Dando continuidade aos comentários sobre futebol, tema bissexto que só me ocorre de quatro em quatro anos ou quando o Juventude de Caxias do Sul é campeão brasileiro, vale comentar o chamado chute a gol.
O chute a gol, não é chute qualquer, destes que se perdem por aí. O chute a gol é um chute muito especial. Ele tem um momento próprio, não sai a qualquer hora. O chute a gol, antes de tudo, é um ato de esperança, não raro igualmente impregnado de fé. O jogador detecta uma oportunidade, real ou imaginária, e chuta. Chuta como pode ou como a situação exige. Uma bomba daquelas de furar a rede, um pequeno toque, suficiente para desviar a bola, colocando-a na direção certa, uma cabeceada certeira no canto, o que der, do jeito que der.
Disparada pelo chute a bola, cheia de vontade, inicia seu caminho, muitas vezes com um movimento de rotação sobre seu próprio eixo e percorre sua trajetória. Aí passam alguns segundos até se descobrir se vai ou não ser gol. Ou melhor, se foi ou não gol. Nestes breves, mas infindáveis instantes há uma expectativa tão grande que tudo pára para esperar o resultado da ousadia do jogador que achou que podia fazer gol naquela hora.
São realmente momentos sem fim durante os quais o jogador passa por uma reflexão completa sobre seus atos nesta vida e em pelo menos três encarnações passadas. Algo deve explicar o resultado daquela jogada. Será gol? Ele merece fazer este gol? Ainda que não mereça, será que dá pra dar um jeitinho? Um jeitinho, quando tudo falha, ainda há o jeitinho, mesmo que divino. Um pequeno toque, um ventinho favorável, os torcedores assopram, quem sabe pode ajudar. Alguma coisa tem que ser feita para que a bola entre.
Recebida a notícia, é comemorar, agradecer, mandar recado pra namorada, aparecer. Estes momentos talvez sejam alguns dos momentos da mais genuína alegria para o jogador, o time todo e sua torcida. Para o torcedor, é um momento de felicidade, de uma emoção indescritível. Dura pouco, mas realmente é algo fantástico.
Gooooooollllllllllll!!!!!!!!!!!!!!!!
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