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Poesias-->Dedicatória -- 09/05/2011 - 09:11 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


E

e













Eu estava em uma das elevações que havia numa das ruas que cortavam











os conjuntos populares da Cohab. Era carnaval.











Um bloco barulhento passava com carrascos, piratas, clóvis, piranhas,











palhaços, pierrots, colombinas e mais o que houvesse, formando











um todo que parecia uma orquestra mágica. Uma música tocava muito alto.























"Macunaima, Indio, Branco, Catimbeiro,











Feiticeiro, mata cobra e dá um nó."























Ali eu acho que percebi pela primeira vez que estava sozinho











e que a vida seria para mim uma espécie de exílio. Percebi











que os mascarados do carnaval vinham de outro mundo











e que aqueles que ali passavam eram como sombras











da realidade maior.











Ali , naquele alto de monte, tive meu primeiro insight do mundo feiticeiro











e bebi o gosto do infinito.







Morei durante longo tempo perto da Quinta Da Boa



Vista, onde ia pouco durante o ano . Porém, com o tempo, reparei que sempre que ia



lá e sentava-me perto de um dos lagos, um pássaro branco seguia-me. Isso ocorreu



quase uma dezena de vezes, quando eu levava moças para passear comigo. Percebi



que era um padrão mágico da minha vida. Numa das primeiras vezes que Flavio foi lá



em casa, eu convidei-o a ir ao parque comigo, pois queria fazer determinadas praticas



da Tradição dos magos brancos com ele. Ele foi a primeira pessoa que contei sobre



minha relação mágica com o pássaro, pois negava até para mim mesmo que o fato



acontecia. Era extraordinário demais. Como ,porém, nossa relação era pautada pelo



código dos cavaleiros de Perfeito Amor e Perpeita Confiança, abri um pouco do meu



coração secreto para ele. Quando chegamos ao Lago, ele perguntou-me:



-- E ai, será que seu amigo vem hoje? .



Eu já estava sentado na grama com as pernas em posição de meditação.



-- Ele não costuma falhar, não. Vamos ver. Flavio, faz o seguinte pra mim. Fecha os



olhos, respira fundo durante um minuto, prende durante um minuto, depois solta. Faça



isso dez vezes, por favor.



Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos



cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente



em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, deixando ele



com sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que



ele viu; o pássaro parado na borda do lago, em nossa frente, sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.



-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o



Ioda.



-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.



Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa



por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma



prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar



para as pessoas.



Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.



Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.







isso dez vezes, por favor.



Quando ele fechou os olhos, depois da terceira respiração, vindo dos países mágicos



cheio de estilo, o majestoso pássaro branco pousa na beira do Lago, praticamente



em nossa frente. Minha alma ficou extasiada. Não disse nada ao Flavio, enquanto ele



continuava sua pratica. Quando ele abriu os olhos, porém, foi a primeira imagem que



ele viu; o pássaro parado na borda do lago; sereno e hierático. Ele arregalou os olhos.



-- Cara, não acredito!. Tu é muito Jedi. Meu Deus, que coisa linda! Caralho. Tu é o



Ioda.



-- O Ioda não, ele é muito feio. Pode ser o Luke.



Passado o assombro do milagre, ensinei-lhe a pratica da oração diária e silenciosa



por três pessoas. Muito simples. Você escolhe três pessoas que queira bem e faz uma



prece para elas, uma de cada vez, durante uns cinco minutos. Não é preciso contar



para as pessoas.



Essa pratica, além de energizar-nos, ajuda-nos a deixar o egoísmo de lado.



Depois desse dia, Flavio, Cintia e Miguel passaram a chamar-me de Jedi.



