Usina de Letras
Usina de Letras
302 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62174 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50578)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O COZINHEIRO DO ARCEBISPO / Juan Valera -- 18/11/2009 - 04:30 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




















O poeta sem limites apresenta nos










“Melhores Contos da Literatura Universal”






O COZINHEIRO DO ARCEBISPO

Nos bons tempos antigos, quando o Arcebispado era poderoso e próspero, houve em Toledo um arcebispo que, de tão austero e penitente, jejuava muito amiúde, quase sempre se abstinha de carne, e nos pratos de que se alimentava havia mais sementes e ervas do que peixe.
Costumava o seu cozinheiro preparar lhe para a colação um modesto caldo de feijão e grão de bico, com o qual aquele venerável servo herbívoro de Deus se regalava e deleitava como se fosse o prato mais suculento, delicioso e caro. Verdade é que o cozinheiro preparava os grãos de bico e o feijão com tamanha habilidade que pareciam, graças ao condimento requintado, iguaria de mui superior estimação e deleite.
Aconteceu, infelizmente, que o cozinheiro se viu metido numa briga terrível com o mordomo, e, como a corda quase sempre re¬benta do lado mais fraco, acabou despedido.
Veio outro cozinheiro guisar para o Sr. Arcebispo, e teve de preparar lhe o dito caldo. Esmerou se no serviço; mas o arcebispo achou o tão detestável que mandou despedir o cozinheiro e ordenou que o mordomo admitisse outro.
Oito ou nove se empregaram sucessivamente, sem que nenhum deles acertasse a condimentação do caldo, abandonando todos, envergonhados, a cozinha arquiepiscopal.
Entrou, por fim, um cozinheiro mais avisado e prudente, e teve a boa idéia de ir ver o primeiro cozinheiro e suplicar lhe, pelo amor de Deus e por todos os santos do Céu, que lhe explicasse como preparava o caldo de que tanto gostava o arcebispo.
Tão generoso foi o primeiro cozinheiro, que lhe confiou com lealdade e louvável franqueza o seu processo misterioso.
Seguiu com exatidão o novo cozinheiro as instruções de seu antecessor, condimentou o caldo e mandou servi lo ao cético prelado.
Este, mal o experimentou, degustando o com vagaroso deleite, exclamou entusiasmado:

— Graças sejam dadas ao Altíssimo! Afinal encontramos outro cozinheiro que faz o caldo tão bem ou melhor que o amigo. Está muito rico e muito saboroso. Que venha aqui o cozinheiro: quero fazer-lhe os merecidos louvores.

O cozinheiro acudiu contentíssimo. O arcebispo acolheu o com grande afabilidade e lhaneza, e lhe pôs o talento nos cornos da Lua.
Animado então o artista, que era ademais pessoa muito sincera, franca e escrupulosa, quis fazer praça de sua sinceridade e lealdade, e provar que suas prendas morais nada ficavam devendo ao seu saber, e até superavam a sua habilidade culinária.
Falou assim, pois, ao arcebispo:

— Excelentíssimo Senhor: apesar do profundíssimo respeito que me inspira V. Exa., atrevo me a dizer lhe, pois julgo ser da minha obrigação, que o seu amigo cozinheiro o estava enganando, e não é justo que eu incorra na mesma falta. Neste caldo não há feijão nem grãos de bico. É uma falsificação. O que há nele são almondegazinhas miúdas, feitas de presunto e peito de galinha, e rinzinhos de aves e pedaços de testículos de carneiro. Por aí vê V. Exa. que o enganavam.

O arcebispo encarou o cozinheiro fixamente, com um sorriso entre enfastiado e zombeteiro, e disse lhe:

— Pois engana me tu, também, bobalhão.




Autor: Juan Valera
Produção Visual: Carlos Cunha





Outros contos...

O CONTO DO PREBOSTE / A. J. Cronin

A LEGENDA DE IGELHEM / Alexandre Dumas

CAÇADA RUSSA / Alexandre Dumas

A MULA DO PAPA / Alphonse Daudet

AS FADAS DA FRANÇA / Alphonse Daudet

UM INGRATO / Artur Azevedo

POR UMA DUZIA DE OVOS COZIDOS / Ernesto Montenegro

A DAMA OU O TIGRE / Frank Richard Stockton

CAIDO DO CEU / G. Lenôtre

A BONECA / G. Lenôtre

MADEMOSEILLE FIFI / Guy de Maussapant

A FLAUTA E O MONGE INOCENTE / Jean de Quercy

O FIM DE ARSÈNE GODART / João do Rio

A MOSCA VERDE E O ESQUILO AMARELO / Kálmán Mitsáth

DEZ ANOS DE KEST / Malba Tahan

O COMPRADOR DE FAZENDAS / Monteiro Lobato

DIVERTIMENTO FORÇADO / Mor Jókai

A IMPERATRIZ DE SPINETTA / Paul Heyse

O DENTE QUEBRADO / Pedro Emílio Coll

A SERPENTE DE OURO / Petrus Alphonsi

A LUTA COM UM MONSTRO / Victor Hugo
















Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui