14.06.2006 - 457 - NR
Andam dizendo que o jogo foi isto e aquilo. Dizem que o fenómeno não jogou nada, deve mesmo estar gordo como todo mundo está falando. Um único chute e nada.
No primeiro tempo, todos haverão de lembrar, ocorreram muitas oportunidades não aproveitadas. Muitos quase gol. O quase gol devia valer algo como meio gol ou talvez um terço. Todo aquele salamaleque, chuta daqui, rebate dali, chuveiro, bicicleta, dribles com nomes variados e, por causa de alguns milímetros, tudo se perde. No máximo um escanteio.
Um perigo estes croatas. Além de nomes impronunciáveis, jogam como se fossem ganhar. Não têm respeito, não vêem que em campo há um time de estrelas, e a equipe por si só já tem uma vasta lista de títulos. Tantas glórias, canecos, taças, títulos, tudo será esquecido se não formos hexa. Pelo menos por quatro anos.
Mas o gol é assim mesmo, esquivo, traiçoeiro, arredio, dissimulado, fujão. Em outras palavras, uma droga. Você chuta e quando vê, aparece um croata não se sabe de onde e muda o rumo da história. Não pode, o que eles estão pensando?
Há que parabenizar os goleiros, tanto o alheio como o nosso valoroso Dida. O croata fez um bom trabalho no primeiro tempo, mas não o suficiente. Já no segundo, quem trabalhou foi Dida, não sei se com mais sorte ou competência, mas o fato é que eles não marcaram.
Digam o que quiserem, mas deve-se lembrar que em futebol se perde, se empata ou se ganha. Neste caso específico ganhamos.
Ganhamos !!!!!!
É está todo mundo chorando, mas vale lembrar que ganhamos.
Ganhamos !!!!!!
Nós, que em nosso subdesenvolvimento sempre nos subestimamos, quando se trata de futebol mudamos para o extremo oposto. Ganhar é pouco. Há que ganhar por muito. Nada menos que a Copa é aceitável. E aí começam as fofocas. Hoje ouvi de tudo.
Ouvi dizer que mesmo de muletas o fenómeno seria escalado para que seu patrocinador continue a vender milhões de chuteiras. Depois ouvi que haveria um racha na seleção. Não foi explicado de quem contra quem. Ouviram dizer, provavelmente no banheiro do hotel da seleção, dito pela vizinha da tia da namorada de um dos garçons que servem à seleção. Não que garçom seja fofoqueiro, mas vizinhas de tias de namoradas, estas são de lascar. Não é só na Alemanha não, em todo lugar. Podem acreditar, elas não perdem uma. Watergate começou assim, depois que os jornalistas foram chamados.
Isto em apenas dois minutos de telejornal. Nada contra a imprensa, ela apenas reflete a conversalhada de boteco, esquina, parada de ónibus ou elevador. É, em tempo de copa do mundo, o pessoal que normalmente anda de elevador em silêncio, agora faz longas preleções sobre o time e suas perspectivas. A ponto de deixar o elevador passar do andar.
Por falar em perspectiva, há quem ache que deste jeito - ganhando apenas de um a zero - não chegaremos . Xó, aves de mau agouro.
Bom, a primeira nós já ganhamos. Vamos pra segunda.
Brasillllll!!!!!!!
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