*BIBLIOTECA NACIONAL, RIO DE JANEIRO *







Saio da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro com uma verdadeira vertigem,







após a leitura das Flores de Mal de Charles Baudelaire. Depois de lê-lo, o







mundo havia se transformado a meus olhos completamente. "Tende Piedade,







Satã, de nossa longa miséria longa miséria!", ecoava em minha mente os versos







do frances enquanto automóveis e pessoas pareciam sonabulos







de um pesadelo; Para Charles, a salvação







humana só pode dar-se caso o demônio liberte a espécie do seu







longo julgo, uma vez que segundo ele as almas eram demasiadamente







débeis para para seguirem o Cristo; ´"É o demônio que nos move e até nos







manipula" - Ninguém escapa após ler as Flores do Mal de sentir um







arrepio de verdade







sobre o império do mal que a humanidade profana obedece. Os







verdadeiros cristãos







são cruzados que se rebelam contra o demônio, buscam subjulgar sua







natureza inferior







com a disciplina do combate e ,embora vez ou outra, possam sucumbir ainda







ao erro e ao pecado, acabam pela bravura e pela graça de Deus







alcançando a redenção. São aqueles que o Messias fala serem são nascido







do espírito. Lembro-me que sai da Biblioteca pela Avenida Rio Branco







hipersen&
347;ivel, percebendo







que tinha pisado em um universo paralelo. Era capaz de ver os







perversos num tempo futuro sendo levados as profundezas do inferno







pelos demônios alados que os acompanham, escamosos como dragões







num crepúsculo infinitamente melancólico,







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hollyodiano.







Durante todo nosso relacionamento, Miguel não me ligou mais do que duas vezes;







nosso contatos eram todos via email, messenger ou quando eu o ligava. Num desses







dias que ele ligou-me, o tempo e o espaço ficaram suspensos na sublimidade







e na beleza. Ele mandou-me, mal eu disse alo a entrar no messenger,







Por que você quer seguir esse caminho medieval, meu caro?







Fui pego completamente de surpresa e fiquei sem saber o que dizer.







Vamos, me diga, porque você quer ser um cruzado?







Nisso, começou a acontecer algo inusitado. Um pensamento que parecia vir







de outra parte de mim, na verdade um pensamto imagem bastante







obsessivo da Virgem Maria começou a tomar-me a alma., de modo que eu







estava ficando tonto e quase caindo







em cima do computador. Sentia-me angustiado demais, pois além dos tormentos







que passava na minha relação com Sara, ainda tinha que de vez em







quando passar pelos







testes periódicos de Miguel. Não sei quanto tempo durou essa tensão, o fato







é que me dei conta que aquele pensamento “invasor” era a única coisa







que me ocorria







após aquela pergunta inesperada:







A Virgem Maria, - respondi ,finalmente, num misto de também estar







perguntando, como







se minha resposta fosse também uma interrogação.







Humm, pode ser um sinal, meu caro, mais existem outros. Estou até desconfiado







que tem coelho nessa toca, mais existe ainda muito ego ai.







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Volte a sua simplicidade, garoto, lembre-se de seus melhores







sentimentos da sua aurora







espiritual.







Foi um sinal, Miguel?







Não sei. Pode ter sido. Vamos investigar. Agora deixa eu sair do PC







que o chato do meu irmão quer entrar.







Miguel encerrava nossas conversas sempre com motivos prosaicos, tais







como esse ou que estava com diárreia por causa do cachorro quente de







sua cidade ou que ia







pra o site de especialistas em canários.







Cintia era na aparência uma menina de cinema.

Branca, cabelos e olhos extremamente negros.

Extasiava-me ao ver suas fotos no sua página.

Estudava Wicca e vivia me contando pelo messenger atormentada que o rapaz que ela gostava não tomava atitude e eles viviam num impasse. Aconselhava-me com ela na minha relação com Sara. Falavamos as vezes ao telefone. Ela adorava expressões meigas e poéticas, tais como dizer que gostava de ficar olhando estrelas cadentes. Lembro-me de uma coversa que tivemos pouco tempo depois que Sara me deixou de vez.

-- Alo?

- Oi, Cintia, sou eu. queria que voce analisasse um sonho para mim.

-- Me conta. Ta melhor?

