que tudo, se devia acentuar, pela fixação de uma língua oficial una, a homogeneidade pura e formal, cuja direção, porém, deteria nas mãos os expedientes técnicos, pois sem isso não pode subsistir um Estado uno. Depois, com o tempo, tratar-se-ia de desenvolver um sentimento nacional uno, por meio das escolas e da instrução. Isso não se alcançaria em dez ou vinte anos, mas em séculos, pois em todas as questões de colonização a pertinácia vale mais que a energia do momento.
Compreende-se, sem maiores explicações, que a administração, bem como a direção política, deveriam ser conduzidas com a mais rigorosa unidade de vistas.
Era para mim imensamente instrutivo examinar porque isso não aconteceu, ou melhor, porque não se fez isso. O culpado por essa omissão foi o culpado pelo desmoronamento do Reich.
Mais que qualquer outro Estado estava a antiga Áustria dependente da inteligência dos seus guias. A ela faltava o fundamento do Estado nacional, que possui, na base racista, sempre uma força de conservação.
O Estado racionalmente uno pode suportar a natural inércia de seus habitantes (e a força de resistência a ela inerente), a pior administração, a pior direção, por períodos de tempo espantosamente longos, sem por isso subverter-se. Muitas vezes, tem-se a impressão de que em tal corpo não há mais vida, é como se estivesse morto e bem morto. De repente, o suposto cadáver se levanta e dá aos homens surpreendentes sinais de sua força vital.
Assim não acontece com um Estado composto de raças diferentes, mantido, não pelo sangue comum, mas por um só pulso. Nesse caso, qualquer fraqueza na direção pode não só conduzir o Estado à estagnação como dar causa ao despertar dos instintos individuais, que sempre existem, sem que em tempo oportuno possa exercer-se uma vontade predominante. Só por via de uma educação comum, durante séculos, por uma tradição comum, por interesses comuns, pode esse perigo ser atenuado. Por isso, tais formações estatais, quanto mais jovens, mais dependentes são da superioridade da direção; e quando são obras de homens violentos ou de heróis espirituais, logo desaparecem após a morte de seu grande fundador. Mas, mesmo depois de séculos, esses perigos não devem ser considerados como vencidos; apenas adormecem, para, às vezes, despertarem de repente, quando a fraqueza da direção comum e a força da educação e a sublimidade de todas as tradições não podem mais dominar o impulso da própria vitalidade das diferentes raças.
Não ter compreendido isso é talvez a culpa, de tão trágicas conseqüências, da casa dos Habsburgos.
Só a um deles o destino apresentou o fanal, que logo depois se apagou para sempre, do destino da sua pátria.
José II, imperador católico-romano, viu, angustiosamente, que, um dia, no redemoinho de uma Babilônia de povos que se comprimiam à fronteira do Império, desapareceria a sua Casa, a não ser que, à última hora, fossem sanados os descuidos dos antepassados. Com sobre-humana força, o "amigo dos homens" tentou remediar a negligência de seus antecessores e procurou recuperar em décadas o que se havia perdido em séculos. Se para a realização de sua obra, ao menos duas gerações, depois dele, tivessem continuado, com o mesmo afinco, a tarefa iniciada, provavelmente se teria realizado o milagre. Mas quando, após dez anos de governo, faleceu, exausto de corpo e de espírito, com ele caiu a sua obra no túmulo, para não mais despertar, para adormecer para sempre na sepultura.
Os seus sucessores não estavam à altura da tarefa, nem pela inteligência, nem pela energia.
Quando, através da Europa, flamejavam os primeiros sinais da tempestade revolucionária, começou também a Áustria a pegar fogo, pouco a pouco. Quando, porém, o incêndio irrompeu afinal, já a fogueira era atiçada menos por causas sociais ou políticas que por forças impulsoras de origem racial.
Em outra parte qualquer, a revolução de 1848 podia ser uma luta de classes, mas na Áustria já era o começo de um novo conflito racial. Quando o alemão daquele tempo, esquecendo ou não reconhecendo essa origem, se colocava a serviço da sublevação revolucionária, traçava ele próprio o seu destino. Com isso auxiliava o despertar do espírito da democracia ocidental, que, dentro de pouco tempo, teria de subverter-se-lhe a base da própria existência.
Com a formação de um corpo representativo parlamentar, sem o prévio estabelecimento e fixação de uma língua oficial, foi colocada a pedra fundamental do fim do domínio do germanismo na monarquia dos Habsburgos. Desde esse momento, estava perdido também o próprio Estado. O que se seguiu foi apenas a liquidação histórica de um Império.
Era tão comovente quão instrutivo acompanhar essa decomposição. Sob milhares de formas realizava-se aos poucos a execução dessa sentença histórica. O fato de que parte dos homens se agitava às cegas através dos acontecimentos prova apenas que estava na vontade dos deuses o aniquilamento da Áustria.
Não desejo perder me aqui em minúcias, pois esse não é o fim deste livro. Apenas quero incluir no quadro geral de uma observação aqueles acontecimentos que, como causas sempre invariáveis da decadência de povos e Estados, também têm significação para o nosso tempo e finalmente se fazem sentir, em apoio dos fundamentos de meu pensamento político.
Entre as instituições que, aos olhos mesmo pouco perspicazes do cidadão comum, mais claramente podiam - mostrar a decomposição da monarquia austríaca, estava, em primeiro lugar, aquela que parecia dever procurar na força a razão de sua própria existência, isto é, o Parlamento ou, como se dizia na Áustria, o Conselho do Império ("Reichsrat").
Evidentemente, o modelo dessa corporação encontrava-se na Inglaterra, o país da "democracia" clássica. De lá transportaram essa maldita instituição e estabeleceram-na em Viena, tanto quanto possível sem modificá-la.
Na Abgeordnetenhaus e na Herrenhaus, o sistema bicameral inglês festejava a sua ressurreição. As "casas" eram, porém, algo diferentes. Quando, outrora, Barry fez surgir das ondas do Tâmisa o seu palácio do Parlamento, mergulhou na História do Império Britânico e retirou dela ornatos para os 1200 nichos, consolos e colunas de sua monumental construção. Assim as Câmaras dos Comuns e dos Lordes se tornaram, pelas suas esculturas e pinturas, o templo da glória nacional.
Aí surgiu a primeira dificuldade para Viena. Quando o dinamarquês Hansen acabava de colocar a última cumeeira da casa de mármore para os novos representantes do povo, só lhe restava, para decoração, recorrer a empréstimos à arte clássica. Os estadistas e filósofos gregos e romanos embelezaram esse teatro da "democracia ocidental" e, com ironia simbólica, avançam sobre as duas casas quadrigas em direção aos quatros pontos cardeais, expressando melhor, dessa maneira, as tendências divergentes então existentes no interior.
As várias raças tomariam como ofensa e provocação que nessa obra se glorificasse a História da Áustria, exatamente como no império Alemão foi preciso vir o ribombar das batalhas da guerra mundial para que se ousasse consagrar ao povo alemão a obra de Wallot - o Reichstag.
Quando, com menos de 20 anos de idade, penetrei no majestoso palácio de Franzensring, para assistir, como ouvinte e espectador a uma sessão da Câmara dos Deputados, senti-me possuído dos mais desencontrados sentimentos.
Sempre odiei o Parlamento, mas não a instituição em si. Ao contrário, como homem de sentimentos liberais, eu não podia imaginar outra possibilidade de governo, pois a idéia de qualquer ditadura, dada a minha atitude em relação à casa dos Habsburgos, seria considerada um crime contra a liberdade e contra a razão.
Não pouco contribuiu para isso uma certa admiração pelo Parlamento inglês, que adquiri insensivelmente, devido à abundante leitura de jornais de minha juventude - admiração que não poderia perder facilmente. Causava-me enorme impressão a gravidade com que a Câmara dos Comuns cumpria a sua missão (como de maneira tão atraente costuma descrever a nossa imprensa). Poderia haver uma forma mais elevada de self .government de um povo?
Justamente por isso é que eu era um inimigo do Parlamento austríaco. Considerava a sua forma de atuação indigna do grande modelo. Além disso, acrescia o seguinte:
O destino do germanismo (Deutschtum) no Estado Austríaco dependia de sua posição no Reichsrot. Até à introdução do sufrágio universal e secreto, os alemães, no Parlamento, estavam em maioria, embora pequena. Já esse estado de coisas era grave, pois não merecendo a social-democracia a confiança nacional, esta, para não afugentar os adeptos não alemães, era sempre, nas questões críticas referentes ao germanismo, contrária às aspirações alemãs. Já naquela época a social-democracia não podia ser considerada um partido alemão. Com a introdução do sufrágio universal cessou a supremacia alemã, numericamente falando. Não havia, pois, nenhum empecilho no caminho da futura desgermanização do Estado.
Já naquele tempo, o instinto de conservação nacional fazia com que eu me sentisse pouco inclinado pela representação popular, na qual a raça alemã, em vez de ser representada, era sempre traída. Entretanto, esses defeitos, como muitos outros, não deviam ser atribuídos ao sistema em si, mas ao Estado austríaco. Eu pensava outrora que, com o restabelecimento da maioria alemã, nos corpos representativos, não haveria mais necessidade de uma atitude doutrinária contra aquela instituição,. enquanto perdurasse o velho Estado austríaco.
Com essa disposição interior entrei pela primeira vez nos tão sagrados quão disputados salões. É verdade que para mim eles só eram sagrados devido à beleza da magnífica construção. Uma obra-prima helênica em terra alemã.
Mas, dentro de pouco tempo, sentia verdadeira indignação ao assistir ao lamentável espetáculo que se desenrolava ante meus olhos.
Estavam presentes centenas desses representantes do povo, que tinham de tomar atitude sobre uma questão de importância econômica.
Bastou para mim esse primeiro dia para fazer refletir durante semanas e semanas sobre a situação.
O conteúdo mental do que se discutia era de uma "elevação" deprimente, a julgar pelo que se podia compreender do falatório, pois alguns deputados não falavam alemão e, sim línguas eslavas, ou melhor, seus dialetos. O que, até então, só conhecia através da leitura de jornais, tinha agora oportunidade de ouvir com os meus próprios ouvidos. Era uma massa agitada que gesticulava e gritava em todos os tons. Um velhote inofensivo se esforçava, suando por todos os poros, para restabelecer a dignidade da casa, agitando uma campainha, ora falando com benevolência, ora ameaçando.
Tive de rir.
Algumas semanas mais tarde, tornei a aparecer na Câmara. O quadro estava mudado a ponto de não ser reconhecido. A sala completamente vazia. Dormia-se lá em baixo. Alguns deputados se encontravam em seus lugares e bocejavam. Um deles "falava". Estava presente um vice presidente da Câmara, o qual, visivelmente aborrecido, percorria a sala com os olhos.
Surgiram-me as primeiras dúvidas. Cada vez que se me oferecia uma oportunidade, corria para lá. e observava silenciosa e atentamente o quadro, ouvia os discursos, sempre que podia compreendê-los, estudava as fisionomias mais ou menos inteligentes desses eleitos das raças daquele triste Estado e, aos poucos, fazia as minhas próprias reflexões.
Bastou um ano dessa calma observação para modificar ou afastar definitivamente o meu juízo sobre o caráter dessa instituição. No meu íntimo já tinha tomado atitude contra a forma adulterada que essa instituição tomava na Áustria. Já não podia mais aceitar o Parlamento em si. Até então eu vira o insucesso do Parlamento austríaco na falta de uma maioria alemã: agora, porém, eu reconhecia a fatalidade na essência e caráter dessa instituição.
Naquela ocasião apresentou-se-me uma série de questões. Comecei a familiarizar-me com o princípio da resolução por maioria como base de toda a Democracia. Entretanto, não dispensava menor atenção aos valores mentais e morais dos cavalheiros que, como eleitos do povo, deviam servir a esse desideratum..
Aprendi assim a conhecer ao mesmo tempo a instituição e os seus representantes.
No decurso de alguns anos, desenvolveu-se em minha mente o tipo plasticamente claro do fenômeno mais respeitável dos nossos tempos, o homem parlamentar. Começou-se a gravar de tal forma em minha memória, que não sofreu modificação essencial daí por diante.
Desta vez também o ensino intuitivo da realidade prática evitou que eu aceitasse uma teoria que, à primeira vista, tão sedutora parece a muitos e que, entretanto, deve ser contada entre os sinais de decadência da humanidade.
