AGONIA

Renato Ferraz

Foi durante o eclipse dos meus olhos

Que minha alma vagou na escuridão

Das trevas do buraco negro feito da tristeza

Quando a perdi de vista na multidão.

Da agonia do desprazer e da dor

Meu coração chorou copiosamente

Bradou ainda seu nome tardiamente

Mas assim mesmo era tarde.

A essa altura só restavam marcas dos seus passos

Demarcados nas areias da praia da minha lembrança

Meu gritou para que voltasse ecoou tristemente

Na vastidão das montanhas de saudade.

Não pude mais alcançar o compasso do seu coração

Ferido pela tristeza da perda.

Endurecido de tanto chorar sua dor

Entregue ao mar da solidão e da agonia.

Meu sangue derreteu minhas veias

Meu corpo esvanecido chora tristemente

Pedindo pelo alimento do perfume da sua alma

Que tanto conforto trouxe a minha paz.

O abismo que se formou entre nossos sonhos

Fez-me cair de tristeza no fundo do mar

Como um corpo que se afogou nas suas águas

E é levado sem rumo em correntezas sem direção.

O que mais sinto falta é da chuva dos seus beijos

E do encanto do sorriso do paraíso que é a sua boca

Da brisa das palavras doces vindas do oceano da sua mente

Que sopravam meu corpo, trazendo o seu perfume.