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Poesias-->ELEGIA À LUA -- 28/08/2011 - 13:09 (Délcio Vieira Salomon) |
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ELEGIA À LUA
Délcio Vieira Salomon
Por que a lua já não brilha
quando estou só?
Será por que já foi minha
e me largou
para ficar com o sol?
E, arrependida,
esgueira
para não aparecer
com a plenitude
daquele inconfundível viço
da juventude
que antes tinha?
Enquanto nova
jamais esqueceu seu frescor
nem pretendeu
tornar-se madura.
Foi assim, em rito de passagem,
que a conquistei.
Pena que o universo é surdo
senão a delataria como traidora.
Afinal me deixou
o lençol negro
da saudade
em seu lugar.
Quando intensamente brilhava,
Iludido, lhe declarei meu amor,
pensando que era cheia
de seu amor para dar.
Bilac ouvia estrelas
e eu o brilho
do mais lindo
luar.
Juntos um a olhar
para o outro
nos tornamos
donos da noite.
Agora, quando olho pro céu,
já não o vejo
maior que o mundo
como então lhe declarara.
Aliás para mim
era ela maior
que o próprio céu.
Neste aqui e agora
só vejo negror.
Lá no fundo
fosco halo
de enrugada velha
embutida em rude pálio,
se diz nova
mas...
tão pálida está!
À escuridão do céu
carente de luz
tão obscura se mostra.
Nem de longe lembra
o nosso plenilúnio de mel.
Este o único painel
em ode de decadência,
que vivo a contemplar.
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