A atual Democracia do ocidente é a precursora do marxismo, que sem ela seria inconcebível Ela oferece um terreno propicio, no qual consegue desenvolver-se a epidemia. Na sua expressão externa - o parlamentarismo - apareceu como um mostrengo "de lama e de fogo", no qual, a pesar meu, o fogo parece ter-se consumido depressa demais. Sou muito grato ao destino por ter-me apresentado essa questão a exame, anteriormente em Viena, pois cismo que, na Alemanha, não poderia tê-la resolvido tão facilmente. Se eu tivesse reconhecido em Berlim, pela primeira vez, o absurdo dessa instituição chamada Parlamento, teria talvez caldo no extremo oposto e, sem aparente boa razão, talvez me tivesse enfileirado entre aqueles a cujos olhos o bem do povo e do Império está na exaltação da idéia imperial e que assim se põem, cegamente, em oposição à humanidade e ao seu tempo.
Isso seria impossível na Áustria.
Lã não era tão fácil cair de um erro no outro. Se o Parlamento nada valia, menos ainda valiam os Habsburgos. Lá a rejeição do parlamentarismo, por si só, não resolveria nada, pois ficaria de pé a pergunta: e depois? A eliminação do Reichsrat deixaria ficar, como único poder governamental, a casa dos Habsburgos, - idéia que se me afigurava intolerável.
A dificuldade desse caso particular conduziu-me a estudar o problema de maneira mais profunda do que, de outra forma, teria feito em tão verdes anos.
O que mais que tudo e com mais insistência me fazia refletir no exame do parlamentarismo era a falta evidente de qualquer responsabilidade individual dos seus membros.
O Parlamento toma qualquer decisão - mesmo as de conseqüências mais funestas - e ninguém é por ela responsável, nem é chamado a prestar contas.
Pode-se, porventura, falar em responsabilidade, quando, após um colapso sem precedentes, o governo pede demissão, quando a coalizão se modifica, ou mesmo o Parlamento se dissolve?
Poderá, por acaso, uma maioria hesitante de homens ser jamais responsabilizada?
Não está todo conceito de responsabilidade intimamente ligado à personalidade? Pode-se, na prática, responsabilizar o dirigente de um governo pelos atos cuja existência e execução devem ser levadas à conta da vontade e do arbítrio de um grande grupo de homens?
Porventura consistirá a tarefa do estadista dirigente não tanto em produzir um pensamento criador, um programa, como na arte com que torna compreensível a natureza de seus planos a um estúpido rebanho, com o fim de implorar-lhe o final assentimento? Pode ser critério de um estadista que ele deva ser tão forte na arte de convencer como na habilidade política da escolha das grandes linhas de conduta ou de decisão?
Está provada a incapacidade de um dirigente pelo fato de não conseguir ele ganhar, para uma determinada idéia, a maioria de uma aglomeração reunida mais ou menos por simples acaso?
Já aconteceu que essas câmaras compreendessem uma idéia antes que o êxito se tornasse o proclamador da grandeza dessa mesma idéia?
Toda ação genial neste mundo não é um protesto do gênio contra a inércia da massa?
Que pode fazer o estadista que só consegue pela lisonja conquistar o favor desse aglomerado para os seus planos?
Deve ele comprar o apoio desses representantes do povo ou deve - em lace da tolice da execução das tarefas consideradas vitais - retrair-se e permanecer inativo?
Em tal caso, não se dá um conflito insolúvel entre a aceitação desse estado de coisas e a decência ou, melhor, a opinião sincera.
Onde está o limite que separa o dever para com a coletividade e o compromisso da honra pessoal?
Qualquer verdadeiro dirigente não deverá abster-se de degradar-se assim em aproveitador político?
E, inversamente, não deverá todo aproveitador estar destinado a "fazer" política, desde que a responsabilidade não caberá, afinal, a ele, mas à massa intangível?
O princípio da maioria parlamentar não deve conduzir ao desaparecimento da unidade de direção?
Acreditamos, acaso, que o progresso neste mundo provenha da ação combinada de maiorias e não de cérebros individuais?
Ou pensa-se que, no futuro, podemos dispensar essa concepção de cultura humana?
Não parece, ao contrário, que a competência hoje seja mais necessária do que nunca?
Negando a autoridade do indivíduo e substituindo-a pela soma da massa presente em qualquer tempo, o princípio parlamentar do consentimento da maioria peca contra o princípio básico da aristocracia da natureza; e, sob esse ponto de vista, o conceito do princípio parlamentar sobre a nobreza nada tem a ver com a decadência atual de nossa alta sociedade.
Para um leitor de jornais judeus é difícil imaginar os mais que a Instituição do controle democrático pelo parlamento ocasiona, a não ser que ele tenha aprendido a pensar e a examinar o assunto com independência. Ela é a causa principal da incrível dominação de toda a vida política justamente pelos elementos de menos valor. Quanto mais os verdadeiros chefes forem afastados das atividades políticas, que consistem principalmente, não em trabalho criativo e produção, mas no regatear e comprar os favores da maioria, tanto mais a atuação política descerá ao nível das mentalidades vulgares e tanto mais essas se sentirão atraídas para a vida pública.
Quanto mais tacanho for, hoje em dia, em espírito e saber, um tal mercador de couros, quanto mais clara a sua própria intuição lhe fizer ver a sua triste figura, tanto mais louvará ele um sistema que não lhe exige a força e o gênio de um gigante, mas contenta-se com a astúcia de um alcaide e chega mesmo a ver com melhores olhos essa espécie de sapiência que a de um Péricles. Além disso, um palerma assim não precisa atormentar-se com a responsabilidade de sua ação. Ele está fundamentalmente isento dessa preocupação, porque, qualquer que seja o resultado de suas tolices de estadista, sabe ele muito bem que, desde muito tempo, o seu fim está escrito: um dia terá de ceder o lugar a um outro espírito tão grande quanto ele próprio. Uma das características de tal decadência é o fato de aumentar a quantidade de "grandes estadistas" à proporção que se contrai a escala do valor individual. O valor pessoal terá de tornar-se menor à medida que crescer a sua dependência de maiorias parlamentares, pois tanto os grandes espíritos recusarão ser esbirros de ignorantões e tagarelas, como, inversamente, os representantes da maioria, isto é, da estupidez, nada mais odeiam que uma cabeça que reflete.
Sempre consola a uma assembléia de simplórios conselheiros municipais saber que tem à sua frente um chefe cuja sabedoria corresponde ao nível dos presentes. Cada um terá o prazer de fazer brilhar, de tempos em tempos, uma fagulha de seu espírito; e, sobretudo, se Sancho pode ser chefe, por que não o pode ser Martinho?
Mas, ultimamente, essa invenção da democracia fez surgir uma qualidade que hoje se transformou em uma verdadeira vergonha, que é a covardia de grande parte de nossa chamada "liderança". Que felicidade poder a gente esconder-se, em todas as verdadeiras decisões de alguma importância, por trás das chamadas maiorias!
Veja-se a preocupação de um desses salteadores políticos em obter a rogos o assentimento da maioria, garantindo-se a si e aos seus cúmplices, para, em qualquer tempo, poder alienar a responsabilidade. E eis aí uma das principais razões por que essa espécie de atividade política é desprezível e odiosa a todo homem de sentimentos decentes e, por. tanto, também de coragem, ao passo que atrai todos os caracteres miseráveis - aqueles que não querem assumir a responsabilidade de suas ações, mas antes procuram fugir-lhe, não passando de covardes pulhas. Desde que os dirigentes de uma nação se componham de tais entes desprezíveis, muito depressa virão as conseqüências. Ninguém terá mais a coragem de uma ação decisiva: toda desonra, por mais ignominiosa, será aceita de preferência à resolução corajosa. Ninguém mais está disposto a arriscar a sua pessoa e a sua cabeça para executar uma decisão temerária.
Uma coisa não se pode e não se deve esquecer: a maioria jamais pode substituir o homem. Ela é sempre a advogada não só da estupidez, mas também da covardia, e assim como cem tolos reunidos não somam um sábio, uma decisão heróica não é provável que surja de um cento de covardes.
Quanto menor for a responsabilidade de cada chefe individualmente, mais crescerá o número daqueles que se sentirão predestinados a colocar ao dispor da nação as suas forças imortais. Com impaciência, esperarão que lhes chegue a vez; eles formam em longa cauda e contam, com doloridos lamentos, o número dos que esperam na sua frente e quase que calculam a hora quando possivelmente alcançarão o seu desiderato. Daí a ânsia por toda mudança nos cargos por eles cobiçados e daí serem eles gratos a cada escândalo que lhes abre mais uma vaga. Caso um deles não queira recuar da posição tomada, quase que sente isso como quebra de uma combinação sagrada de solidariedade comum. Então é que eles se tornam maldosos e não sossegam enquanto o desavergonhado, finalmente vencido, não põe o seu lugar novamente à disposição de todos. Por isso mesmo, não alcançará ele tão cedo essa posição. Quando uma dessas criaturas é forçada a desistir do seu posto, procurará imediatamente intrometer-se de novo na fileira dos que estão na expectativa, a não ser que o impeça, então, a gritaria e as injúrias dos outros.
O resultado disso é a terrível rapidez de mudança nas mais altas posições e funções, em um Estado como o nosso, fato que é desfavorável, de qualquer modo, e que freqüentemente opera com efeitos absolutamente catastróficos, porque não só o estúpido e o incapaz são vitimados por esses métodos de proceder, mas mesmo os verdadeiros chefes, se algum dia o destino os colocar nessas posições de mando.
Logo que se verifica o aparecimento de um homem excepcional, imediatamente se forma uma frente fechada de defesa, sobretudo se um tal cabeça, não saindo das próprias fileiras, ousar, mesmo assim, penetrar nessa sublime sociedade. O que eles querem fundamentalmente é estarem entre si, e é considerado inimigo comum todo cérebro que possa sobressair no meio de tantas nulidades. E, nesse sentido, o instinto é tanto mais agudo quanto é falho a outros respeitos.
O resultado será assim sempre um crescente empobrecimento espiritual das classes dirigentes. Qualquer um, desde que não pertença a essa classe de "chefes", pode julgar quais sejam as conseqüências para a nação e para o Estado.
O regime parlamentar na velha Áustria já existia em germe.
É verdade que cada chefe de gabinete ministerial era nomeado pelo imperador e rei, porém essa nomeação nada mais era do que a execução da vontade parlamentar. O hábito de disputar e negociar as várias pastas já era democracia ocidental do mais puro quilate. Os resultados correspondentes também aos princípios em voga. Em particular, a mudança de personalidades se dava em períodos cada vez mais curtos, para transformar-se, finalmente, numa verdadeira caçada. Ao mesmo tempo decaía crescentemente a grandeza dos "estadistas" de então, até que só ficou aquele pequeno tipo de espertalhão parlamentar, cujo valor se aquilatava e reconhecia pela capacidade com que conseguia promover as coligações de então, isto é, com que realizava os pequeninos negócios políticos - únicos que justificavam a vocação desses representantes do povo para um trabalho prático
Nesse terreno oferecia a escola de Viena as melhores perspectivas ao observador.
O que me impressionava também era o paralelo entre a capacidade e o saber desses representantes do povo e a gravidade dos problemas que tinham de resolver. Quer se quisesse, quer não, era preciso também atentar mais de perto para o horizonte mental desses eleitos do povo, sendo ainda impossível deixar de dar a atenção necessária aos processos que conduzem ao descobrimento desses impressionantes aspectos de nossa vida pública Valia a pena também estudar e examinar a fundo a maneira pela qual a verdadeira capacidade desses parlamentares era empregada e posta a serviço da pátria, ou seja o processo técnico de sua atividade.
O panorama da vida parlamentar parecia tanto mais lamentável quanto mais se penetrava nessas relações íntimas e se estudavam as pessoas e o fundamento das coisas, com desassombrada objetividade. E isso vem muito a propósito, tratando-se de uma instituição que, por intermédio de seus detentores, a todo passo se refere à "objetividade" como única base justa de qualquer atitude. Examinem-se esses cavalheiros e as leis de sua amarga existência e o resultado a que se chegará será espantoso.
Não há um princípio que, objetivamente considerado, seja tão errado quanto o parlamentar.
Pode-se mesmo, nesse caso, abstrair inteiramente a maneira pela qual se realiza a escolha dos senhores representantes do povo, mesmo os processos por que chegam a seu posto e à sua nova dignidade, Considerando que a compreensão política da grande massa não está tão desenvolvida para adquirir por si opiniões políticas gerais e escolher pessoas adequadas, chegar-se-á com facilidade à conclusão de que, nos parlamentos, só em proporção mínima, é que se trata da realização de um desejo geral ou mesmo de uma necessidade pública.
A nossa concepção ordinária da expressão "opinião pública" só em pequena escala depende de conhecimento ou experiências pessoais, mas antes do que outros nos dizem. E isso nos é apresentado sob a forma de um chamado "esclarecimento" persistente e enfático.
