Falando comigo mesma
Maria do socorro c. Xavier
Faço da palavra, um meio de me comunicar com o mundo. Antes brotada da emoção, toma a forma de escrita, na ânsia de expressar os momentos da existência. Emoção e palavra que viraram pensamento pelo filtro da mente.
Saboreio simples e afastadamente as delícias de me sentir livre e descomprometida em alguns momentos. Mas sinto a angústia de ver gritantes desigualdades sociais.
Faço parte de uma intelectualidade desarticulada, não formalizada, portanto não subserviente a ninguém em particular.
Para tudo há um limite. No existir, no viver, no sofrer, na ambição e até na autocomiseração. Só não há limite no anseio, que todos um dia pensaram: a suspensão do deixar de viver.
O homem do século perfura o espaço sideral, sob a revolução da informática, microeletrônica, da engenharia genética, não cura o câncer, a Aids, não habita e nem vive condignamente.
Vive-se paradoxalmente em mundos diferentes. Convivem a Miséria e o luxo. A bondade e o egoísmo. A ingenuidade e a maldade. O Amor e o ódio. O casebre e o arranha-céu.
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