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Humor-->Morcegos e Vampiros -- 22/07/2004 - 12:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


BAT-MAN E ROBIN E A CPI DO VAMPIRO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

O Brasil é campeão em rotulagem de si próprio. Basta dar um passeio pelo tempo e relembrar: o país que em se plantando, tudo dá; o país que não é sério, do “to-ma-lá-da-cá”. O país do futebol, do Carnaval. Do futuro do presente; do futuro do condicional. O país também chamado de emergente; o país em desenvolvimento. Celeiro do mundo, dos descamisados, dos desdentados; e do apagão. O país da escuridão, apesar de pentacampeão. Campeão de medidas provisórias, improvisadas; com paciência, sem pressa e sem urgência. O país da eleição. Do povo de fraca memória. O país sem passado e sem história. Sem presente e sem futuro. O país em cima do muro.

E, mais evidente, o país do jeitinho; da impunidade, das cotas, e dos vales. Vale-transporte, vale refeição, vale reeleição, vale tudo. Vale dizer que sim e, logo em seguida, dizer que não. O país do recesso, do côncavo e do convexo. Câmara e Senado, unidos pelo feriado. Ninguém é de ferro, assim diz o ditado: vive o povo enferrujado. Recesso em excesso. De meio e de final de ano. País dos sem tudo: dos sem terra, dos sem teto: todos entram pelo cano: os sem emprego e os sem renda; os sem escola e os sem merenda. Sem hospital, sem gaze e sem melhoral. O país dos que passam mal. Falta saneamento básico, afinal. Aqui, há falta de tudo: segurança, investimentos e até confiança: no presente e no futuro. Que não se alcança.

O país de Língua Portuguesa. Com sabor de sobremesa. Portuguesa, com certeza. Língua rica em metáforas, aforismos e bravatas. De quem trocou o macacão pelas gravatas. Italianas. De sedas e de bacanas. Relativamente insanas. De quem há pouco saiu do chão. Das fábricas e do sertão. O país da geometria espacial. Que não tem lado certo. Esquerda ou direita é tudo igual. Mais do que tridimensional. O país do sobrenatural.

Acredite, se quiser. Incrível, fantástico, extraordinário. Fenomenal!. O país dos fantasmas. Dos fantasmas das crises: econômica, política e social. O fantasma do medo. Da omissão e do arremedo. Fantasma do improviso, da gargalhada e do riso. Fantasma do milagre, do crescimento escondido. Fantasma da indecisão. Do arrependido. Do dito pelo não dito. Fantasma do conflito. Seres estranhos, de todos os tamanhos. Que convivem com outros monstros: o Frankstein da reforma tributária; da CPI do Waldomiro. Até agora, só um suspiro.

O país da reforma previdenciária. Que se contorce, imprevidente. A reforma do aposentado descontente. O fantasma da questão da violência. Do crime organizado e da questão fundiária. O fantasma do medo de ser feliz. E outros seres horrorosos. Com um ponto em comum. Para o Erário e para o povo: fantasmas onerosos.

Tem gente invisível, metendo a mão no mercado. No mercado financeiro. Que, pelo visto, é coisa do passado. De economista estrangeiro. Tipo Adam Smith, seu teórico primeiro. Gente que, como a mão invisível, parece que não existe. Mas vive remetendo dinheiro. Sujo e mal lavado. De duvidosa origem. Para o estrangeiro. Para os paraísos fiscais. Paraísos de muitos Adãos e Evas. Paraíso das trevas. Ninguém consegue prendê-los. Nossos eternos roedores. Pelo chão e pelos ares. Andam todos os voadores. Chupando o sangue dos brasileiros. E transmitido doenças incuráveis. Roedores selvagens. Voadores implacáveis.

Em Brasília, acontece aos montes. Por falta de saneamento básico, inclusive; e melhores condições de vida, em declive. Os ratos tomaram conta da cidade inteira. Coincidência, ou não, bem próximo da eleição.

No Ministério da Saúde, os morcegos não dão trégua. Há tempos, montaram suas cavernas, no escuro. E bebem o sangue da população carente. Não respeitam nem os aposentados. Todos querem sugar aquela gente. Garantir a cota de sangue. Sangue transformado em dinheiro. Tudo para atender ao clamor do sistema financeiro. E o bolso de algum brasileiro.

O governo, de um lado, tenta tapar o sol com as peneiras da Previdência. Que há muito estão furadas. Cheias de buracos, como as nossas estradas. Que não nos levam a lugar nenhum. Ao não ser ao sangue do aposentado. Que já está pra lá de anêmico. De tanto já ter doado. E pretendem colher em dobro. Criando mais um fantasma. O fantasma inativado. Como se isso fosse resolver o rombo acumulado. Que acontece em plena luz do dia; com o sol a pino. Rombo que já está provado. Não é coisa de morcego. Mas de serpente. De vários venenos e chocalhos. Que se enroscam entre bingos e baralhos. Basta ler o noticiário. E se dar conta da impunidade e da facilidade. Facilidade com que se rouba o nosso Erário.

É o caso da Georgina e do juiz imperfeito. É o exemplo dos que sonegam a Previdência; e não são cobrados, pelo jeito. É o caso do governo, que desvia recursos da Previdência. Para outras finalidades, assim dizem, com insistência. Que não aquelas para os quais foram criados.

O Brasil, hoje, é uma imensa e antiga catedral. Daquelas de filmes de terror; que possuem sótãos escuros, cercada por velhos muros. De noites enluaradas. Uivos de lobos e ventos. Como a solidão dos conventos. Onde vivem milhares de morcegos. Ou se parece, às vezes, com uma imensa e profunda caverna: escura e sombria; onde proliferam milhares de asas penduradas no teto da corrupção.

Precisamos abrir a CPI dos morcegos. Tentar reaver o sangue derramado. Pelas janelas da impunidade. À luz do refletor. Á luz do seu relator. E do seu presidente. O Bat-Man e o Robin. Só falta instalar a comissão; e iniciar os trabalhos de investigação. Para isso, devemos contar com todos os super-heróis: o Fantasma, o Capitão Marvel, o Homem Aranha, o Capitão América, o Pato Donald, os Sobrinhos do Capitão; e até o Zé do Caixão. Só não podemos deixar que o “Fantasminha Camarada” ou o “Zé Gotinha” ponham água na fogueira. Apesar do São João. Aí, nesse caso, nem o Mandraque resolverá a questão. E o Brasil continuará a acreditar na sua seleção. E voltar a ser campeão. Até a próxima eleição.

21 de julho de 2004
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