-- Bem, tou tentando ir para frente... Olha, foi o seguinte, sonhei que tinha beijado a Sara e do corpo dela saiam vermes negros. Fiquei muito chocado. O que te parece?

-- Olha, Jedi, acho que significa que não é mais para você pensar nela como amante. Você pode tê-la como amiga. Mas como amante acho que essa história não é mais para você viver, entende? Reza por ela que ela deve estar precisando muito.

Calhava as vezes de encontrarmos os quatro no messenger: Eu , Miguel, Flavio e Cintia.

Ai o papo sobre bruxaria, amor e humor corria solta. Fiquei triste quando a vida, por motivos diferentes, separou-me deles. Flavio, porque após conhecer melhor o caráter dele, tive que descartar como Cavaleiro, embora continuamos

o relacionamento humano de cortesia. Cintia acabou desmarcando um encontro nosso, com aquela maneira negativa das mulheres de nos acusar dos erros que ela comete e ai deixei ela de lado

e Miguel simplesmente sumiu após tirar-me do abismo. Duas coisas que não entendi até hoje sobre ele. Por que ele mandou-me ler o livro de Tobias, da Biblía, e porque deixou-me sozinho mesmo após ter me revelado que eu era um cruzado por natureza. Não é ele meu irmão? O fato é que hoje, cinco anos passados, sinto falta da nossa relação de perfeito amor e perfeita confiança.

Somente entre cavaleiros se pode ter uma conversa desarmada e amorosa e viver sem competições ou disputas, uma vez que existe um objetivo em comum. A conquista do Reino de Deus, da Terra Santa, do Paraíso.















O TIGRE DE DEUS A BUSCA







Final dos anos oitenta, década de 90







Em parte influenciado pela literatura de Fernando Pessoa, comecei cedo







meus estudos da verdade pelos rosacruzes, am 1988. Uma década após,







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tinha galgado os mais altos graus e num desses ritos de passagem de um







nível para outro, conheci Dora, uma morena alta que pertencia a outro







Templo da Ordem, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Estavamos na cantina,







trocando umas idéias. Dela emanava uma força quase "visível", o que é







uma das prerrogativas dos esotéricos que verdadeiramente trabalham seu







interior. Ela trazia uma cruz egipcia, a Ansata, ao pescoço. Os







cabelos pendiam preenchendo os ombros e parte do pescoço, enquanto ela







comia um lanche elegantemente. Estavámos felizes pela beleza do ritual







que vivenciarámos. -- A humanidade deveria procurar mais por eventos







como esse que passamos hoje, seria melhor o mundo, não seria?







-Perguntei-lhe. -- O ser humano não é feliz porque é mesquinho.







Aprenda isso, Frater -- Respondeu-me ela, limpando os lábios com um







guardanapo. Hoje ainda ,quase cotidianamente, dou de frente com a







verdade dita por Dora naquela noite iluminada em quase todas es







esquinas que passo, aqui e além.







PARANA, SUL DO BRASIL, 2005 - COM INRI CRISTO







Decidi fazer uma investigação particular sobre o Inri Cristo, após







vê-lo algumas vezes na imprensa e viajei ao sul do Brasil, a Curitiba.







Lé chegando, passei uns quatro dias com ele. Fiquei alojado num quarto







que era a réplica, segundo me disseram, de um trem europeu. E passei







uma noite das mais frias da minha vida, debaixo de uns cinco edredons,







pois peguei também as peças da cama de cima; no quarto havia um







boliche, uma televisão, um pequeno aparelho de som e livros e fitas







sobre o INRI, que diz ser a reencarnação de Cristo. Suas díscipulas,







algumas bastante graciosas, se vestem de azul claro e seus discípulos







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de marrom. A igreja dele tem uma doutrina própria, porém não







aprofundei-me nela, pois Inri não considera a Virgem Maria com o







sagrado que nós cavaleiros, temos. E O que importa nesses relatos são







a busca pessoal do autor pela verdade e suas experiências







espirituais, ontológicas com a mesma.







