E qual é o nome?
Adísia Sá é jornalista do O POVO e escritora
Publicado no jornal O POVO, de 08 de janeiro de 2003
Os italianos cunharam a palavra mafiopoli para designar a situação em que viviam , sob o domínio da máfia- organização fortemente estruturada e atuante em todos os segmentos da sociedade. A marginalidade imperava no País, inclusive no coração do Governo, com autoridades envolvidas com suborno, falcatruas, tráfico de influência. Era o País entregue à própria sorte, com a corrupção generalizada, dela não escapando nenhum dos poderes da República e segmentos da sociedade.
Mas a Itália deu um salto de qualidade e enfrentou a imoralidade que desfibrava as suas estruturas e envergonhava os cidadãos. As cadeias foram escancaradas, não apenas para os marginais : artistas, comerciantes, industriais, políticos, magistrados, policiais passaram a ser, também, seus ocupantes. Era a vitória do chamado movimento mãos limpas inspirado e conduzido por pequeno grupo de juizes e promotores de Justiça, responsável pela lavagem moral do País e que transformou a Itália - país decadente também na economia - numa das maiores potências do mundo.
O Brasil está precisando e com urgência, de uma revolução idêntica à dos mãos limpas . Somos hoje praticamente reféns de bandidos, traficantes, marginais. De cadeias e presídios partem ordem de extermínio, de sequestros, de assaltos e de feriados . Sim, de feriados. Chegou-se no Brasil à visibilidade quase absoluta da fragilidade dos poderes constituidos, e ao domínio dos celerados: são eles que determinam os horários de funcionamento de escolas e comércio, bancos e igrejas, delegacias e repartições.
A Itália era sinônimo de mafiópoli : que nome daremos ao Brasil, vivendo situação idêntica?
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