Uma grande empresa de cartões de crédito veicula através da mídia uma campanha de marketing que vincula o seu lado consumista como sendo”O seu lado Sérgio” e associa as vantagens de se consumir coisas ao prazer que isso proporciona.
Prazer é algo necessário sim ao ser humano, mas em doses certas e não dá forma que se alardeia que a felicidade está diretamente ligada ao desejo de se possuir uma coisa, ter essa coisa e consumi-la para obter o prazer, o consumismo potencializa o desejo humano e torna o prazer algo totalmente ligado ao consumo de algo material.
Todos nós temos nosso “lado Sérgio” que deseja comprar algo novo para preencher os nossos vazios existenciais, uma geladeira nova, um carro, uma roupa, pena que a eficácia disso só dura enquanto aquilo for considerado novo, pois o tempo se encarrega de torná-los obsoletos e as empresas lançam produtos novos para consumirmos num circulo vicioso para nós e lucrativo para elas.
O grande perigo de tudo isso é que o nosso “lado Sérgio” fale mais alto que os outros lados que possuímos e que vivem dentro da gente como o lado “Flávio”, por exemplo, (coloquei esse nome ao acaso) que está sempre interessado em reparar o que as pessoas têm de pior do que a gente para se sentir bem, aliás, isso decorre muito de um lado perverso do ser humano que até de uma forma inconsciente se diverte com as tragédias do seu semelhante e usa muito disso para justificar a sua penúria, talvez isso justifique o interesse mórbido que as pessoas tem por acidentes ou o interesse pela vida de celebridades se dando mal.
Temos ainda os lados “Angélica” sonhador e romântico(e em muitos de nós ligados diretamente as nossas síndromes de Peter Pan para os homens e síndrome de Cinderela para as mulheres), “Sandy” de se guardar para o momento certo e para a pessoa certa(não estou falando só de sexo), “Tom Cruise” que usa a beleza o charme ou algum encanto para suplantar eventuais deficiências e outros tantos lados que agora me esqueci.
Os nossos sonhos e fantasias são refletidos nas mídias diariamente, porque a publicidade não vende apenas produtos, ela cria um vínculo emocional entre a marca e o consumidor, ao humanizá-lo e dar ao produto uma identidade, uma personalidade e uma sensibilidade próprias. A publicidade tem o poder de mitologizar as marcas vestindo-as com os sonhos e as fantasias do consumidor.
As pessoas vão fundo de mais em suas vontades e consumismo e acabam mergulhando num mundo que não é o delas e sim um mundo criado pela publicidade a serviço dos interesses de seus anunciantes que esperam só uma coisa: vender sempre mais e maximizar seus lucros.
Falando nisso eu tenho uma perguntinha básica:
Nos dias de hoje você acha que são as pessoas que possuem o dinheiro ou o dinheiro que possui as pessoas?
"Nenhum espelho reflete melhor a imagem de um homem do que suas palavras."
"Se um homem encara a vida de um ponto de vista artístico, seu cérebro passa a ser seu coração." (Oscar Wilde)