Com Inri Cristo tive uma relação bastante humana, diria até demasiado







humana. Naquele tempo eu ainda tinha algo de vermelho politicamente







falando e Inri Fazia ironia dizendo que eu era comuna; divergimos







disso; Inri me surpreendeu com seu liberalismo em economia. Ele







gostava de jogar sinuca e eu falei que se ele perdesse para mim,







realmente eu jamais iria acreditar ser ele o Messias. Mandava ele me







rezar, coisa que as vezes ele esquecia. Nessa luta pela vida para







sobreviver, já me peguei acendendo vela vermelha pra Exu na







encruzilhada.







Sabe como é, abrir caminhos. Um dia porém, compadeci-me dele;







estavamos tranquilamente conversando na cobertura de sua propriedade







quando ele, melancolicamente, virou-se e disse-me que era melhor







sairmos dali das vistas,







pois ele já fora apedrejado. Como pode alguém apedrejar um personagem







tão interessante?







Inri Cristo, assim como Gentileza, foram dois personagens dos mais







poéticos e ricos que cruzei nessa busca de encontrar, nesse planeta de







pouca fineza literária, algum sentido.







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….







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Uma intensa melancolia levava-me ao abrigo dos franciscanos, uma dor







que eu sabia única. Toda formação de minha alma, na parte mais







profunda, era Bíblica. A leitura do Novo Testamento na juventude







pusera Jesus como ponto central da minha vida. Com Jesus, aprendi a







exercitar a solidariedade, a viver pensando também na vida futura,







além de não fazer questão também de coisas menores. A literatura







também estragara-me. Um homem com alguma nobreza e pagando um preço







caro por dar-se ao luxo de cultivar-se vivendo entre incautos, gente







bárbara que detesta cultos e cultura. A frase de Nieztsche em







Zaratustra levava-me ao mosteiro: “ Tivesse Cristo vivido mais alguns







anos, teria mudado sua doutrina”. Essa era a verdade que sentia agora







e doer-me a alma. Eu não concordava com o Deus que Cria. Tinha trinta







e cinco anos e um desprezo silencioso pela humanidade. Nos últimos







dois anos então, a despeito de minhas boas intenções e qualidades, não







achava nada. Nem amores, nem amigos, nem trabalhos. Não na proporção







que tornasse-me menos triste. Ainda por cima tinha a pobreza como uma







carga, o que tornava- me mais vulnerável e nu as gentes. Já tinha







sofrido todo tipo de maldade de meus próprios parentes. Lembrava o







olhar de desprezo de uma tia . Que tinha feito? E a ríspidez humana?







Qual era a finalidade? E a falta de interesse e amor ao criador?







A covardia? Olhava as pessoas jogadas no chão e perguntava-se: quem é







o responsável? Odiava a brutalidade. Tremia a cada ato de







deselegância. Da mais grosseira a mais sutil, sobre tudo a







deselegância o incomodava. È feia a raça humana, concluía. Chegava a







sentir laivos de desprezo por Deus, por criar tal massa de famintos.







Era um Deus mesmo que criava tudo? Com esses pensamentos íntimos,







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bateu a grande porta do mosteiro. Um jovem Franciscano veio atendê-lo.







´´ Pois não, Senhor” “Procuro o Igor, o líder de Vocês.” “Ah, sim.







Pode entrar. Aproveita que estamos comemorando o aniversario de um dos







internos. Tomé.” J entrou e viu os franciscanos completamente







misturados ao pobres, mendigos, aleijados. Ficou impressionado com o







número de mutilados que viu: uns vinte. Todos homens. Um deles,







arrastando a cadeira, veio perguntar-lhe se queria uma fatia de bolo.







Aquilo o comoveu um pouco. Ao mesmo tempo ficou chocado com tanta







pobreza. Os banheiros eram coletivos e abertos. Foi vendo com Igor







outros internos. Havia em quase todos internos uma ferida, uma chaga







aberta. Muitos fumavam. J pensou que estaria aprendendo ali, naquele







lugar. “Igor, se importa de conversar comigo um pouco?” “Não, claro”.







