Fogo nosso
de cada tempo
Se quiseres alguma coisa
que sejam tardes de sol
ou mesmo noites de chuva
a dois.
Que exista qualquer espaço
de tempo, rua ou varanda
ou mesmo de mar e areia
como uma estréia;
que possa ser a primeira
de tantas
e tantas brechas
que deixem ser quase dois:
a fenda que permitamos
que tenha cara de nós.
Que possa haver um lugar
onde eu permita que fiques:
sozinho
alegre ou triste
conforme a tua canção.
E que eu não invada ou pise
nem mesmo por acidente
as tuas marcas de gente
só tuas
brilho e calor.
Que saibas aparecer
sempre que eu pense “nunca”
e quebres meus desalentos
na beira do desistir.
Qual fio que não se rasga
ou mera flor de jasmim
que vai perfumando o mundo
vencendo o tempo
e o fim...
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