Foi apenas um sonho. Só que desta vez, bem diferente dos inúmeros que já tive em minha vida. Havia uma grande movimentação militar por parte dos Estados Unidos . As Bases aéreas americanas estavam com um tráfego aéreo acima dos padrões normais. Aviões de grande porte estavam sendo carregados com uma carga ,até então nunca usada em conflitos internacionais. Os alvos eram diversas regiões do terceiro mundo. A máquina de propaganda americana exortava toda população a participar do projeto, liderado pela Casa Branca. Era uma questão de sobrevivência. Caminhões e mais caminhões saíam e chegavam de todas as partes da América, causando verdadeiro caos no trânsito das grandes cidades. Numa decisão inédita, o governo americano resolvera combater a fome mundial e iniciara uma cruzada alimentar sem precedentes.
Etiópia, Zâmbia, Nigéria, Gana, Chade, Mali , Uganda e outros países africanos foram invadidos por uma nuvem de aviões e helicópteros americanos, enquanto que tropas terrestres, na sua maioria treinadas para matar, dessa vez salvavam vidas e coordenavam a distribuição dos alimentos às populações carentes. Por mar, verdadeiras cidades flutuantes, os Porta –aviões, davam suporte às operações. Grupos de Para-médicos atendiam às crianças e adultos subnutridos . O inimigo era duro na queda e relutava em se render. Somente um combate contínuo e bem assistido o poderia derrotar, e desafio maior seria impedir que ele se instalasse novamente. Máquinas agrícolas, trazidas por aviões de transporte de tropas, invadiram campos até então improdutivos e iniciaram uma verdadeira “operação de guerra”, roçando, arando e preparando o solo para o plantio. Casas pré-moldadas surgiam do nada, formando novas escolas , ambulatórios e outros órgãos necessários à organização social de uma população. As armas foram abandonadas pelos guerrilheiros que não viam mais necessidade de lutar e se juntaram aos seus irmãos, agora todos com uma nova esperança. Em Washington , o Pentágono, contabilizava os custos dessa operação e se admirava ao ver que tudo isto custara menos do que meia dúzia de Tomahawks. O presidente Bush exultante anunciava, vamos estender esse ataque a todas as partes do mundo. Sai mais barato fazer isso do que tentar desbancar o Saddam, ou prender o Bin laden, e os dividendos são incalculáveis. Mais do que qualquer diplomacia convencional poderia auferir. O mundo agora, finalmente ama os Estados Unidos.
De repente: Triiiiiiimmm!!!!!!! Triiiimmm!! O despertador tocou e acordei ainda com um sorriso nos lábios , resultado das cenas de solidariedade humana. Liguei o rádio e me deparei com a notícia de que o Presidente George Bush estava reunido em uma Base militar, no Texas, ameaçando os “inimigos” dos Estados Unidos com uma verdadeira chuva de bombas e mísseis. Tentei dormir novamente, mas não consegui. O sonho acabou e a realidade ali estava, à minha frente, cruel como sempre. Triste “ Mondo canis”!
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