Do mesmo modo- que o credo religioso resulta da educação, ao passo que o sentimento religioso dormita no íntimo da criatura, assim a opinião política da massa é o resultado final do trabalho, às vezes incrivelmente árduo e intenso, da inteligência humana.
A quota mais eficiente na "educação" política, que, no caso, com muita propriedade, é chamada "propaganda", é a que cabe à imprensa, a que se reserva a "tarefa de esclarecimento" e que assim se constitui em uma espécie de escola para adultos. Todavia, essa instrução não está nas mãos do Estado, mas é exercida por forças em geral de caráter muito inferior. Quando ainda jovem, em Viena, eu tive as melhores oportunidades para adquirir conhecimento seguro sobre os chefes e sobre os hábeis operários mentais dessa máquina destinada à educação popular.
O que primeiro me impressionou foi a rapidez com que aquela força perniciosa do Estado conseguia fazer vitoriosa uma definida opinião, muito embora essa opinião implicasse no falseamento dos verdadeiros desejos e idéias do público. Dentro de poucos dias um absurdo irrisório se tornava um ato governamental de grande importância, ao mesmo tempo que problemas essenciais caíam no esquecimento geral ou antes eram roubados à atenção das massas.
Assim, no decurso de algumas semanas, alguns nomes eram como que magicamente tirados do nada e, em torno deles, se erguiam incríveis esperanças no espírito público; dava-se-lhes uma popularidade, que nenhum verdadeiro homem jamais esperaria conseguir durante toda a sua vida. Ao mesmo tempo, perante os seus contemporâneos, velhos e dignos caracteres da vida pública e administrativa eram considerados mortos, quando se achavam em plena eficiência, ou eram cumulados de tantas injúrias que seus nomes pareciam prestes a tornar-se símbolos de infâmia. Era necessário estudar esse vergonhoso método judeu de, como por encanto, atacar de todos os lados e lançar lama, sob a forma de calúnia e difamação, sobre a roupa limpa de homens honrados, para aquilatar. em seu justo valor, todo o perigo desses patifes da imprensa.
Não há nenhum meio a que não recorra um tal salteador moral para chegar aos seus objetivos.
Ele meterá o focinho nas mais secretas questões de família e não sossegará enquanto o seu faro não tiver descoberto um miserável incidente que possa determinar a derrota da infeliz vítima. Caso nada seja encontrado, quer na vida pública quer na vida particular, o patife lança mão da calúnia, firmemente convencido, não só de que, mesmo depois de milhares contestações, alguma coisa sempre fica, como também de que devido a centenas de repetições que essa demolição da honra encontra entre os cúmplices, impossível é à vítima manter a luta na maioria dos casos. Essa corja nem mesmo age por motivos que possam ser compreensíveis para o resto da humanidade.
Deus nos livre! Enquanto um bandido desses ataca - o resto da humanidade, essa gente esconde-se por trás de uma verdadeira nuvem de probidade e frases untuosas, tagarela sobre "dever jornalístico" e quejandas balelas e alteia-se até a falar em "ética" de imprensa, em assembléias e congressos, ocasiões em que a praga se encontra em maior número e em que a corja mutuamente se aplaude.
Essa súcia, porém, fabrica mais de dois terços da chamada "opinião pública", de cuja espuma nasce a Afrodite parlamentar.
Seria necessário escrever volumes para poder pintar com exatidão esse processo e representá-lo na sua inteira falsidade. Mas, mesmo abstraindo tudo isso e observando somente os efeitos da sua atividade, parece-me isso suficiente para esclarecer o espírito mais crédulo quanto à insensatez objetiva dessa instituição.
Mais depressa e mais facilmente compreenderemos a falta de senso e perigo dessa aberração humana se compararmos o sistema democrático parlamentar com uma verdadeira democracia germânica.
Na primeira, o ponto mais importante é o número. Suponhamos que quinhentos homens (ultimamente também mulheres), são eleitos e chamados a dar solução definitiva sobre tudo. Praticamente, porém, só eles constituem o governo, pois se é verdade que dentro deles é escolhido o gabinete, o mesmo, só na aparência, pode fiscalizar os negócios públicos. Na realidade, esse chamado governo não pode dar um passo sem que antes lhe seja outorgado o assentimento geral da assembléia. O Governo contudo não pode ser responsável por coisa alguma, desde que o julgamento final não está em suas mãos mas na maioria parlamentar.
Ele só existe para executar a vontade da maioria parlamentar em todos os casos. Propriamente só se poderia ajuizar de sua capacidade política pela arte com que ele consegue se adaptar à vontade da maioria ou atrair para si essa mesma maioria. Cai, assim, da posição de verdadeiro governo para a de mendigo da maioria ocasional. Na verdade, o seu problema mais premente consistirá, em vários casos, em garantir-se o favor da maioria existente ou em provocar a formação de uma nova mais favorável. Caso consiga isso, poderá continuar a "governar" por mais algum tempo; caso não o consiga, terá de resignar o poder. A retidão de suas intenções, por si só, não importa.
A responsabilidade praticamente deixa de existir.
Uma simples consideração mostra a que ponto isso conduz.
A composição intima dos quinhentos representantes do povo, eleitos, segundo a profissão ou mesmo segundo a capacidade de cada um, resulta em um quadro tão disparatado quanto lastimável. Não se irá pensar por acaso que esses eleitos da nação sejam também eleitos da inteligência. Não é de esperar que das cédulas de um eleitorado capaz de tudo, menos de ter espírito, surjam estadistas às centenas. Ademais, nunca é excessiva a negação peremptória à idéia tola de que das eleições possam nascer gênios. Em primeiro lugar, só muito raramente aparece em uma nação um verdadeiro estadista e muito menos centenas de uma só vez; em segundo lugar, é verdadeiramente instintiva a antipatia da massa contra qualquer gênio que se destaque. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha que ser "descoberto" um grande homem por uma eleição. O indivíduo que realmente ultrapassa a medida normal do tipo médio costuma fazer-se anunciar, na história universal, pelos seus próprios atos, pela afirmação de sua personalidade.
Quinhentos homens, porém, de craveira abaixo da medíocre, decidem sobre os negócios mais importantes da nação, estabelecem governos que em cada caso e em cada questão têm de procurar o assentimento da erudita assembléia. Assim é que, na realidade, a política é feita pelos quinhentos.
Mas, mesmo pondo de lado o gênio desses representantes do povo, considere-se a quantidade de problemas diferentes que esperam solução, muitas vezes em casos opostos, e facilmente se compreenderá o quanto é imprestável uma instituição governamental que transfere a uma assembléia o direito de decisão final - assembléia essa que possui em quantidade mínima conhecimentos e experiência dos assuntos a serem tratados. As mais importantes medidas econômicas são assim submetidas a um foro cujos membros só na porcentagem de um décimo demonstraram educação econômica. E isso não é mais que confiar a decisão última a homens aos quais falta em absoluto o devido preparo.
Assim acontece também com qualquer outra questão. A decisão final será dada sempre por uma maioria de ignorantes e incompetentes, pois a organização dessa instituição permanece inalterada, ao passo que os problemas a serem tratados se estendem a todos os ramos da vida pública, exigindo, pois, constante mudança de deputados que sobre eles tenham de julgar e decidir. É de todo impossível que os mesmos homens que tratam de questões de transportes, se ocupem, por exemplo, com uma questão de alta política exterior. Seria preciso que todos fossem gênios universais, como só de séculos em séculos aparecem. Infelizmente trata-se, não de verdadeiras "cabeças", mas sim de diletantes, tão vulgares quanto convencidos do seu valor, enfim de mediocridade da pior espécie. Daí provém a leviandade tantas vezes incompreensível com que os parlamentares falam e decidem sobre coisas que mesmo dos grandes espíritos exigiriam profunda meditação. Medidas da maior relevância para o futuro de um Estado ou mesmo de uma nação são tomadas como se se tratasse de uma simples partida de jogo de baralho e não do destino de uma raça.
Seria certamente injusto pensar que todo deputado de um tal parlamento tivesse sempre tão pouco sentimento de responsabilidade. Não. Absolutamente não.
Obrigando esse sistema o indivíduo a tomar posição em relação a questões que não lhe tocam de perto, ele corrompe aos poucos o seu caráter. Não há um deles que tenha a coragem de declarar: "Meus senhores, eu penso que nada entendemos deste assunto. Pelo menos eu não entendo absolutamente". Aliás, isso pouco modificaria, pois certamente essa maneira de ser franco seria inteiramente incompreendida e, além disso, não se haveria de estragar o brinquedo por caso de um asno honesto. Quem, porém, conhece os homens, compreende que em uma sociedade tão ilustre ninguém quer ser o mais tolo e, em certos círculos, honestidade é sempre sinônimo de estupidez.
Assim é que o representante ainda sincero é jogado forçosamente no caminho da mentira e da falsidade. Justamente a convicção de que a reação individual pouco ou nada modificaria, mata qualquer impulso sincero que porventura surja em um ou outro. No final de contas, ele se convencerá de que, pessoalmente, longe está de ser o pior entre os demais e que com sua colaboração talvez impeça maiores males.
É verdade que se fará a objeção de que o deputado pessoalmente poderá não conhecer este ou aquele assunto, mas que a sua atitude será guiada pela fração a que pertença; esta, por sua vez, terá as suas comissões especiais que serão suficientemente esclarecidas pelos entendidos. À primeira vista, isso parece estar certo. Surgiria, porém, a pergunta: por que se elegem quinhentos, quando só alguns possuem a sabedoria suficiente para tomarem atitude nas questões mais importantes?
Aí é que está o busilis.
Não é móvel de nossa atual Democracia formar uma assembléia de sábios, mas, ao contrário, reunir uma multidão de nulidades subservientes, que possam ser facilmente conduzidas em determinadas direções definidas, dada a estreiteza mental de cada uma delas. Só assim pode ser feito o jogo da política partidária, no mau sentido que hoje tem. Mas isso, por sua vez, torna possível que os que manobram os cordéis fiquem em segurança por trás dos bastidores, sem possibilidade de serem tornados pessoalmente responsáveis. Atualmente, uma decisão, por mais nociva que seja ao povo, não pode ser atribuída, perante os olhos do público, a um patife único, ao passo que pode sempre ser transferida para os ombros de todo um grupo.
Praticamente, pois, não há responsabilidade, porque a responsabilidade só pode recair sobre uma individualidade única e não sobre as gaiolas de tagarelice que são as assembléias parlamentares.
Por isso esse tipo de Democracia se tornou o instrumento da raça que, para a consecução de seus objetivos, tem de evitar a luz do sol, agora, e sempre. Ninguém, a não ser um judeu, pode estimar uma instituição que é tão suja e falsa quanto ele próprio.
Em contraposição ao que precede, está a verdadeira democracia germânica. que escolhe livremente o seu chefe, sobre quem recai a inteira responsabilidade de todos os atos que pratique ou deixe de praticar. Nela não há a votação de uma maioria no que se refere às várias questões, sem a determinação de um indivíduo único que responda com seus bens e vida por suas decisões.
Caso se objete que em tais condições só dificilmente haverá alguém que queira dedicar a sua pessoa a tão arriscada tarefa, poder-se-á retrucar:
O verdadeiro sentido da democracia germânica reside, justamente, graças a Deus, no fato de não ser possível ao primeiro ambicioso, indigno ou impostor, chegar, por caminhos escusos, ao governo de seu povo. A extensão da responsabilidade assumida afasta os incompetentes e os fracos.
Na hipótese de um indivíduo dessa estofa tentar insinuar-se, fácil será ir-lhe ao encontro com esta apóstrofe: Para fora, covarde, patife. Retira o pé, tu maculas os degraus da escada, pois a ascensão ao panteon da história não é para os que rastejam e, sim, para os heróis!
Após dois anos de freqüência ao parlamento de Viena já havia chegado a essa conclusão.
Não me aprofundei mais sobre o assunto.
O regime parlamentar teve, como seu principal mérito, enfraquecer, nos últimos anos, o velho Estado dos Habsburgos. Quanto mais se enfraquecia, pela sua ação, o predomínio do germanismo, tanto mais se caía em um regime de choque entre as várias raças. No próprio Reichsrat isso se dava sempre à custa do Império, pois, por volta da passagem do século, o mais inocente indivíduo veria que a força de atração da monarquia não conseguia mais banir as tendências separatistas dos diferentes povos.
Ao contrário.
Quanto mais mesquinhos se tornavam os meios empregados pelo Estado para a sua conservação, tanto mais aumentava o desprezo geral pelo mesmo Estado. Não só na Hungria, como também nas várias províncias eslavas, o sentimento de fidelidade à monarquia era tão frágil que a sua fraqueza não era considerada uma vergonha. Esses sinais de declínio que apareciam provocavam até alegria, pois era mais desejada a morte que a convalescença do antigo regime.
No parlamento conseguiu-se evitar o colapso total por uma renúncia indigna e pela realização de toda sorte de opressão sobre o elemento germânico. No interior jogava-se, habilidosamente, um povo contra o outro. Entretanto, nas linhas gerais, a atuação política era dirigida contra os alemães. Sobretudo, desde que a sucessão ao trono começara a dar ao arquiduque Fernando uma certa influência, estabeleceu-se um plano regular na tchequização praticada pelo governo. Aquele futuro soberano da dupla monarquia procurava, por todos os meios possíveis, fazer progredir a desgermanização, promovendo-a por todos os modos ou, no mínimo, defendendo-a. Localidades puramente alemãs eram, por via indireta, na burocracia oficial, devagar porém seguramente, incluídas na zona perigosa das línguas mistas. Na própria Baixa Áustria esse processo progredia mais ou menos rapidamente e muitos tchecos consideravam Viena como a sua principal cidade.
O pensamento predominante desse novo Habsburgo, cuja família falava o theco de preferência (a esposa do arquiduque era uma condessa tcheca e casara com o príncipe morganaticamente, sendo o meio em que ela nascera tradicionalmente anti-germânico), era estabelecer gradualmente um Estado eslavo na Europa central, em linhas estritamente católicas, como uma proteção contra a Rússia ortodoxa. Nesse sentido, como tantas vezes aconteceu aos Habsburgos, a religião era mais uma vez arrastada a servir a uma concepção puramente política, concepção lamentável, quando encarada do ponto de vista germânico.
A vários respeitos, o resultado foi mais que trágico. Nem a casa dos Habsburgos nem a Igreja Católica tiraram o proveito que esperavam.
O Habsburgo perdeu o trono, Roma perdeu um grande Estado.
Chamando forças religiosas a servirem a seus fins políticos, a coroa provocou um estado de espírito que ela própria inicialmente julgou ser impossível. A tentativa de exterminar o germanismo na velha monarquia despertou o movimento pangermanista na Áustria.
Na década de 80 o liberalismo manchesteriano, de origem judaica, atingira, se não ultrapassara, o seu ponto culminante na monarquia. A reação contra ele, entretanto, não proveio como em tudo, na Áustria, de pontos de vista sociais e, sim, de pontos de vista nacionais. O instinto de conservação obrigou o germanismo a pôr se em guarda, da maneira mais viva. Só em segundo plano é que as considerações econômicas começaram a ganhar influência apreciável. Assim- é que desabrocharam, da confusão política, dois partidos, um mais nacionalista, outro mais socialista, ambos porém altamente interessantes e Instrutivos para o futuro.
Após o fim deprimente da guerra de 1866 a Casa Habsburgo preocupava-se com a idéia de uma revanche no campo de batalha. Só a morte do imperador Maximiliano, do México, cuja expedição infeliz se atribuiu em primeira linha a Napoleão III e cujo abandono, por parte dos franceses, provocou geral indignação, evitou uma aliança mais íntima com a França. Entretanto, os Habsburgos estavam de alcatéia na ocasião. Caso a guerra de 1870-71 não se tivesse transformado numa expedição triunfal, única no gênero, a corte de Viena teria ousado tentar um golpe sangrento de vingança por causa de Sadowa. Quando, porém, chegaram as primeiras narrações dos feitos heróicos dos campos de batalha, maravilhosos e quase incríveis e, no entretanto, verdadeiros, o mais "sábio> de todos os monarcas reconheceu que a hora não era propícia e aparentou alegrar-se com o que, na realidade, contrariava os seus planos.
A luta de heróis desses dois anos conseguira milagre muito mais formidável, pois, quanto aos Habsburgos, a sua atitude modificada jamais correspondia a um impulso íntimo de coração, mas sim à força das circunstâncias. O povo alemão, na velha Marca oriental, foi arrastado pela embriaguez da vitória do Reich e via, profundamente comovido, a ressurreição do sonho dos antepassados convertido em maravilhosa realidade.
Que ninguém se engane, porém. O Austríaco de sentimento verdadeiramente germânico reconhecera, dessa hora em diante, em Königratz, a condição tão trágica quanto indispensável da restauração do império, o qual não devia estar ligado ao marasmo podre da antiga aliança, e não o estava.
Sobretudo ele, aprendeu a sentir, à sua própria custa, que a casa dos Habsburgos terminara a sua missão histórica e que o novo Império só poderia eleger imperador quem, pelo seu sentimento histórico, fosse capaz de oferecer uma cabeça digna à "coroa do Reno". Tanto mais era, pois, de louvar o destino por ter realizado essa investidura no rebento de uma dinastia que, com Frederico, o Grande, já dera à nação, em tempos perturbados, um exemplo eloqüente para inspirar a grandeza da raça.
Quando, porém, após a grande guerra, a casa dos Habsburgos se lançou decididamente no caminho da destruição lenta porém inexorável, da perigosa germanização da dupla monarquia (cujas intenções intimas não podiam deixar dúvidas) - e esse tinha de ser o fim da política de eslavização - irrompeu a resistência do povo condenado ao extermínio e de maneira nunca vista na história alemã dos tempos modernos.
Pela primeira vez, homens de sentimentos nacionalistas e patrióticos se fizeram rebeldes. Rebeldes, não contra a nação ou contra o Estado, e sim contra uma forma de governo que, segundo as suas convicções, tinha de conduzir ao aniquilamento da própria raça.
Pela primeira vez, na história alemã, contemporânea, o patriotismo corrente, dinástico, se divorciou do amor à pátria e ao povo.
Deve-se ao movimento pangermanista da Áustria alemã da década de 90 o ter constatado de maneira clara e insofismável que uma autoridade pública só tem direito de exigir respeito e proteção, quando ela corresponde aos desejos de uma nacionalidade ou pelo menos quando não lhe causa dano.
Não pode haver autoridade pública que se justifique pelo simples fato de ser autoridade, pois, nesse caso, toda tirania neste mundo seria inatacável e sagrada.
Quando, por força da ação do governo, uma nacionalidade é levada à destruição, a rebelião de cada um dos indivíduos de um tal povo não é só um direito, mas também um dever. Quando um caso assim se apresenta a questão não se decide por considerações teóricas, mas pela violência e - pelo êxito.
Como todo poder público, naturalmente, chama a si o dever de conservar a autoridade do Estado, mesmo que ela seja má e traia mil vozes os desejos de uma nacionalidade, o instinto de conservação, em luta com esse poder pela conquista da liberdade ou da independência, terá de usar das mesmas armas com as quais o adversário procura manter-se. A luta será, portanto, travada com o recurso aos meios "legais". enquanto o povo não deverá recuar mesmo diante de meios ilegais, quando o opressor colocar-se fora da lei.
De um modo geral, não se deve esquecer nunca que a conservação de um Estado ou de um governo não é o mais elevado fim da existência humana, mas o de conservar o seu caráter racial. Caso este se ache em perigo de ser dominado ou eliminado, a questão da legalidade terá apenas importância secundária. Mesmo que o poder dominante empregue mil vezes os meios "legais" na sua ação, o instinto de conservação dos oprimidos é sempre uma justificação elevada para a luta por todos os meios.
Só admitindo essa hipótese é que se pode compreender porque os povos deram tão formidáveis exemplos históricos nas lutas pela liberdade, contra a escravização, quer seja interna, quer externa.
Os direitos humanos estão acima dos direitos do Estado.
Se, porém, na luta pelos direitos humanos, uma raça é subjugada, significa isso que ela pesou muito pouco na balança do destino para ter a felicidade de continuar a existir neste mundo terrestre, pois quem não é capaz de lutai pela vida tem o seu fim decretado pela providência.
O mundo não foi feito para os povos covardes.
Quanto é fácil a uma tirania proteger-se com o manto da "legalidade", ficou clara e eloqüentemente demonstrado com o exemplo da Áustria.
O poder legal do Estado baseava-se, então, no anti-germanismo do parlamento, com a sua maioria não-germânica e na casa reinante, também germanófoba. Nesses dois fatores, estava encarnada toda a autoridade pública. Querer modificar o destino do povo teuto-austríaco dessa posição era tolice. Assim, porém, segundo o parecer dos veneradores da autoridade do Estado e da legalidade, toda resistência deveria ser abandonada por não ser exeqüível por meios legais. Isso, porém, significaria o fim do povo alemão na monarquia, necessariamente, forçosamente, e dentro de breve tempo. Efetivamente só pela derrocada daquele Estado foi o germanismo salvo desse destino.
Os teoristas de óculos, preferem, porém, morrer por sua doutrina a morrer pelo seu povo.
Como os homens, primeiro, criam as leis, pensam, depois, que estas estão acima dos direitos humanos.
Foi mérito do movimento pangermanista de então na Áustria o ter varrido de uma vez essa tolice, para desespero de todos os cavaleiros andantes e fetichistas da teoria do Estado.
Enquanto os Habsburgos tentavam perseguir o germanismo, este partido atacava - e impavidamente - a sublime, Casa soberana. Pela primeira vez, ele lançou a sonda nesse Estado apodrecido, abrindo os olhos a centenas de milhares de pessoas. Foi seu mérito ter libertado a maravilhosa noção de amor pátrio da influência dessa triste dinastia.
Aquele partido, nos seus primeiros tempos, contava com muitos adeptos, ameaçando mesmo transformar-se em verdadeira avalanche. Entretanto, o êxito não durou. Quando cheguei a Viena, o movimento há muito já havia sido ultrapassado pelo Partido Cristão Socialista, que alcançara o poder e se encontrava em estado de decadência.
Esse processo de evolução e desaparecimento do movimento pangermanista de um lado e da incrível ascensão do partido socialista, de outro, deveria tornar-se, para mim, da maior importância como objeto de estudo.
Quando cheguei a Viena, minhas simpatias estavam inteiramente do lado da orientação pangermanista.
Que se tivesse a coragem de exclamar no parlamento - viva Hohenzollern! - me impunha respeito e me causava contentamento; que se considerasse esse Partido como parte apenas momentaneamente separada do Império alemão e se proclamasse esse sentimento publicamente, a cada momento, despertava-me alegre confiança; que se admitissem impavidamente todas as questões referentes ao germanismo e nunca se entregassem a compromissos parecia-me o único caminho ainda acessível para a salvação de nosso povo; que, porém, o movimento, depois de sua magnifica ascensão, tornasse a decair, não podia eu compreender. Menos ainda compreendia que o Partido Cristão Socialista conseguisse alcançar nessa mesma época, tão grande violência. Este havia chegado exatamente ao auge de sua glória.
Ao comparar os dois movimentos, deu-me o destino o melhor ensinamento, apressado pela minha aliás triste situação, para que eu compreendesse as causas desse enigma.
Preliminarmente, começarei o meu exame por dois homens que podem ser considerados os chefes e fundadores dos dois partidos: Georg von Schönere e o Dr. Karl Lueger.
Quanto ao ponto de vista do caráter, ambos se elevam muito acima da média das chamadas personalidades parlamentares. No pantanal de uma corrupção política generalizada, a minha simpatia pessoal de início dirigia-se ao pangermanista Schönere e só pouco a pouco também ao chefe cristão social.
Comparados quanto às suas capacidades, já naquele tempo, Schönere me parecia o melhor e mais sólido pensador dos problemas básicos. Melhor que qualquer outro, ele reconheceu, de modo mais certo e claro, o fim fatal do Estado austríaco. Se as suas advertências tivessem achado eco, sobretudo no Reichstag, no que dizia respeito à monarquia dos Habsburgos, a desgraça da guerra da Alemanha contra a Europa jamais teria acontecido.
Mas se Schönere compreendia os problemas, na sua essência Intima, errava muito quanto aos homens.
Nesse conhecimento estava, ao contrário, a força do Dr. Lueger.
Este era um raro conhecedor dos homens, que se precavia de vê-los melhores do que eles são na realidade. Por isso contava ele mais com as reais possibilidades da vida, de que conhecimento tinha Schönere. Tudo o que pensava o pangermanista estava teoricamente certo, mas faltava-lhe a força e a habilidade de transmitir à massa o conhecimento teórico, pois essa capacidade é e sempre será limitada. Essa falta de real reconhecimento dos homens conduziu, com o correr dos anos, a um engano na avaliação de vários movimentos, bem como de instituições antiquíssimas.