“ Bem. Ouvi falar do trabalho de Voces , achei bonito, nobre, mas ando







com um questionamento profundo, uma angústia grande em relação a minha







fé. “ “Como assim?” “ Creio em Jesus. Mas não creio que o homem deva







ser salvo. Os homens são ruins. Não acho boa coisa salvar a







humanidade. Acho inútil. ” Igor olhou J de modo estranho... “ Você não







tem amor?” “Tenho. Esse é o problema. Não me falta amor. E aqui estou,







cheio de amor e sem nada, nem ninguém. Não aproveitaram meu amor. “







“Como dizia Francisco: o amor não é amado.” “Por que Voce faz esse







trabalho?” “Vocação, acho” “Pois é. Teve um tempo que até pensei em







ser padre, depois monge. Mas o mundo desviou-me. Hoje creio ainda na







mensagem, que Jesus é o Messias, mas não creio na salvação dos homens.







Eu não os salvaria. Igor, posso te pedir uma coisa? “ “Sim”. “Posso







dormir aqui?” Igor olhou em volta, pensou. “ Você não tem onde







dormir?” “Tenho. Mas não estou bem. Quero sentir essa experiência. “ J







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pensou na hesitação de Igor que até um mosteiro tem sua porção de







má-vontade. Será que ele vai mandar-me embora agora, alta noite? “Lá







em cima tem um saco de dormir sobrando. Boa noite.” J dirigiu-se a







parte superior do mosteiro, enquanto via aos poucos as luzes de baixo,







- onde ficava a maioria dos pobres e mutilados -, se apagando. Ali







estava ele, sem nada. Pedindo asilo aos pobres. Pensou abandonado







entre as cobertas se Deus não seria ou não queria apenas aquele







abandono, aquela pureza, aquela entrega ao nada infinito. Na manhã







seguinte, J olhou do parapeito do segundo andar e viu os monges







vestidos de Francisco misturados com os pobres, compondo um cenário







digno de idade média. Perguntou-se em que tempo se sentia. Ou estava.







Dirigiu-se ao refeitório, onde os cinco jovens monjes de não mais de







dezoito anos distribuíam-se nas tarefas. Igor já havia saído. Não era







santo nem pobre o suficiente para ficar. Levou dois monges ao ponto,







pagou a passagem de um deles e vinha olhando o mundo dos homens pela







janela. “Que tipo de soldado sem causa sou?” – ia pensando, enquanto







as paisagens sucediam-se entre prédios de concreto e fumaça negra.







19.10.2005







Inicialmente, Eu e Sara saíamos como amigos íntimos e falávamos muito







, ela me ligando até três vezes ao dia. Nos conhecemos através de uma







rede social no qual eu usava um codinome de Anjo e não havia minha







foto, apenas a do Anjo Roxo que “dizia se alimentar de prana”. Ela







estava na comunidade “Vivendo de Luz” e era, aparentemente, uma menina







grande e desengonçada, com um sorriso simpático e passou-me um







pensamento estranho que “ela nunca teria chance comigo”. Paguei caro







ter pensado isso. Pessoalmente, foi a mulher mais linda que já amei,







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com seus imensos cabelos castanhos, seus um metro e setenta e quatro







