Há dias em que sou chuva miúda,
Que irriga, lava manso, purifica.
Trago a vida, o alento e o frescor.
Desperto da terra o cheiro e o vigor.
Há dias em que sou tempestade.
Raios, relâmpagos, trovões e rajadas.
Movendo o que estava fixo, enraizado.
No afã de revirar o que estava apaziguado.
Há dias terríveis em que não caio.
Seco, esturricado, pleno de desertos.
Não fluir ou irrigar é a maldição pior.
Parece eternidade essa espera da monção.
Há dias em que acabo em remanso.
Vejo-me estagnado, represado, estático.
Sabedor que a missão da água é buscar,
Correr a procura de desaguar no mar.
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