Finalmente reconheceu Schönere, sem dúvida, que se tratava, no caso, de questões de concepção universal, porém não entendeu que a grande massa se presta admiravelmente para detentora dessas convicções quase religiosas.
Infelizmente, teve ele uma percepção muito imperfeita das extraordinárias limitações da disposição da burguesia para a luta. Devido a sua situação econômica, os burgueses são tímidos, não se arriscam a prejuízos, o que sempre os impede de agir.
Essa incompreensão da importância das camadas baixas da sociedade foi a causa da extrema ineficiência de suas opiniões sobre questões sociais.
Em tudo Isso o Dr. Lueger era o oposto de Schönere.
O profundo conhecimento dos homens fazia com que aquele não só fizesse juízo certo das forças aproveitáveis, como também ficasse a coberto de uma avaliação demasiadamente baixa das instituições existentes, sendo que, talvez por esse motivo, aprendesse a empregá-las em auxilio da consecução de seus intentos.
Ele compreendeu perfeitamente que a força combativa da burguesia superior, hoje em dia, é pequena, é insuficiente para conseguir a vitória de um grande e novo movimento. Dai vem que atribuía grande importância, na sua atividade política, à conquista das camadas cuja existência estava ameaçada e, nas quais, por isso mesmo, a vontade de lutar servia de estímulo em vez de ser motivo de inércia. Além disso, ele era inclinado a empregar todos os meios violentos para atrair a si as fortes instituições existentes com o fito de tirar, dessas velhas fontes de poder, todo o proveito para o seu movimento.
Por isso, baseou o seu novo partido, em primeira linha na classe média. ameaçada de extinção, e assegurou-se, assim, uma classe de adeptos extremamente difíceis de serem abalados e dotados de tão grande espírito de sacrifício como de vontade de lutar. A sua atitude extremamente hábil em relação à Igreja Católica conquistou-lhe, em pequeno espaço, a mais nova geração do clero, e de tal maneira que o antigo partido clerical foi forçado a retirar-se do campo ou, mais avisadamente, a aderir ao novo partido a fim de, paulatinamente, ganhar posição a posição.
Grande injustiça seria feita a esse homem, se se considerasse essa como a sua única característica, pois, além da qualidade de um tático inteligente, ele possuía as de um reformador verdadeiramente grande e genial. Entretanto, também nessa grande personalidade não era completo o conhecimento das possibilidades existentes bem como de sua própria capacidade pessoal.
Os objetivos que esse homem verdadeiramente notável se tinha proposto eram eminentemente práticos. Ele queria conquistar Viena. Viena era o coração da monarquia. Dessa cidade partia ainda o último alento de vida para o corpo doentio e envelhecido do império decadente. Quanto mais saudável se tornasse o coração, mais facilmente reviveria o resto do corpo. Uma idéia correta em princípio, que, porém, só podia ter aplicação durante um tempo determinado e limitado.
Aí é que estava a fraqueza desse homem. O que ele realizou como burgomestre na cidade de Viena é imortal no melhor sentido da palavra. Mesmo assim, não conseguiu, porém, salvar a monarquia - era tarde demais.
Seu rival Schönere vira mais claramente.
Na sua atuação prática o Dr. Lueger obtinha admirável êxito. O efeito, porém, do que ele esperava sempre deixava de realizar-se.
O que Schönere desejava, ele não o conseguia; o que ele temia, realizava-se, infelizmente, de uma maneira terrível.
Assim, os dois homens não realizaram o seu objetivo. Lueger não pôde mais salvar a Áustria e Schönere não conseguiu evitar a ruína do povo alemão.
É infinitamente instrutivo para o nosso tempo estudar a causa do fracasso desses dois partidos. É essencial, sobretudo, para os meus amigos, pois, em muitos pontos, as condições de hoje são semelhantes às daquele tempo, podendo-se, por isso, evitar erros que conduziram à morte de um. movimento e à esterilidade do outro.
O colapso do movimento pangermanista na Áustria teve, a meu ver, três causas:
Primeira; a noção pouco clara da importância do problema social, justamente tratando-se de um partido novo essencialmente revolucionário.
Enquanto Schönere e seus adeptos se dirigiam em primeira linha às camadas burguesas, o resultado só podia ser fraco, inofensivo.
A burguesia alemã é, sobretudo nas suas camadas superiores, embora que não o pressintam os indivíduos, pacifista a ponto de renunciar a si mesma, principalmente quando se trata de questões internas da nação ou do Estado. Nos bons tempos, isto é, nos tempos de um bom governo, tal disposição é uma razão do valor extraordinário dessas camadas para o Estado; em épocas de governos maus, porém, ela age de maneira verdadeiramente maléfica. Para conseguir a realização de uma luta séria, o movimento pangermanista tinha de lançar-se á conquista das massas. O fato de não se ter agido assim tirou-lhe, de começo, o impulso inicial que uma tal onda necessita para não desfazer-se.
Quando, inicialmente, não se tem em mira e não se executa esse princípio básico, o novo partido perde, para o futuro, toda possibilidade de evitar os efeitos do erro de começo. Aceitando, em número excessivo, elementos moderados burgueses, a atitude do movimento será dirigida por estes, ficando assim excluída a possibilidade de recrutar forças apreciáveis no seio da grande massa popular. Tal movimento não passará mais de pálidos mexericos e críticas. Nunca mais se poderá criar a fé quase religiosa aliada a idêntico espírito de sacrifício; surgirá, porém, em seu lugar, a tendência de, por meio de cooperação "positiva" - neste caso isso significa o reconhecimento do statu quo - aos poucos, aparar a dureza da luta para finalmente chegar a uma paz podre.
Foi o que aconteceu ao movimento pangermanista, pelo fato de não ter, desde o princípio, acentuado principalmente a conquista de seus adeptos entre os círculos da grande massa. Tornou-se um movimento "burguês, distinto, moderadamente radical".
Desse erro decorreu, porém, a segunda causa de seu rápido desaparecimento.
A situação na Áustria, para o germanismo, no tempo do aparecimento do movimento pangermanista, já não dava lugar a esperanças. De ano a ano, o parlamento se tornava, cada vez mais, uma instituição destinada ao aniquilamento lento do povo alemão. Toda tentativa de salvação na décima-segunda hora só podia oferecer uma probabilidade, embora pequena, de êxito, na extinção dessa instituição.
Com isso surgiu, junto ao movimento, uma questão de importância teórica.
Para destruir o parlamento, dever-se-ia ir ao parlamento, a fim de esvaziá-lo "de dentro para fora" ou devia-se conduzir essa luta de fora, atacando aquela instituição.
Os pangermanistas entraram no parlamento e foram derrotados.
Verdade é que se devia penetrar ali.
Conduzir uma luta contra tal potência, do lado de fora, significava armar-se de coragem inabalável é estar também disposto a sacrifícios infinitos. Agarra-se o touro pelos cornos e recebe-se fortes marradas. As vezes se cairá por terra, podendo levantar-se com os membros partidos, somente depois da mais áspera luta é que a vitória sorrirá ao ousado atacante. Somente a grandeza dos sacrifícios conquistará novos lutadores para a causa, até que a persistência garanta sucesso.
Para isso, porém, são necessários os filhos do povo, tirados da grande massa.
Só eles são suficientemente decididos e tenazes para conduzir essa luta ao seu fim sangrento.
O movimento pangermanista, porém, não possuía essa grande massa; nada mais lhe restava, pois, que ir ao parlamento.
Seria falso pensar que essa resolução tivesse sido o resultado de longos sofrimentos íntimos ou mesmo de meditações; não, não se pensava absolutamente em outra coisa.
Essa tolice, nada mais era que o reflexo de noções pouco claras sobre a importância e o efeito de tal participação numa instituição reconhecida, já em princípio, como falsa. Esperava-se, geralmente, facilitar o esclarecimento da grande massa popular, uma vez que se tinha a oportunidade de falar diante do "foro da nação inteira". Parecia também claro que o ataque à raiz do mal teria mais êxito que o ataque feito de fora. Pensava-se que a proteção das imunidades fortaleceria a segurança dos vários lutadores, de sorte que o ataque se tornaria mais forte.
Na realidade, porém, as coisas tomaram outro aspecto.
O "foro" perante o qual falavam os deputados pangermanistas em vez de tornar-se maior, tornara-se menor, pois cada um só fala diante do círculo que é capaz de ouvi-lo ou que, por meio dos comunicados da imprensa, recebe uma reprodução do que foi dito.
O maior foro de ouvintes é representado não pela sala de um parlamento e, sim, por um grande comício público.
No comício se encontra um grande número de pessoas que vieram somente para ouvir o que o orador tem a dizer-lhes, ao passo que no salão de sessões da Câmara dos Deputados só há algumas centenas de indivíduos que estão em geral apenas para receberem o seu subsídio e não para receber esclarecimentos da sapiência de um ou outro senhor "representante do povo".
Antes de tudo, porém, trata se, no caso, do mesmo público que nunca está disposto a aprender algo de novo, pois, além de faltar-lhe inteligência, falta-lhe a necessária vontade para isso.
Jamais um desses representantes fará por si mesmo honra à melhor verdade para, em seguida, pôr-se a seu serviço. Não. Nenhum fará isso, a não ser que tenha razão de esperar que tal mudança possa salvar o seu mandato por mais uma legislatura. Só quando pressentem que o seu partido sairá mal nas próximas eleições é que essas glórias da humanidade se mexem para verificar como se poderá mudar para um partido de orientação mais segura, sendo que essa mudança de atitude se processa sob um dilúvio de justificações morais. - Daí, acontecer sempre que quando um partido decai em grande escala do favor público e que há ameaça provável de uma derrota fulminante, começa a grande migração: os ratos parlamentares abandonam o navio partidário.
Isso nada tem que ver com o saber e o querer, mas é um índice daquele dom divinatório que adverte, ainda em tempo oportuno, o tal percevejo parlamentar, fazendo com que ele se abrigue em outra cama partidária mais quente.
Falar perante um tal "foro" significa, na verdade, jogar pérolas a porcos. De fato, isso não vale a pena! Nesse caso o êxito não pode ser senão igual a zero.
E assim era, na realidade. Os deputados pangermanistas poderiam falar até rebentar: o efeito, porém, seria nulo.
A imprensa, por sua vez, conservava-se muda ou mutilava os discursos de tal maneira que qualquer conexão era impossível e mesmo o sentido era deturpado, quando não se perdia inteiramente. E por isso a opinião pública só recebia uma imagem muito imperfeita das intenções do novo movimento. Era inteiramente destituído de importância o que dizia cada um dos deputados: a importância estava naquilo que se dava a ler como sendo deles. Consistia isso em extratos de seus discursos, que, mutilados, só podiam e deviam provocar impressão errônea. Assim o público perante o qual eles falavam realmente era os escassos quinhentos parlamentares. E isso nos diz bastante.
O pior, porém, era o seguinte: o movimento pangermanista só poderia contar com sucesso caso tivesse compreendido, desde o primeiro dia, que não se deveria tratar de um novo partido e, sim, de uma nova concepção política do mundo. Só esta conseguiria provocar as forças internas para essa luta gigantesca. Para esse fim, porém, só servem para chefes as melhores e mais corajosas cabeças.
Caso a luta por um sistema universal não seja conduzida por heróis prontos ao sacrifício, em curto espaço de tempo será impossível encontrar lutadores preparados para morrer. Um homem que combate exclusivamente por sua existência pouco terá de sobra para a causa geral. A fim de que se possa realizar aquela hipótese, é necessário que cada um saiba que o novo movimento trará honra e glória ante a posteridade e que, no presente, nada oferecerá. Quantos mais postos tenha um movimento a distribuir, maior será a concorrência dos medíocres., até que estes políticos oportunistas, sufocando pelo número o partido vitorioso, o lutador honesto não mais reconheça o antigo movimento e os novos adesistas o rejeitem decididamente como um intruso" incômodo.
Com isso, porém, estará liquidada a "missão" de tal movimento.
Logo que a agitação pangermanista aceitou o parlamento, começou a dispor de "parlamentares" em vez de guias e lutadores de verdade. O partido baixou ao nível de qualquer das facções do tempo e, por isso, perdeu a força necessária para enfrentar o destino com a audácia dos mártires. Em vez de lutar, aprendeu também a "falar" e a "negociar". Em breve tempo, o novo parlamentar sentia como mais nobre dever, - porque menos arriscado - combater a nova concepção do mundo com as armas "espirituais" da eloqüência parlamentar, em vez de lançar-se numa luta com o risco da própria vida - luta de resultado incerto e que nada rende para os seus líderes.