de um corpo absolutamente perfeito, branco e róseo que conheci e







beijei , cada centímetro, perdendo totalmente o controle de mim como







nunca antes. Quando dei por mim, estava apaixonado e já não me bastava







mais nossa relação de “amiguinhos”. Pedi então ,numa noite depois de







ter muito refletido o dia inteiro, que ela não me procurasse mais, nem







por telefone. E, nessa mesma noite, tive um pesadelo estranho, sem







entender o enredo e não consegui dormir. Fiquei intrigado. Pior mesmo,







foi que ,no dia seguinte, e nos outros mais três dias após esse







pesadelo, onde eu me sentia sendo “sacudido” por forças estranhas e







invisíveis,







parei misteriosamente de comer. Ela não parou de ligar-me, embora







havia dito que iria respeitar minha vontade, mas não respeitou, e tive







que aceitar a ajuda que oferecia-me, quatro dias ou cinco depois, pois







já não conseguia mais sair da cama. “Quem mandou pedir o divórcio”? ,







Ela brincava. Dias depois, começamos a namorar e tivemos de início







aquela felicidade inevitável: três dias sem sair da cama fazendo amor,







dvds, pipoca, banho juntos que ela me convidou a tomar dizendo que







marido e mulher tinham que ter intimidade, massagens, sorrisos, beijo







no ponto de ônibus, saudades na hora da separação, planos de







casamento, madrugadas em claro ao telefone e mais as promessas que ela







me fazia de que iríamos ficar muito tempo juntos, que ela sentia







claramente isso, que nosso caso duraria anos. Evidente que aquela







idéia de ficar para sempre perto dela era a mais feliz para mim. Eu a







amava mais que minha vida e fiz dela meu pedacinho de Deus. Porém,







logo começaram as chamas do inferno entre nós...







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Nessa busca em achar um caminho que fosse puro, que levasse-me de







verdade a manifestações do puro espírito de Deus, ingressei em várias







outras instituições e doutrinas, na esperança de formar uma síntese







iluminada de `O caminho" encontrar no "caminho". Meus estudos e







investigações levaram-me a descobrir uma corrente tradicional que não







pode ser maculada nem corrompida pelo elemento humano, pois é toda







guiada no Espírito Santo e sinais divinos; porém, como não tem sede







não é nada fácil, sequer, encontrar um membro da Tradição e fiquei







buscando durante anos um contato, além de pedir a Deus em minhas







preces. Anos de busca após, vi pelo google uma pessoa ligada ao







movimento comunhão e libertação da Igreja Católica disposta a dar







informações sobre o lado secreto e místico dos templários. Chamava-se







Miguel, da cidade de São José dos Campos, em São Paulo. Era professor







de cabala e palestrante. Deixava um email de contato e assim começamos







a conversar.







Na primeira vez que ficamos juntos como homem e mulher, ela chegou em







minha casa numa sexta feira a noite, com um vestido branco; por







telefone já tínhamos acertado que tentaríamos o romance. Ela







queixava-se do trânsito da Linha Vermelha e dizia que não gostava do







astral do Rio de Janeiro, não se habituava. "Deixa eu descansar um







pouco aqui no sofá", pediu depois de ir ao banheiro. Deitou-se e







fechou os olhos com a mão direita sobre a barriga. Alisei-a a mão e a







barriga lentamente e num impulso irresistível deflorando-me a timidez,







beijei-a ternamente, longamente, interminavelmente e podia sentir







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anjos e mais anjos sendo libertados nas cidades celestes, eu com o







gosto da lingua dela, felicidade infinita que eu ia sugando e ela me







dava, entregue e submissa. Após, seus olhos brilhavam e era estranho







ver a menininha no corpo daquele mulherão de um metro e setenta e







tantos. Quantos tons tem o azul? São vários e vários, incontáveis.







Nossas peças intimas, porém, eram exatamente do mesmo tom de azul,







como se tivéssemos comprados juntos, combinadamente no céu, como







apaixonados gémeos do amor. E houve aquela hora em que sentados de







frente um para o outro e nus fizemos o mesmo gesto, ao mesmo tempo,







como num espelho sagrado e ambos coramos, desconcertados e mais nus







ainda, na alma. "Ah, não acredito, não pode ser.", dizia-me intrigada.







Até o domingo a noite, quando ela foi embora, estivemos mergulhados na







descoberta de que podíamos ser tudo na vida um do outro, menos um







acaso. "Alguém nos energizou e nos uniu para ficarmos juntos" , ela







dizia, ciente de que estávamos vivendo no mundo dos dogmas e dos







arquétipos universais







 


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