Amor eterno o do poeta
Sonhando acordado de terno
Juntando valiosa miséria
De homem desesperado
Inventa amor do nada
Do éter sae a musa amada
Eterna virgem e jovem
Apenas para ser adorada
Nas noites ardentes
Ensaia rituais suicidas
Para que saibam as gentes
Do amor além da vida
Amor de arsênico e chocolates
Plástico amor, coisa da arte
Que lemos e suspiramos
Quando, não raro, desamamos
Amor eterno, o do poeta
Que canta a mulher amada
Em versos de seda
Rosas, voil, fita laçada
Quando despe o fato
Velho, rotundo reflexo
Resta carne cansada
Restam, apenas, versos
Recitados baixinho, oração
Invocando, de Deus, a benção
De mulher real, seios e sangue
Que entenda o homem no poeta. E ame.
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