Como eles estavam no parlamento, os adeptos, lá fora, começaram a esperar milagres, que naturalmente não se realizaram e nem poderiam realizar-se. Dentro em pouco, apareceu a impaciência, pois, mesmo o que se conseguia ouvir dos próprios deputados de modo algum correspondia às esperanças dos eleitores. Isso era de fácil explicação, pois a imprensa inimiga evitava transmitir ao público uma imagem exata da ação dos representantes pangermanistas.
Quanto mais crescia o gosto dos novos representantes do povo pela maneira ainda suave da luta "revolucionária" no parlamento e nas dietas, tanto menos se achavam eles dispostos a voltar ao mais perigoso trabalho de propaganda, no seio das camadas populares.
Os comícios, que eram o único meio eficiente de influir sobre as pessoas e, portanto, capaz de atrair grandes massas populares, eram cada vez menos utilizados.
Desde que as reuniões nas casas públicas foram definitivamente substituídas pela tribuna do parlamento, para, deste foro, derramar os discursos sobre as cabeças do povo, o movimento pangermanista deixou de ser um movimento popular e desceu, em curto tempo, à categoria de um clube de dissertações acadêmicas, de caráter mais ou menos sério.
A má impressão propagada pela imprensa não era, de maneira alguma, corrigida pela atividade das assembléias parlamentares. Assim, a palavra "pangermanista" passou a soar mal aos ouvidos populares. É preciso que os literatelhos e peralvilhos de hoje saibam que as maiores revoluções deste mundo nunca foram dirigidas por escrevinhadores!
Não. A pena sempre se limitou a traçar as bases teóricas das revoluções.
O poder, porém, que pôs em movimento as grandes avalanchas históricas, de caráter religioso e político, foi, desde tempos imemoriais, a força mágica da palavra falada.
Sobretudo a grande massa de um povo sempre só se deixa empolgar pelo poder da palavra. Todos os grandes movimentos são movimentos populares, são erupções vulcânicas de paixões humanas e de sensações psíquicas provocadas ou pela deusa cruel da necessidade ou pela tocha da palavra atirada entre a massa e não por meio de jorros de literatos açucarados metidos a estetas e a heróis de salão.
Só uma tempestade de paixão escaldante é que consegue torcer o destino dos povos: mas só consegue provocar entusiasmo quem o possua no seu íntimo. Só esse entusiasmo inspira aos seus eleitos as palavras que, como golpes de martelo, conseguem abrir as portas do coração de um povo.
Não é escolhido para anunciador da vontade divina aquele a quem falta a paixão e mantém-se em um silêncio cômodo.
Por isso, todo escritor devia restringir-se ao seu tinteiro, para trabalhar "teoricamente", se não lhe faltam inteligência e saber. Para chefe não nasceu ele, porém, nem para tal foi escolhido.
Um movimento de grandes objetivos, deve, pois, diligenciar para não perder o contato com a massa do povo.
Esse ponto deve ser examinado em primeiro lugar e as decisões devem ser tomadas sob essa orientação. Deverá ser evitado tudo o que posse diminuir ou enfraquecer a capacidade de ação sobre a coletividade, não por motivos "demagógicos", mas pelo simples reconhecimento de que sem a força formidável da massa de um povo não se pode realizar uma grande idéia, por mais elevada e sublime que ela pareça. A dura realidade é que deve determinar o caminho para o objetivo visado; não querer palmilhar caminhos desagradáveis significa neste mundo desistir do Ideal, quer se queira, quer não.
Logo que o movimento pangermanista, por sua atitude parlamentar, colocou o seu ponto de apoio no parlamento e não no povo, perdeu o futuro e ganhou, em troca, o êxito barato e passageiro.
Escolheu a luta mais fácil, e, por isso mesmo, deixou de merecer a vitória final.
Justamente essas questões foram por mim estudadas em Viena, da maneira mais profunda, notando, então, que, no seu não reconhecimento, estava um dos principais motivos do colapso do movimento, que, a meu ver, era destinado a tomar em suas mãos a direção do germanismo.
Os dois primeiros erros que fizeram com que fracassasse o movimento pangermanista completavam-se, um era conseqüência do outro. A falta de conhecimento das forças impulsoras das grandes revoluções deu lugar à errada avaliação da importância das grandes coletividades; daí proveio o pouco interesses pela questão social, o medíocre aliciamento das camadas inferiores da nação, bem como também a atitude favorável em relação ao parlamento.
Caso tivesse sido reconhecido o incrível poder que cabe à massa como portadora da resistência revolucionária em todos os tempos, ter-se-ia trabalhado de outra maneira, tanto socialmente como com relação à propaganda. Não se teria também, então, acentuado o movimento em direção ao parlamento e sim em direção à oficina e à rua.
O terceiro erro, porém, se caracterizou ainda mais pelo não reconhecimento do valor da massa, que, uma vez movimentada em determinada direção, por espíritos superiores, mais tarde, como um volante, dá impulso à força e tenacidade uniforme do ataque.
A áspera luta que o movimento pangermanista teve de sustentar com a Igreja católica só se explica devido à falta de compreensão da psicologia do povo.
As causas do ataque violento do novo partido contra Roma estavam no seguinte:
"Logo que a Casa dos Habsburgos se decidira definitivamente a transformar a Áustria em um Estado eslavo, foram utilizados todos os meios que pareciam próprios para esse fim. As instituições religiosas foram também inescrupulosamente postas ao serviço da nova idéia oficial, por essa inconscientíssima dinastia. A utilização de paróquias tchecas e de seus curas era somente um dos muitos meios de chegar a este fim, isto é, uma eslavização generalizada da Áustria".
O processo desenrolava-se mais ou menos assim:
"Os padres tchecos eram mandados para paróquias puramente alemãs. Esses sacerdotes lenta, mas seguramente, começavam a sobrepor os interesses do povo tcheco aos interesses da Igreja, tornando-se assim a célula mater do processo de desgermanização".
O clero germânico, ante esse processo, fracassou quase completamente. E assim aconteceu não só porque esses próprios sacerdotes eram inteiramente incapazes de uma semelhante luta, no sentido do germanismo. como por não conseguirem opor a necessária resistência ao- ataque dos outros. Dessa maneira o germanismo era lenta, mas irresistivelmente, repelido por um lado, pela ação desabusada de parte do clero que se lhe opunha e pelo outro pela insuficiência da defesa. Se, como vimos, isso se dava em pequena escala, em grande escala não seria outra a situação.
Aí também as tentativas antigermânicas dos Habsburgos não encontraram, sobretudo de parte do alto clero, a resistência exigida, e, assim, a defesa dos interesses alemães passava a plano secundário.
A impressão geral era de que havia uma ofensa grosseira aos direitos alemães da parte do clero católico.
Parecia com isso que a Igreja não sentia com o povo alemão e se colocava, de maneira injusta, ao lado do inimigo do mesmo. A raiz de todo o mal, porém, estava, segundo a opinião de Schönere, no fato de a direção da Igreja católica não estar na Alemanha, bem como na animosidade, proveniente desse fato, contra os anseios de nossa nacionalidade.
Os chamados problemas culturais passaram, como quase tudo na Áustria, para segundo plano. O que valia, na atitude do movimento pangermanista, com relação à- Igreja católica, era menos a atitude desta relativamente à ciência que a sua insuficiente compreensão dos interesses alemães e, inversamente, uma constante fomentação das pretensões e da cobiça eslavas.
George Schönere não era homem que fizesse as coisas pela metade. Iniciou a luta contra a Igreja, convencido de que somente por ela é que a raça alemã poderia salvar se. O movimento de libertação contra Roma (Los von Rom") parecia o mais formidável, porém também o mais difícil processo de ataque, que teria de destruir a cidadela inimiga. Fosse ele vitorioso estaria vencida, para sempre, a infeliz cisão religiosa na Alemanha e a força interior do Reich e da nação alemã poderia, com uma tal vitória, lucrar de maneira formidável.
Entretanto, nem a previsão nem as conclusões dessa luta estavam certas.
Incontestavelmente a força de resistência do clero católico, de nacionalidade alemã, era inferior, em todas as questões referentes ao germanismo, às de seus irmãos não alemães, sobretudo tchecos.
Ao mesmo tempo, só um ignorante não veria que ao clero alemão jamais ocorreu uma defesa agressiva dos interesses da sua raça.
Demais, quem quer que não estivesse ofuscado pelas aparências, deveria reconhecer que esse fato deve ser atribuído primeiro que tudo a uma circunstância que todos nós alemães devemos lastimar: a "objetividade" com que encaramos os problemas raciais, assim como todos os outros.
Assim como o sacerdote tcheco era subjetivo em relação ao seu povo e somente objetivo em relação A Igreja, o sacerdote alemão era dedicado subjetivamente à Igreja e permanecia objetivo com relação à nação. Esse é um fenômeno que em mil outros casos podemos constatar, para infelicidade nossa.
Isso não é de maneira alguma só uma herança especial do catolicismo, mas ataca, entre nós, em curto espaço de tempo, quase toda a organização do Estado.
Compare-se, por exemplo, a atitude que o nosso funcionalismo público assume em face das tentativas de um renascimento nacional com a do funcionalismo de qualquer outra nação em circunstâncias semelhantes. Imagina-se, acaso, que o corpo de funcionários de qualquer outro país do mundo preteriria de maneira semelhante os desejos da nação ante a frase oca "autoridade do Estado", como é corrente entre nós desde cinco anos, sendo até considerado particularmente digno de elogios, quem assim procede? Não assumem os dois credos, hoje em dia, na questão judaica, uma atitude que não está em harmonia nem com os desejos da nação nem com os verdadeiros interesses da própria religião? Compare-se, por exemplo, a atitude de um rabino, em todas as questões, mesmo de somenos importância do judaísmo como raça, com a do clero de ambos os credos cristãos com relação à raça germânica.
Isso acontece conosco toda vez que se trata de defender uma idéia abstrata.
A "autoridade do Estado", a "democracia", o "pacifismo", a "solidariedade internacional", etc., são idéias que sempre convertemos em concepções fixas, puramente doutrinárias, de sorte que todo julgamento sobre as necessidades vitais da nação é feito exclusivamente por esse critério.
Essa maneira infeliz de considerar todas as aspirações pelo prisma de uma opinião preconcebida destrói toda a capacidade de aprofundar-se o homem num assunto subjetivamente por contradizer objetivamente a própria teoria e conduz finalmente a uma inversão de meios e de finalidades. Toda tentativa de levantar a nação será repelida, desde que implique na extinção de um regime, mesmo mau, desde que seja uma infração ao "princípio de autoridade". O "princípio de autoridade" não é, porém, um meio para um fim, antes, aos olhos desses fanáticos da objetividade, representa o próprio fim, o que é suficiente para explicar a triste vida desse princípio. Assim é que, por exemplo, toda tentativa por uma ditadura seria recebida com indignação, mesmo que o seu executor fosse um Frederico, o Grande, e que os artistas políticos de uma maioria parlamentar momentânea não passassem de anões incapazes ou de indivíduos medíocres. A lei da democracia parece mais sagrada para um desses doutrineiros que o bem da nação. Um protegerá, portanto, a pior tirania que aniquila um povo, desde que o "princípio de autoridade" se corporiza nela, ao passo que o outro rejeita mesmo o mais abençoado governo, desde que este não corresponda à sua concepção de democracia.
Da mesma maneira o nosso pacifista alemão silenciará diante do mais sangrento atentado contra o povo, mesmo que ele parta das mais rudes Forças militares; silenciará desde que a mudança desse destino só seja possível por meio de uma resistência, portanto, de uma violência, pois isso contraria o seu espírito pacifista. O socialista alemão internacional, entretanto, pode ser saqueado solidariamente pelo resto do mundo; ele mesmo retribui com simpatia fraternal e não pensa em reparações ou mesmo protestos, pois que ele é - um alemão.
Isso pode ser deplorável, porém quem quiser modificar uma situação deve reconhecê-la primeiramente. O mesmo acontece com a defesa dos anseios do povo alemão por uma parte do clero. Por si, isso não representa nem má vontade, nem é provocado, por exemplo, por ordem "de cima". Vemos, porém, nessa fraqueza nacional, o resultado de uma educação também falha no sentido da germanização da juventude como também, por outro lado, uma submissão irrestrita à idéia tornada ídolo.
A educação para a democracia, para o socialismo de feitio internacional, para o pacifismo, etc., é tão rígida e radical, portanto considerada por eles puramente subjetiva que, com isso, a imagem geral do resto do mundo é influenciada por essa noção fundamental, ao passo que a atitude para com o germanismo desde a juventude sempre se caracterizou pelo seu objetivismo. Dessa maneira o pacifista alemão que se submete subjetivamente à sua idéia, procurará sempre primeiro os direitos objetivos, mesmo em casos de ameaças injustas e pesadas a seu povo e nunca se colocará, por puro instinto de conservação, na fileira de seu rebanho para lutar ao lado dele.
Quanto isso vale para os vários credos, pode ser mostrado pelo seguinte:
O protestantismo representa, por si, melhor, as aspirações do germanismo, desde que esse germanismo esteja fundamentado na origem e tradições da sua igreja; falha, entretanto, no momento em que essa defesa dos interesses nacionais tenha de realizar-se num domínio em discordância com a sua tradicional maneira de conceber os problemas mundiais.
O protestantismo servirá para promover tudo o que é essencialmente germânico, sempre que se trate de pureza interior ou, de intensificar o sentimento nacional, ou de defesa da vida alemã, da língua e também da liberdade, uma vez que tudo isso é parte essencial nele; mas é mais hostil a qualquer tentativa de salvar a nação das garras de seu mais mortal inimigo, porque a sua atitude em relação ao judaísmo foi traçada mais ou menos como um dogma. Nisso ele gira indecisamente em torno da questão e, a não ser que essa questão seja resolvida, não terá sentido ou possibilidade de êxito qualquer tentativa de um renascimento alemão.
Durante minha estadia em Viena, eu tive bastante prazer e oportunidade de examinar essa questão, sem espírito preconcebido e, pude ainda verificar milhares de vezes, no convívio diário, a correção desse modo de ver.
Nessa cidade em que estão em foco as mais variadas raças, era evidente, a todos parecia claro, que somente o pacifista alemão procura considerar sempre objetivamente as aspirações de sua própria nação, porém nunca o faz assim o judeu em relação às do seu povo; que somente o socialista alemão é "internacional", isto é, é proibido de fazer justiça a seu próprio povo de outra maneira que não seja com lamentações e choro entre os companheiros internacionais. Nunca agem assim o tcheco, o polaco, etc. Enfim, reconheci desde então, que a desgraça só em parte está nessas teorias e, por outra parte, em nossa insuficiente educação com relação ao nacionalismo e numa dedicação diminuída, em virtude disso, em relação ao mesmo.
Por essas razões, falhou o primeiro fundamento puramente teórico do movimento pangermanista contra o catolicismo.
Eduque-se o povo alemão, desde a juventude, no reconhecimento firme dos direitos da própria nacionalidade e não se empestem os corações infantis com a maldição de nossa "objetividade", mesmo em coisas relativas à conservação do próprio eu, e em pouco tempo, verificar-se-á que (supondo-se um governo radical nacional), assim como na Irlanda, na Polônia ou na França, o católico alemão será sempre alemão.
A mais formidável prova disso foi fornecida naquela época em que, pela última vez, o nosso povo, em defesa de sua existência, se apresentou, diante da justiça da História, em uma luta de vida e de morte.
Enquanto naquele momento não faltou a direção de cima, o povo cumpriu o seu dever do modo mais decisivo.
Pastor protestante ou padre católico, ambos contribuíram infinitamente para uma longa conservação de força de resistência, não só no "front" mas, sobretudo, no interior do país. Nesses anos, e sobretudo nos primeiros momentos de entusiasmo, só existia na realidade um único império alemão sagrado nos dois campos e para cuja subsistência e futuro cada um se dirigia ao seu céu.
O movimento pangermanista na Áustria deveria ter-se proposto a seguinte pergunta: É ou não possível a conservação do germanismo austríaco sob uma fé católica? No caso afirmativo, o partido político não se deveria ter incomodado com a questão religiosa ou de credo. Em caso contrário, seria necessária uma reforma religiosa e nunca um partido político.
Aquele que pensa poder chegar, pelo atalho de uma organização política, a uma reforma religiosa, mostra somente que lhe falta qualquer vislumbre da evolução das noções religiosas ou mesmo das dogmáticas e da atuação prática do clero.
Na realidade não se pode servir a dois senhores, sendo que eu considero a fundação ou destruição de uma religião muito mais importante do que a fundação ou destruição de um Estado, quanto mais de um partido.
Não se diga que os aludidos ataques foram a defesa contra ataques do lado contrário!
É certo que, em todas as épocas, houve indivíduos sem consciência que não tiveram pejo de fazer da religião instrumento de seus interesses políticos (pois é disso que se trata quase sempre e exclusivamente entre esses pulhas). Entretanto, é falso tornar a religião ou o credo responsável por um bando de patifes que dela fazem mau uso, da mesma forma por que poriam qualquer outra coisa a serviço de seus baixos instintos.
Nada pode melhor servir a um tratante e mandrião parlamentar do que a oportunidade que assim se lhe oferece de, ao menos posteriormente, conseguir a justificação de sua esperteza política. Pois logo que a re1igião ou o credo é responsabilizado por uma maldade pessoal e por isso atacados, o maroto chama, com berreiro formidável, o mundo inteiro para testemunhar quão justa fora a sua atuação e como, graças a ele e à sua loquacidade, foram salvas a religião e a igreja. Os contemporâneos, tão tolos quanto esquecidos, não reconhecem o verdadeiro causador da luta, devido ao grande berreiro que se faz ou não se lembram mais dele e assim atinge o patife o seu objetivo.
Essas astuciosas raposas sabem bem que isso nada tem a ver com a religião. Por isso mais rirá ele consigo mesmo, enquanto que o seu adversário, honesto porém inábil, perde a cartada e retira-se de tudo, desiludido da lealdade e da fé nos homens.
Em outro sentido, seria também injusto tomar a religião ou mesmo a igreja como responsável pelos desacertos de quaisquer indivíduos.
Compare-se a grandeza da organização visível com a defeituosidade média dos homens em geral e será necessário admitir que a relação do bem para o mal é melhor entre nós do que em qualquer outra parte. É certo que há também, mesmo entre os próprios padres, alguns para os quais a sua função sagrada é apenas um meio para a satisfação de sua ambição- política e que chegam mesmo a esquecer, na luta política, muitas vezes de maneira mais do que lamentável, que deveriam ser os guardas de uma verdade superior e não os representantes da mentira e da calúnia. Entretanto para cada indigno desses há, por outro lado, milhares e milhares de curas honestos, dedicados da maneira mais fiel à sua missão que, em nossos tempos atuais, tão mentirosos como decadentes, se destacam como pequenas ilhas num pântano geral.
Tão pouco condeno ou devo condenar a igreja pelo fato de um sujeito qualquer de batina cair em falta imunda contra os costumes, quando muitos outros mancham e traem a sua nacionalidade, em uma época em que isso ocorre freqüentemente. Sobretudo hoje em dia, é bom não esquecer que para cada Efialtes há milhares de pessoas que, com o coração sangrando, sentem a infelicidade de seu povo e, como os melhores de nossa nação, desejam ansiosamente a hora em que para nós o céu possa sorrir também.
A quem, porém, responde que, no caso, não se trata de pequenos problemas da vida diária, mas sobretudo de questões de verdade fundamental e de conteúdo dogmático, pode-se dar a devida resposta com outra questão:
"Se te considerares feito pelo destino a fim de proclamar a verdade, faze-o; tem, porém, também, a coragem de não quereres fazer isso pelo talho de um partido político - pois constitui também esperteza, mas coloca, em lugar do mal de agora, o que lhe parece melhor para o futuro.
Se porventura te faltar a coragem ou se não conheceres bem o que em ti há de melhor, não te metas; em todo caso, não tentes, pelo recurso de um movimento político, conseguir astuciosamente aquilo que não tens coragem de fazer de viseira erguida".
Os partidos políticos nada têm a ver com os problemas religiosos, a não ser que estes, estranhos ao povo, venham solapar os costumes e a moral da própria raça. A religião também não se deve imiscuir em intrigas do partidarismo político.
Quando os dignitários da igreja se servem de instituições ou doutrinas religiosas para prejudicar a sua nacionalidade, nunca deverão ser seguidos nessa trilha e sim combatidos com as mesmas armas.
As doutrinas e Instituições religiosas de seu povo devem ser intangíveis para o chefe político; ao contrário, este não deveria ser político e sim reformador!
Qualquer outra atitude conduziria a uma catástrofe, especialmente na Alemanha.
Nas minhas observações sobre o movimento pangermanista em sua luta contra Roma, cheguei, naquela ocasião e, sobretudo posteriormente, à seguinte conclusão: devido a sua fraca compreensão da significação do problema social, o movimento perdeu a força combativa da massa popular. Indo ao parlamento, perdeu a sua força de impulsão e sobrecarregou-se com toda a fraqueza inerente àquela instituição. A sua luta contra a igreja desacreditou-o perante muitas camadas das classes baixa e média e privou-o de muitos dos melhores elementos que se poderiam indicar como essencialmente nacionais.
Os resultados da "Kulturkampf" na Áustria foram praticamente nulos.
É verdade que foi possível arrancar perto de cem mil membros à igreja, porém sem que ela por isso tivesse sofrido dano sensível. Realmente, nesse caso, não havia necessidade de chorar pelas "ovelhinhas" perdidas; ela só perdeu o que há já muito tempo intimamente lhe não pertencia. Essa era a diferença entre a nova reforma e a antiga. Outrora, muitos dos melhores elementos da igreja se tinham afastado dela por convicção religiosa íntima, ao passo que agora só os "mornos" é que se foram e por "considerações" políticas.
Justamente do ponto de vista político o resultado foi muito ridículo e deplorável. Mais uma vez fracassara um promissor movimento político da nação alemã por não ter sido conduzido com a necessária sobriedade, mas perdera-se um campo que forçosamente teria de conduzir a um desagregamento.
A verdade, pois, é que:
O movimento pangermanista jamais teria cometido esse erro, se não possuísse pouca compreensão da psicologia da massa. Se os seus chefes tivessem sabido que para conseguir êxito não se deve nunca mostrar a massa dois ou mais adversários, por considerações puramente psíquicas, pois isso conduziria de outra maneira ao desagregamento da força combativa, só por esse motivo o movimento pangermanista deveria ter sido principalmente dirigido contra um só adversário. Nada mais perigoso para um partido político que deixar-se levar nas suas decisões por levianos que tudo querem sem conseguir jamais coisa alguma.
Mesmo que nos vários credos haja muita coisa a eliminar o partido político não deve perder de vista um minuto o fato de que, a julgar por toda a experiência da história até hoje, nunca um partido político conseguiu, em situações semelhantes, chegar a uma reforma religiosa. Não se estuda, porém, a história para não recordar os seus ensinamentos quando é chegada a hora de aplicá-la praticamente ou para pensar que as coisas agora são outras e que, portanto, as suas verdades não são mais aplicadas, mas aprende-se dela justamente o ensino útil para o presente. Quem não consegue isso, não deve ter a pretensão de ser chefe político. Esse é na realidade um idiota superficial e muito convencido e toda boa vontade não desculpa a sua incapacidade prática.
A arte de todos os grandes condutores de povos, em todas as épocas, consiste, em primeira linha, em não dispersar a atenção de um povo e sim em concentrá-la contra um único adversário. Quanto mais concentrada for a vontade combativa de um povo, tanto maior será a atração magnética de um movimento e mais formidável o ímpeto do golpe. Faz parte da genialidade de um grande condutor fazer parecerem pertencer a uma só categoria mesmo adversários dispersos, porquanto o reconhecimento de vários inimigos nos caracteres fracos e inseguros muito facilmente conduz a um princípio de dúvida sobre o direito de sua própria causa.
Logo que a massa hesitante se vê em luta contra muitos inimigos, surge imediatamente a objetividade e a pergunta de se realmente todos estão errados ou só o próprio povo ou o próprio movimento é que está com o direito.
Com isso aparece também o primeiro colapso da própria força. Daí ser necessário que uma maioria de adversários internos seja sempre vista em blocos, de sorte que a massa dos próprios adeptos julgue que a luta seja dirigida contra um inimigo único. Isso fortalece a fé no próprio direito e aumenta a irritação contra o inimigo.
O fato de o movimento pangermanista não ter compreendido isso lhe custou a derrota.
O seu objetivo estava certo. A vontade era pura. O caminho seguido, porém, estava errado. Ele se assemelhava a um alpinista que tem em vista o pico a ser galgado e que se põe a caminho com decisão e força, sem porém dedicar atenção a esse último, tendo a vista sempre voltada para o objetivo, sem atentar na trilha que segue. Por isso, fracassa.
Inversamente, parecia passarem-se as coisas nas fileiras do adversário - no Partido Socialista Cristão.
O caminho seguido por este foi sábia e seguramente escolhido. Entretanto, faltou-lhe a compreensão exata do objetivo.
Em quase todos os pontos em que o movimento pangermanista falhou, eram bem e corretamente pensadas as disposições do Partido Socialista Cristão.
Ele compreendia exatamente a importância das massas e, desde o seu início, atraiu a si uma certa camada popular, pela ostensiva afirmação de seu caráter social. E desde que se dispôs a ganhar a classe média e a classe dos artesãos, ganhou permanentes e fiéis sectários, prontos para o sacrifício de si mesmos. O partido evitou combater contra quaisquer organizações representadas pela Igreja, assegurando-se, assim, o apoio dessa poderosa organização. Possuía, por isso, um único adversário verdadeiramente grande. Compreendeu o valor da propaganda em larga escala e especializou-se em influenciar psicologicamente os instintos da grande maioria de seus adeptos.
O fato de ter o partido falhado em seu sonho de salvar a Áustria foi devido aos seus métodos, que eram errados em dois sentidos, assim como à obscuridade de seus objetivos.
Em vez de ser fundado sobre base racial, o seu anti-semitismo tinha fundamento religioso. A razão por que esse erro se insinuou foi a mesma que causou o segundo erro.
Se o Partido Socialista Cristão quisesse salvar a Áustria não se deveria apoiar, na opinião de seu fundador, no princípio racial, desde que, de qualquer modo, em breve prazo, ocorreria a dissolução geral do Estado. Os chefes do partido entenderam que a situação em Viena exigia que se evitassem as tendências para a dispersão e se apoiassem todos os pontos de vista conducentes à unidade.
Naquela época, Viena se achava fortemente impregnada de elementos tchecos e nada a não ser a extrema tolerância nos problemas raciais poderia evitar que aquele partido fosse anti-germânico desde o início. - Para salvação da Áustria, aquele partido não poderia ser dispensado. Por isso fizeram esforços especiais para ganhar o grande número de pequenos negociantes tchecos de Viena pela oposição à escola liberal de Manchester e, com isso, julgavam haver descoberto um grito de guerra para a luta contra o judaísmo, luta baseada na religião, que deixaria na sombra todas as diferenças de raça da velha Áustria.
Claro é que um combate em tal base molestaria muito pouco os judeus. Na pior das hipóteses, um pouco de água benta bastaria para salvar os seus negócios e, ao mesmo tempo, o seu judaísmo.
Com essa base leviana, nunca foi possível tratar de maneira séria e científica do problema, mas apenas perderam-se muitos adeptos que não compreendiam essa espécie de anti-semitismo. Com isso a força de aliciar adeptos ficaria circunscrita quase exclusivamente a círculos intelectuais restritos, a não ser que se quisesse passar do puro sentimento para um verdadeiro do problema. A atitude das classes intelectuais era de franca negação. A questão parecia cada vez mais limitar-se a uma nova tentativa de conversão dos judeus. Tinha-se até a impressão de tratar-se de uma certa inveja de concorrente. Com isso a luta perdeu o caráter de um movimento superior e para muitos - e justamente não para os piores - tomou a aparência de imoral e reprovável. Faltava a convicção de que se tratava de uma questão vital de toda a humanidade, de cuja solução dependia o destino de todos os povos não judeus.
As meias medidas, a indecisão, haviam destruído o valor da posição anti-semítica do Partido Socialista Cristão.
Era um anti-semitismo aparente, era pior do que nada, porque o povo tinha a ilusão de segurar firmemente o seu inimigo nas mãos, quando este é que o guiava.
O judeu, porém, em curto espaço de tempo, de tal maneira se acostumara a essa espécie de anti-semitismo, que a sua supressão certamente lhe teria feito mais falta do que incômodos lhe dava a sua existência.
Se o Estado constituído de diferentes raças já exigia um sacrifício, maior ainda o exigia a defesa do germanismo.
Não se podia ser "nacionalista", a não ser que, mesmo em Viena, se quisesse deixar de sentir a terra debaixo dos pés. Esperava-se salvar o Estado dos Habsburgos contornando suavemente essa questão e, assim, o atiravam diretamente à ruína. Com isso, porém, perdeu o movimento a única poderosa fonte, de energia que pode fornecer força, duradouramente, a um partido político. O movimento cristão social tornou-se, com isso, um partido como qualquer outro. Eu havia seguido atentamente os dois movimentos, um por impulso íntimo do coração, o outro arrastado pela admiração pelo homem raro que já então me aparecia como um símbolo amargo de todo o germanismo austríaco.
Quando o formidável cortejo fúnebre conduzia o falecido burgomestre da Rathaus para a Ringstrasse, também me encontrava entre as muitas centenas de milhares de pessoas que assistiam ao espetáculo fúnebre. Intimamente comovido, dizia-me o sentimento que também a obra desse homem tinha de ser em vão, devido à fatalidade que irrecusavelmente teria de conduzir aquele Estado ao aniquilamento.
Se o Dr. Karl Lueger tivesse vivido na Alemanha, teria sido incluído entre os maiores homens de nossa raça. Foi infelicidade sua e de sua obra que tivesse vivido naquele Estado insustentável que era a Áustria.
Ao mesmo tempo de sua morte, já começava a espalhar-se vivamente, cada mês que se passava, aquela pequena chama dos Balcãs, de maneira que, por uma gentileza do destino, foi lhe poupado ver aquilo que ele acreditava poder evitar.
Eu, porém, tentei encontrar as causas do insucesso de ambos os movimentos e cheguei à convicção firme de que, abstraindo inteiramente a impossibilidade de ainda conseguir na velha Áustria o fortalecimento do Estado, os erros dos dois partidos eram os seguintes:
O partido pangermanista teoricamente tinha toda razão quanto ao objetivo da regeneração germânica, mas era infeliz na escolha de seus métodos. Era nacionalista, mas, infelizmente, não bastante social para ganhar a adesão da massa popular. O seu anti-semitismo era baseado na verdadeira apreciação da importância do problema racial e não em- teorias religiosas. Por outro lado, a sua luta contra um credo definido estava errada tanto quanto aos fatos como quanto à tática.
As idéias do movimento cristão socialista acerca do objetivo do renascimento germânico eram demasiadamente vagas, mas, como partido, era feliz e inteligente na escolha de seus métodos. Compreendia a importância da questão social, mas laborava em erro na sua luta contra os judeus e ignorava inteiramente a força do sentimento nacional.
Se o Partido Socialista Cristão possuísse, além de sua inteligente compreensão da grande massa, uma noção certa da importância do problema da raça, como a tinha apanhado o movimento pangermanista, e tivesse ele também sido nacionalista ou tivesse o movimento pangermanista adotado, além da sua compreensão certa do objetivo da questão judaica e da importância do sentimento nacional, também a inteligência prática do Partido Socialista Cristão, sobretudo quanto à atitude em relação ao socialismo - ter-se-ia produzido aquele movimento que, já então - estou convencido - poderia ter influído no destino do germanismo.
Se isso assim não aconteceu, foi devido, em grande parte, ao caráter do Estado austríaco.
Como não via a minha convicção realizada em nenhum outro partido, eu não podia me decidir a ingressar em uma das organizações existentes ou mesmo colaborar na luta. Já naquele tempo eu considerava todos os movimentos políticos falhados e incapazes de realizar o grande renascimento nacional do povo alemão.
A minha antipatia pelo Estado dos Habsburgos crescia cada vez mais, naquela época.
Quanto mais eu começava a preocupar-me sobretudo com questões de política externa, tanto mais ganhava terreno a minha convicção de que aquela estrutura estatal tinha de tornar-se- a desgraça do germanismo. Cada vez mais claramente via, enfim, que o destino da nação alemã não mais seria decidido desse lugar e, sim, do próprio Reich. Isso, porém, não dizia respeito apenas às questões políticas, mas também a todas as questões da vida cultural propriamente.
O Estado austríaco mostrava também no campo das atividades puramente culturais ou artísticas todos os sintomas de decadência, ou, pelo menos, a sua insignificância para o futuro da nação alemã. No campo da arquitetura era que mais isso se fazia sentir. A arquitetura moderna, por isso mesmo, não tinha grande êxito na Áustria, pois, após a construção da Ringstrasse, as obras, pelo menos em Viena, eram insignificantes relativamente aos grandes planos que surgiam na Alemanha.
Comecei assim a levar cada vez mais uma vida dupla; a razão e a realidade fizeram-me passar por uma tão amarga quanto abençoada escola na Áustria. Entretanto o coração andava por outros lugares. Um angustioso descontentamento me empolgara à medida que eu reconhecia a vacuidade em torno desse Estado e a impossibilidade de salvá-lo, sentindo, ao mesmo tempo, com toda a certeza, que, em tudo e por tudo, ele só poderia representar a desgraça do povo alemão.
Eu estava convencido de que o Estado se encontrava em situação de poder dominar e inutilizar qualquer alemão verdadeiramente grande e de apoiar qualquer coisa que fosse contra o germanismo.
Odiava o conglomerado de raças, checos, polacos, húngaros, rutenos, sérvios, croatas, etc. e acima de tudo aquela excrescência desses cogumelos presentes em toda parte - judeus e mais judeus.
Para mim a cidade gigante parecia a encarnação do incesto.
O alemão que eu falava na juventude era o dialeto falado na Baixa Baviera; eu não conseguia nem esquecê-lo nem aprender a gíria vienense. Quanto mais tempo eu permanecia naquela cidade, mais aumentava em mim o ódio contra a estranha mistura de raças que começava a corroer aquele velho centro cultural alemão.
A idéia, porém, de que aquele Estado pudesse manter-se por mais tempo me pareceu inteiramente ridícula.
A Áustria era então como um velho mosaico, cuja argamassa destinada a segurar as pedrinhas se tivesse tornado velha e quebradiça. A obra consegue aparentar a sua existência, mas logo que recebe um choque, quebra-se em mil pedacinhos. A questão toda era saber quando se daria esse choque.
O meu coração sempre pulsara, não por uma monarquia austríaca e sim por um império alemão. A hora da decadência desse Estado só me poderia parecer como o começo da redenção da nação alemã- Por todos esses motivos, cada vez se tornou mais intenso em mim o desejo de poder ir para o lugar para onde, desde a mais tenra juventude, me atraíam secreta ânsia e decidido amor.
Outrora eu desejara poder algum dia fazer nome como arquiteto e, em pequena ou grande escala, conforme o destino mandasse, prestar à nação o meu devotado serviço.
Finalmente, eu desejava ter a felicidade de, no local, poder desempenhar o meu papel no país onde o mais ardente desejo de meu coração tinha de ser realizado: a união de meu amado lar com a pátria, comum.
Muitas pessoas ainda hoje não poderão compreender a grandeza de uma tal ânsia. Entretanto eu me dirijo àqueles a quem o destino negou até agora essa felicidade; dirijo-me a todos aqueles que, desligados da pátria, têm de lutar até pelo bem sagrado da língua, e que, devido a seu sentimento de fidelidade à pátria, são perseguidos e martirizados e que, dolorosamente comovidos, esperam ansiosamente a hora que os deixe voltar de novo ao coração da mãe querida; dirijo-me a todos esses e sei que eles me compreenderão!
Só aquele que sente dentro de si o que significa ser alemão sem poder pertencer à pátria querida é que poderá medir a profunda ânsia que em todos os tempos atormenta aqueles que dela se acham possuídos e nega-lhes satisfação e felicidade até que se lhe abram as portas da casa paterna e no Reich comum o sangue comum torne a encontrar paz e sossego.
Viena era e permaneceu para mim a mais rude, embora mais completa, escola de minha vida. Eu pisara essa cidade ainda meio criança e abandonei-a já homem feito. Nela recebi os fundamentos de uma concepção política em pequena escala, que mais tarde ainda tive de completar em detalhes, porém que nunca mais me abandonara. O verdadeiro valor daqueles anos de aprendizado só hoje é que posso apreciar plenamente.
Por isso é que tratei esse período mais desenvolvidamente, pois foi ele justamente que nessas questões me proporcionou a primeira lição de coisas em problemas que afetam os princípios do partido, o qual, tendo começado em mui pequenas proporções, se acha, depois de apenas cinco anos, em vias de tornar-se um grande movimento popular. Não sei qual seria hoje a minha atitude em face do judaísmo, da social-democracia, de tudo o que se entende por marxismo, por questão social, etc., se a força do destino, naquele primeiro período de minha vida, não me tivesse dado um fundamento de opiniões formado pela experiência pessoal.
Pois, se bem que a desgraça da pátria consegue estimular milhares e milhares de pessoas a pensarem nas causas íntimas da derrocada, esse fato não consegue nunca conduzir àquela profundidade, àquela aguda intuição que se abre para aquele que, somente depois de muitos anos de luta, se tornou senhor do destino.
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