A SELEÇÃO QUASE QUE CONSEGUE A UNANIMIDADE NACIONAL
Moacir Rodrigues
Nenhuma outra atividade, por mais apaixonante que seja, jamais alcançará o sucesso da Seleção canarinha do Brasil. Nem a religião, consegue, em nosso País, tanto sucesso. Alguém já inventou que o Brasil é o país do futebol e do carnaval. No entanto, ele é mais do futebol do que do carnaval. O carnaval é efetivamente bonito, constitui um show nacional, mas não consegue tantos adeptos, porque há um grande número que prefere fazer do período de carnaval um momento para descanso. Já a seleção é diferente. Para vermos a força da seleção, basta que observemos a movimentação da imprensa, a disseminação do verde-amarelo nas residências, nas ruas, nas lojas, nos carros etc, além das discussões acaloradas que acontecem nos principais canais de televisão, nos clubes, nas ruas, no trabalho ou em qualquer lugar que a gente frequentar. Nem mesmo a religião, que quase todo mundo professa, consegue tanta aproximação com a unanimidade, porque as diversas crenças dividem a população. Da mesma forma, a política também tem as suas divisões. O Parreira parece reunir mais prestígio do que o Presidente Lula e assim por diante. A melhor mostra do que é a seleção brasileira, é o silêncio das ruas no dia que ela participa de um jogo da copa. Chegamos até mesmo a esquecer do campeonato nacional, que o Cruzeirão de Belo Horizonte (indiscutivelmente o melhor time do Brasil) está no topo da tabela. É como se tivéssemos recebido uma ordem expressa: "esqueçam os seus times e voltem todos as suas atenções para a seleção". Um dia desses tive raciocinando e concluí que essa febre dos brasileiros pela seleção é algo muito gostoso e interessante: as pessoas esquecem até mesmo os seus problemas pessoais ou pelo menos afastam temporariamente esses seus problemas, seja a doença, a dívida, o fato de ganhar menos do que gasta e assim por diante. Então se passarmos pela assustadora seleção de Gana, que é tida como sendo "a surpresa da copa" e adentrarmos, como a vizinha Argentina, na fase das quartas de final, a coisa irá esquentar. E se ganharmos o HEXA, será ainda muito melhor. Se os patrões não quiserem ter aborrecimentos com os empregados, terão que a eles se aliarem e ajudar a comemorar os resultados. Fico até mesmo pensando que o melhor seria que convencêssemos a FIFA a alterar tudo e passássemos a contar com a copa do mundo de dois em dois anos. Tenho certeza absoluta de que seríamos muito mais felizes, porque desviaríamos com facilidade as nossas atenções e esqueceríamos com mais frequência os nossos problemas. Que ganhe o BRASIL...
|
